Capítulo 12

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Cassie

Acho que agora as coisas estão finalmente funcionando para mim. Tenho oficialmente uma amiga! E Chase. Ele não é meu amigo. Nem meu colega, porque eu não gosto dele. Tá mais para eu odiar ele. 

Enfim, isso não importa agora. 

Estou almoçando agora, fazendo caretas para Stacie, que continua almoçando com a panelinha de Amber, mas estou bem com isso. Ela me disse que está saindo aos poucos do grupinho de lá, para as meninas não ficarem com raiva e nem desconfiadas. Entendo o lado dela, a Amber com raiva deve ser insuportável, ainda mais que ela já é insuportável naturalmente. Mas Chase não entende isso. Ele chamou a Stacie de "mentirosa duas caras" quando contei isso a ele. Ai ai... nem todo mundo tem a mesma maturidade e empatia como eu. 

- Dá para parar com isso? - Diz Chase com a cara emburrada de sempre.

- Parar com o que?

- Essas caras feias que você esta fazendo para a mentirosa. Você está tirando o meu apetite.

Reviro os olhos. 

- Primeiro, não chame ela de mentirosa. Segundo, você pode sair da mesa quando quiser.

Ele revira os olhos.

- Eu cheguei aqui primeiro e...

Ele continuaria a falar, se algo atrás de mim não tivesse chamado tanto a atenção dele. A face de Chase fica mais séria .

Olho para trás com curiosidade e meus olhos se encontram com aqueles olhos frios e rígidos. 

Minha mãe.

- Boa tarde, Chase. - Chase devolve o cumprimento com a cabeça, com uma expressão de indiferença. - Cassie, desde de que você foi para aquele dormitório, eu não fiz nenhuma vistoria lá ainda. - Boa tarde para você tamb... espera. Flocos. - Vou fazer uma agora. Não tenho a cópia da chave ainda, então não fui lá sozinha por conta disso. Me dê a sua chave. 

Meu corpo gela. Merda, o Flocos. 

Chase lança um rápido olhar para mim. Não preciso ser uma telepata para saber que ele está pensando em Flocos também. Ele demostra uma leve surpresa, mas aposto que a minha é bem mais escandalosa. 

O que faço agora? Meu cérebro analisa rapidamente as opções e odeio que todas elas levem a minha mãe achando meu coelho. Tenho que entregar a chave e ir até o dormitório com ela.   

Não posso fazer isso, é praticamente suicídio! 

Levanto mais calmamente possível da mesa, ignorando o fato dela ter me pedido só a chave, e não para ir com ela, e lanço um olhar suplicante para Chase, que só me fita com a expressão neutra.

Com as minhas pernas bambas, ando pelo corredor imenso que parece cada vez menor a cada passo que dou. Quanto mais eu chego perto da área dos dormitórios, mais as minhas mãos suam. 5 passos para o meu fim. 4 passos...3...2...

-AAAI! - O grito faz eco no corredor vazio. 

Nos duas olhamos rapidamente para trás e nos deparamos com Chase no chão segurando o seu joelho. Minha mãe corre até ele e se ajoelha no chão perguntando o que aconteceu, e eu, paraliso ao lado da porta do meu quarto. 

Minha mãe se levanta e vai correndo até o andar de cima, onde fica a enfermaria- o que é meio idiota já que alguém com a perna machucada não conseguiria subir aquela escadaria toda.

Continuo meio paralisada entre ir ajudar Chase - não acredito que pensei nessa possibilidade- e entre entrar no meu dormitório e tirar Flocos mais rápido possível de lá.

Antes que eu tomasse uma decisão, Chase, ainda sentado segurando o próprio joelho, inclina a cabeça para o lado repetidas vezes indicando a escada em que minha mãe subiu, e na minha perceptiva, o meu quarto. 

Então só depois eu entendo que Chase não se machucou de verdade, ele está encenando! Não perco tempo pensando em como essa atitude foi legal e como Chase me ajudou - Loucura, né? Nunca pensei que iria usar "Chase" e "ajudou" na mesma frase - e já abro o quarto, tiro Flocos de dentro da minha sapateira depois de um rápido desespero procurando ele e o coloco em uma mochila aleatória rapidamente. 

Saio do cómodo e meu corpo gela ao ver a minha mãe descendo da escada junto a enfermeira no mesmo instante. As duas rapidamente se dirigem a Chase, que se levanta em uma perna só falsamente e vai "mancando" até a escadaria que leva ao segundo andar. 

Antes de subir o primeiro degrau, acompanhado da enfermeira, ele olha pra mim e pisca.

Por que as mãos dele em minha cintura estão novamente em minha mente?

Antes que eu possa perceber que estou corada, minha mãe me puxa para a realidade bruscamente mandando eu abrir a porta. Ainda estou com a mochila em minha mão enquanto abro a porta.  

Minha mãe entra em meu quarto e começa a abrir todos os armários, gavetas, abre todas as roupas de cama pela facilidade de guardar coisas entre elas, olha em baixo da cama e etc. Eu sei que ela é minha mãe, mas isso é meio doentio. 

Enquanto a observo abrir cada livro de minha estante, Chase passa correndo descendo a escada e para em minha frente silenciosamente quando percebe que minha mãe ainda está na sua vistoria. 

- Cadê o Flocos? - Articula ele, sem som. 

Dou a minha mochila -que por um milagre a minha mamaezinha não viu- a ele, que corre para seu dormitório. 

Depois de uns 10 minutos, minha mãe finalmente sai de meu quarto, com a cara rígida de sempre dela, e diz:

- Vá para as suas próximas aulas. 

E vai andando em direção, acredito, a sua sala, com o seu salto batendo no piso de madeira. 

Respiro fundo, aliviada, que aquilo finalmente acabou. 

Penso em buscar Flocos no mesmo momento, mas acho melhor não, não duvido que ela volte enquanto eu não estiver. Olho pensativa para o dormitório 202, onde Chase se aloja. Ele não é a pessoa mais confiável que conheço, mas também é a única pessoa que sabe, que teve a chance de contar e não contou. Tem Stacie também, mas é melhor eu não confiar nela a ela coisas desse tipo. Coisas do tipo capazes de me dar uma boa bronca e uma expulsão.

Temos 4 horários de aulas extracurriculares, e hoje, sei que Chase só tem duas aulas, que são as últimas, então na troca de professores, posso pegar meu coelhinho de volta, antes de suas aulas começarem. 

O sinal toca, e vou para a minha aula de história. Avançada. 

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