Capítulo 11

2K 160 55
                                    

Ainda envolvida pelo sorriso intimista que parecia iluminar o rosto anguloso, Faith desistiu de acompanhar o humor do padre. Estava convicta de que o entendera, então somente aceitaria o que ele estivesse disposto a dar. Jonathan apenas se defendia dela e estava claro que sempre se afastaria quando se sentisse ameaçado. Contudo, mesmo fugindo como um animal assustado, ele era curioso e, pouco a pouco, viria até ela. E se renderia um dia, pensou esperançosa.

– O que é engraçado? – Jonathan perguntou, indicando que também a observava ao flagrá-la rindo satisfeita para as casas que passavam rápidas pela janela. Mais um ponto a seu favor, Faith pensou agora sorrindo abertamente.

– Nada! – disse ao encará-lo. – Dias bonitos me deixam feliz!

– E hoje está um dia bonito – ele comentou, olhando para o céu a sua frente.

– Hoje está um dia perfeito! – ela corrigiu, olhando para ele. Quando Jonathan subitamente olhou em sua direção e viu seu olhar enlevado, Faith pigarreou e apontou em frente. – Vire ali e estacione.

Atendendo-a, Jonathan contornou a esquina e estacionou ao lado de um grande galpão. Estavam nos arredores da vila. O espaço à sua frente indicava que as casas de Sin Bay foram construídas numa área em formato de meia lua e que agora eles estavam em uma de suas pontas. A rua não tinha saída, somente a grande construção de um lado, o vasto jardim e uma casa isolada no canto oposto. A floresta que se seguia além dava um toque bucólico e mágico ao local. Apesar do cheiro acentuado de maresia, era perfeito.

– E então? – Faith perguntou, seguindo seu olhar através do para-brisa.

– É o lugar ideal! – ele disse antes de abrir a porta do jipe e sair. Faith saiu logo depois dele e se pôs ao seu lado diante do veículo.

– Imaginei que gostaria... Não sei por que eu ou Nick não pensamos nisso antes. Não será nem preciso emprestar as cadeiras e mesas da Grace. Podemos usar as da cooperativa. Estão todas aí no galpão.

– Podemos ver? – Jonathan estava encantado pelo local.

– Vou pedir as chaves para Netty, a esposa de Harry Owen. Espere aqui.

Dito isso ela se precipitou em direção à casa de madeira com a pintura branca descascadas em alguns pontos. Enquanto lhe seguia com o olhar, Jonathan tentou não se deixar abater pelo efeito que um simples balançar de cabelo lhe provocava. Como resistiria? Ainda procurava a resposta quando a viu sair da casa na companhia de outra mulher. Lembrou-se dela da missa, mas se o perguntassem não conseguiria se lembrar do nome. O sabia agora, pois Faith o disse antes de deixá-lo então, quando as duas se acercaram dele, cumprimentou seguro:

– Bom dia, Sra. Owen!

– O senhor se lembra! – a mulher comentou enlevada. – Bom dia para o senhor também, padre. Sua bênção. – Depois de abençoá-la ouviu a mulher dizer. – Pode me chamar de Netty, como todos.

– Já estou com as chaves, vamos? – Faith o chamou.

– Vamos... – Jonathan indicou o caminho para que as duas fossem à sua frente, passando a observar o terreno em volta.

Sem dúvida o piquenique seria mais bem acomodado naquele jardim de grama verde; bem cuidada. Em poucas passadas estavam às portas do grande galpão. Depois de Faith as abrir, os três entraram no espaço mal iluminado. Netty se encarregou de acender as luzes de três grandes luminárias com lâmpadas fluorescentes que ficavam presas nas madeiras de sustentação do telhado.

Como a moça dissera, Jonathan pode ver as mesas e cadeiras dispostas a um canto. Notou também as portas dos banheiros e no lado oposto o que lhe pareceu uma cozinha que podia ser vista através da abertura na parede que formava um balcão. Imediatamente a curiosidade o tomou.

Enigma - Segredos & Mentiras [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora