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Passados dois dias, Cellbit voltou a atormentar Roier. Embora menos intenso do que antes, ainda causava dor a Roier. Enquanto caminhava para casa, ele sentiu alguém segurar firmemente seu braço.

— Você deveria ter ficado quieto... agora não é só o seu braço que vai sofrer — disse Cellbit, tampando a boca de Roier com a mão.

O coração de Roier disparou. A ansiedade e o medo se misturaram em um turbilhão dentro dele. Cellbit puxou Roier, vendou seus olhos com um pano áspero e o arrastou por várias ruas até um beco escuro. O som dos passos ecoava pelas paredes estreitas, aumentando a sensação de pavor.

Quando finalmente o soltou, Roier sentiu que aquele poderia ser seu fim. O lugar estava meio escuro, e ele mal conseguia enxergar através da venda. Cellbit o deixou ali, sentado no chão frio e sujo, sem rumo e sem saber onde estava.

— Por favor... não... — sussurrou Roier, com a voz fraca, triste e desesperada. Ele não ouviu nenhuma resposta, apenas o silêncio opressor do beco. A dor emocional e física se misturavam, tornando o sofrimento quase insuportável.

Cellbit queria ouvir tudo o que Roier iria dizer, mas não tinha a intenção de soltá-lo tão cedo. O mexicano sentiu seu coração doer ainda mais; desesperado, ele gritou por ajuda, mas sua voz parecia um sussurro distante.

Roier chorava ali, sozinho, sem ninguém para consolá-lo. Ele passou tanto tempo isolado e sem amigos, questionando-se se essa era realmente a vida que lhe cabia. Mal tinha vivido e já se encontrava à beira da morte, sem pais que o amassem... sem ninguém.

— Por que a vida é tão difícil assim... Um dia você quer ser amado e, no outro, você é morto. Quem eu quero enganar? Eu não tenho valor algum — Roier se lamentou, chorando e rindo sutilmente. Ele estava no pico de sua loucura, sua mente oscilando entre o desespero e a resignação.

— Porra, "insanidade" descreve sua cena deplorável tão bem — riu Cellbit, retirando a venda de Roier, que tremeu. O loiro estava tão próximo de seu rosto que Roier podia sentir sua respiração.

— Você não vai me matar? — perguntou Roier, vendo Cellbit rir da pergunta. O loiro parecia adorar aquilo em Roier, o medo que ele sentia, só alimentou mais a mente de Cellbit.

— Você é tão inocente... — Cellbit acariciou o rosto de Roier que estava tão vermelho e confuso. — Porra, você me deixa louco, esse olhar de cão abandonado. Me dá mais vontade de bater em você... — ele deu um soco em Roier que choramingou sentindo aquela dor imensa. — Tão fofo como... como... porra — Cellbit viu as lágrimas caírem, mas dessa vez Roier não pedia por ajuda, algo diferente estava acontecendo.

Roier limpou suas lágrimas ao sentir Cellbit o abraçando, foi como um susto. Suas mãos trêmulas abraçaram Cellbit de volta. Algo dentro de Cellbit fraquejou, ele percebeu que Roier não pedia mais por ajuda, nessa altura ele estava ficando fraco e percebendo que nada iria fazer Cellbit parar. Era melhor aceitar do que manter essa esperança.

— Isso é horrível... parece que agulhas estão perfurando minhas costas, era como se ele estivesse guardando algo tão pesado... eu só queria tirar suas roupas e sentir nossas peles uma contra a outra... tirar esses pensamentos ruins de sua cabeça — pensou Cellbit.

— Suas lágrimas são inúteis, mas você não precisa disso, você entendeu muito bem o que é estar em seu lugar, certo? — Cellbit acariciou a cabeça de Roier que concordou com a voz trêmula e cansada. — Você viveu tanta coisa... me diz, seu pai é um homem ruim? Ou a sua mãe? — perguntou Cellbit acariciando Roier que mal prestava atenção.

— Meu tio... algumas coisas aconteceram quando eu era mais novo... — Roier travou em suas palavras e deixou uma lágrima cair. Cellbit limpou a lágrima e deu um beijo na testa do menor e continuou o abraçando.

— Ele chegou a machucar você? — perguntou Cellbit vendo Roier negar, ele olhou para Roier nos olhos. — Ele tocou você? — o loiro perguntou novamente tentando não ser indelicado, mas ele queria entender Roier. O menor escondeu a cabeça no peito de Cellbit e chorou, ele soluçava alto e abafado. — Isso foi errado de perguntar...eh... — Cellbit não sabia como pedir perdão.

— Sem problema — Roier limpou as lágrimas e tentou conter o choro enquanto Cellbit o abraçava fortemente. — Por que isso de repente? — perguntou o menor sentido Cellbit lhe dar um leve beliscão.

— Sem perguntas idiotas... você só vai responder quando eu pedir... — Cellbit falou no ouvido de Roier que ficou com medo, mas o abraço parecia apertar mais.

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