Cassie
Me despeço de Vivian, e vou correndo para a minha aula de pintura avançada. Como todas as minhas aulas extracurriculares, eu odeio. Entro na última sala do corredor imenso de salas que no final leva ao imenso campo do colégio Vanderbilty. Sempre quis andar pelas beiradas do campo, onde os famosos coelhos brancos se escondem.
Entro na sala, vazia, e espero a aula começar. Depois de uns 5 minutos sem nenhum professor ou aluno entrar, começo a andar aleatoriamente pela sala, fuçando em alguns pinceis de pintura. Algumas pessoas passam pelo corredor e sei que me olham, mas não me importo.
Me apoio no parapeito de uma das enormes janelas que dão uma vista maravilhosa do gramado. Se as aulas de pintura avançada não tivessem algum tema específico em toda aula, eu com certeza pintaria essa vista.
Quando estou prestes a olhar para o relógio- 6 minutos de atraso - ouço um barulho. Já ouvi muitos choros animalescos antes - mentira, só estudei sobre- mas esse eu nunca ouvi. Não consigo descrever o som exatamente, mas era um som baixo e delicado.
Estava vindo de bem debaixo da janela. Dou uma rápida olhada para a porta. Nenhum sinal de ninguém ainda.
Ah, eu posso atrasar um pouquinho.
Saio da sala depois de verificar se não tinha ninguém nos corredores e corro para o campo. Sou atingida por rápida e maravilhosa sensação de liberdade enquanto estava correndo. O ar puro passa pelas minhas narinas e enche o meu pulmão.
Era como sentir que ninguém conseguiria me parar. Era como se eu estivesse deixando toda aquela confusão do colégio para trás.
Me dirijo para bem debaixo da janela rapidamente, ainda mais quando percebi que a professora acabara de chegar. Me ajoelho na grama e lá estava. Um lindo coelho preto e branco. Nunca vi desse tipo aqui. Todos dessa área são exclusivamente brancos.
Então, ele volta a emitir o barulhinho que ele estava emitindo que eu supús ser um choro. E eu tenho mais certeza ainda que é um choro quando percebo que uma de suas patinhas estavam presas no rosário, que por sinal, era cheio de espinhos.
Sinto uma onda de pânico e dó: Pânico por que ouvi a professora dizer que vai começar a aula, e dó pelo coelhinho com a sua patinha delicada sendo praticamente fincada por espinhos. Eu preciso voltar para a aula, mas eu não conseguirei ficar em paz sabendo que tive a chance de ajuda-lo e não ajudei.
Abro a minha mochila, agradecendo por ter trago ela junto e tiro a minha tesoura do meu estojo. Toco na lamina fria e sinto uma estranha sensação por estar tocando na tesoura sem estar com o nó na garganta que sempre sinto após usa-la. Em mim.
Corto um galho que estava me impedindo de chegar no galho que estava prendendo o pobre animal e logo depois, corto o mesmo.
O coelho não sai do lugar mesmo que já pudesse. Tomo coragem, e o pego em meio aos espinhos. Quando a minha mão envolve o seu corpinho frágil, percebo o quão magro o animal está. O coloco em cima da minha saia, já que eu estava sentada, e o acaricio o levemente.
- Calma, eu não vou te machucar. - Sussurro ao perceber o quanto ele estava assustado, tremendo.
Aos poucos, o seu tremor começar a sumir, e o seu coraçãozinho a diminuir a velocidade dos batimentos ao nível normal.
Preciso dar algo para ele comer...Cenoura! Penso em ir a cozinha rapidamente sem ser notada, pegar uma cenoura e algumas alfaces talvez e voltar para cá.
Mas preciso que ele continue aqui.
Quando percebo que já consegui acalma-lo, o tiro do meu colo e o coloco no chão.
- Fofinho, vou pegar algo para você comer. Mas preciso que fique aqui, ok?
Ele vira a cabecinha levemente e me observa curioso.
- Tá? Eu já volto. Fique bem paradinho.
Então engatilho até onde ninguém de dentro da sala possa me ver e corro para a cozinha. Um aluno ou outro me vê, mas, como sempre, não me importo.
Vou até a cozinha e quando estou prestes a entrar na cozinha:
- Senhorita Cassie Foss?
Me viro para trás lentamente montando um sorriso falso no rosto.
É a Sra. Coleman, a principal cozinheira do internato. E com certeza a mais chata.
- Olá, Sra. Coleman, como vai a senhora?
- O que está fazendo tentando entrar na cozinha? - Ela diz no seu tom ríspido de sempre.
- É que... eu... - Pensa em alguma coisa Cassie, pensa! - ...é que na minha aula de pintura nós estamos aprendendo como antigamente pintavam sem pinceis e tals... e eu só preciso pegar uma cenoura e uma alface, que vai ser repartido entre a turma toda e cada pedacinho vai servir como um tipo de pincel improvisado e...
- Ai chega, chega, chega! Pega logo o que você precisa.
Sorrio. Ainda bem que eu a conheço tempo suficiente para saber que ela não gosta de falação.
- Obrigada! - Digo me apressando para entrar na cozinha.
Entro e pego a primeira cenoura que vejo em cima do balcão, procuro as alfaces e pego uma folha. Quando saio da cozinha, ela está de braços cruzados me olhando com aquela cara de desconfiada dela de sempre. Me sinto um pouco nervosa a passar por ela mas então me lembro que ela olha para todos assim.
Vou para o corredor das salas e ando naturalmente até ela entrar pra cozinha por saber que ela estava me observando. Então corro para o meu coelhinho com uma alegria que nunca senti antes. A alegria de estar fazendo algo novo e empolgante, como, no meu caso, faltar a aula e cuidar de um coelhinho.
Ele estava no mesmo lugar que eu o deixei, quieto e balança um pouco o seu rabinho quando me vê. Não pensei que poderia amar alguém... quero dizer, um animal, tão rápido.
Sorrio enquanto o vejo roendo a cenoura que eu o dei. Penso em fazer uma casinha para ele para eu poder me encontrar novamente com ele amanha, mas a probabilidade de alguém destruir a casinha, sendo funcionário ou aluno, é muito grande. Então abro a minha mochila que escondi mais ou menos no meio das rosas e pego uma canetinha.
Escrevo C.V. com a canetinha roxa em uma parte branca do seu pelo para eu identifica-lo caso exista outros coelhos preto e brancos por aqui. Penso na possibilidade da tinta da caneta ser toxica para ele mas não me importo muito, já que o sinal já tocou.
Corro para o meio do corredor e no meio dos alunos e começo a andar naturalmente. Não observo nenhum cochicho. Ufa, parece que eu passei despercebida.
Me dou como vencida quando dou uma passadinha pela sala da minha mãe e não vejo nenhum sinal de "deduramento". Sorrio.
Mas o meu sorriso se desmonta ao ver a minha professora de pintura avançada saindo da sala de minha mãe. E para piorar, ouço nas caixas de som um:
- Cassie Vanderbilty. Na sala da diretora. Agora!
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The Vanderbilty Academy
FanficCassie Vanderbilty, estuda no colégio interno " Vanderbilty Academy", onde a sua mãe é a diretora e a sua avó, a fundadora. Ela passa muita pressão por parte de sua mãe, que a faz honrar a sua avó e sua jornada, obrigando a garota a fazer diversas t...