Flutuar

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Era um tapete, o tapete voador. Ele se movia tão livremente. Ele se movia tão intensamente. Bastava um instante de calmaria fingida, bastava um silêncio que lhe fosse incômodo. Deitado, em descanso, tuas cores atraíam as almas ambulantes. Surpreendido era o desavisado. O tapete flutuante era desagradável, pois sobre o tapete o corpo afundava.

"Erga, se levanta. Você cairá. Você morrerá. Não se pegue desprevenido. O tapete é traiçoeiro.", imaginava o corpo inteiro. "O tapete nos engana.", era tudo o que a mente clama.

E sobre o tapete era sempre do mesmo jeito: o peso afundava e o tapete não aguentava. Mas um dia, enfim, o corpo se acalmou, a mente abraçou a presença do tapete voador. Não era inimigo. Não era traiçoeiro. Apenas queria acolher o corpo inteiro.

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