Capítulo 5: Segundas Ordens

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O homem parecia ter acabado de sair de uma guerra. A capa toda chamuscada e coberta de poeira. Machucados eram visíveis em seu rosto, braços e pernas. Algumas partes das suas costas estavam molhadas e partes de sua roupa rasgada.

Após dizer que viera em paz, Gabriel e Luísa se acalmaram e deixaram o homem adentrar na casa. Maria Eduarda ainda estava confusa sobre o que seriam as referidas "segundas ordens", mas timída e desconfiada não perguntou nada.

- Não quer tomar um banho, trocar de roupa e tratar esses machucados?; Perguntou Gabriel.

- Não se preocupem com isto.; Disse ele. Puxou a varinha do bolso da capa e fez um movimento com ela, um giro. Na mesma hora sua roupa mudou para outra capa completamente normal, sem rasgos e estragos.

- Sobre os machucados, eu trato depois com uma poção limpa-ferida.; Disse ele como se fosse alguma coisa completamente normal e cotidiano de se dizer.; Então esta deve ser Maria Eduarda.; Virou-se para Maria Eduarda.

- Eu te conheço?; Perguntou ela. Ela não teria dito isso em outra situação, era uma falta de modos, mas devido a situação de desconfiança e confusão, o fez.

- Maria Eduarda dos Santos Torres! E a educação?; Luísa puxou-lhe a atenção.

O homem não tirou o sorriso do rosto e não se desanimou ou se abalou com a reação da garota. Parecia estar acostumado a lidar com essas situações e não culpava a garota pela resposta sem pensar.

- Não há problema, está tudo bem. Prazer, meu nome é Diego Souza!; Disse ele, estendendo a mão para a menina. Ela apertou-lhe a mão.

- Antes que eu me esqueça, feliz aniversário! Na correria dos últimos dias, só lembrei disso chegando aqui. É um presente simples mas útil.; Disse-lhe entregando um livro intulado "Primeiros Socorros do Mundo Bruxo por Maria Aguiar".

- Me disseram que gostava de ler, então aproveitei e trouxe algo útil e necessário. Ainda mais nos últimos catorze anos...

- O que aconteceu nos últimos catorze anos? E porque está escrito "mundo bruxo"?; Perguntou a mais nova na sala.

Diego olhou para os pais dela, com o início de um desapontamento no olhar.

- Não contaram nada à ela?

- Era para o bem dela. Como iríamos dizer? O que ela iria pensar? E também aquele sujeito que veio aqui não nos explicou nada direito!; Respondeu-o Luísa, começando a se exaltar.

- Está bem, calma. Tenho certeza que foram bons pais e tudo o que fizeram foi zelando o bem estar dela. Eu faço a explicação do que aconteceu.; Disse ele controlando a situação.

Ele se sentou no sofá se preparando para como contar as explicações. Maria Eduarda estava confusa mas curiosa e ansiosa.

- Com certeza você já deve ter percebido que às vezes quando está com raiva, ou se sente ameaçada com alguma coisa, você pode fazer coisas incomuns, correto?; Maria Eduarda assentiu.

"Então, você não é a única que faz isso. Quero dizer, pelo menos no nosso mundo. Algumas pessoas nascem com esse dom diferente, é o sangue mágico. Ou seja, você é uma de nós Maria Eduarda. Você é uma bruxa."

Primeiramente Maria Eduarda não sabia se aquilo era um elogio ou uma ofensa.

- Uma o quê?; Perguntou ela ainda confusa e incrédula.

- Uma bruxa. Não se deixe levar pela mitologia trouxa.

- Trouxa?; Perguntou Maria Eduarda.

- Eu já tô ficando confuso.; Disse Gabriel.

Castelobruxo Vol 1: A Magia ElementarOnde histórias criam vida. Descubra agora