O set estava montado como um verdadeiro escritório, cada detalhe meticulosamente arranjado para refletir o local de trabalho no estúdio de dança que Luiza compartilhava na história. Hoje, a cena era mais íntima, um reencontro após uma longa separação. Eu observava de longe enquanto Natalie dava as últimas instruções à Buiar.
— Lembre-se, Valentina está com saudades. Ela comanda a cena com um desejo reprimido que finalmente vai se manifestar. É sensual, mas também emocional. Tudo bem? Você está pronta?
Buiar assentiu com confiança, sua postura refletindo a força de Valentina.
— Qual câmera vou seguir? — ela perguntou.
— A da direita. Vai te acompanhar o tempo todo, — Natalie respondeu, apontando para o câmera que já se posicionava.
Era impossível não sentir orgulho do profissionalismo da minha parceira, sempre muito preocupada com todos os detalhes, com o áudio, enquadramento, movimentação.
Enquanto a equipe técnica fazia os últimos ajustes de som, Mona se aproximou de mim para retocar minha maquiagem.
— Nervosa? — ela murmurou, aplicando um pó translúcido suavemente no meu rosto.
— Um pouco, — confessei, olhando através do espelho para Buiar, que discutia algo sobre a sequência com Natalie. — É uma cena importante.
— E vocês duas têm uma química incrível. Vai ser ótimo, você vai ver, — Mona incentivou, dando um último retoque nos meus lábios antes de recuar para avaliar seu trabalho.
— Estamos prontos aqui, — Natalie anunciou, olhando para nós duas. — Silêncio no set!
O silêncio caiu como um véu, e todos os olhos estavam agora voltados para nós duas. O coração batia acelerado no meu peito enquanto eu tomava minha posição inicial.
Buiar se aproximou, seu olhar fixo no meu. Ela tocou meu ombro levemente, um gesto íntimo que deveria ser de Valentina para Luiza, mas que arrepiou minha pele sob o tecido fino da blusa.
— Pronta para matar a saudade? — ela sussurrou, seu hálito quente contra minha orelha.
Engoli em seco, forçando um sorriso. — Pronta.
— Áudio? Câmera? Vamos rodar! — Natalie comandou.
Ao som da claquete, Buiar se transformou completamente em Valentina. Seus olhos, normalmente gentis, agora ardiam com uma paixão contida. Ela me puxou para perto, seus lábios encontrando meu pescoço com uma familiaridade que fez meu coração saltar. As mãos de Buiar, ou melhor, de Valentina, deslizavam pelo meu corpo com propriedade, cada toque reacendendo memórias das cenas anteriores que tínhamos gravado. Ela me guiou até a borda da mesa do meu escritório, suas mãos explorando sob minha blusa, despertando cada terminação nervosa à sua passagem.
Meu roteiro mental se evaporou, substituído por uma crescente neblina de desejo que embaçava minha separação entre real e encenado. A intensidade do olhar de Buiar sobre mim, a forma como sua boca explorava minha pele, trazia um realismo à cena que transcendia a atuação.
— Você me deixa louca, — murmurei, parte roteiro, parte confissão.
Buiar sorriu, um sorriso que carregava um segredo compartilhado apenas entre Valentina e Luiza. Ela voltou a me beijar, desta vez com uma urgência que fez meus músculos se contraírem em antecipação. Ela poderia fazer o que quisesse comigo.
E eu? Eu queria beijá-la inteira. Confessar todos os meus segredos. Implorar que me amasse de volta.
Senti minha excitação crescendo no baixo ventre. Eu estava completamente molhada agora. Não. Luiza estava. Segurei os cabelos de Valentina com um pouco mais de força e fiz com que ela me encarasse. Ela sorriu e voltou a beijar meus lábios.
Minhas mãos foram para o seu rosto e ela prontamente beijou meus dedos. Desci meu toque para seu pescoço, seios, cintura, suas costas... Ela mordeu meu lábio inferior e então veio deslizando com os seus. Descendo. Descendo cada vez mais. Colocou-se entre minhas pernas e beijou minhas coxas. Eu gemi com a proximidade. Ela simulou sexo oral comigo, e eu segurei seus cabelos, implorando silenciosamente por um avanço que nunca viria.
Joguei meu corpo para trás em um autocontrole que nem eu sabia que tinha. Eu queria rebolar em sua boca, me esfregar inteira em seu corpo. Senti-la estremecer nos meus braços. Eu precisava apertar, arranhar, precisava sentir o gosto do seu prazer. Eu queria Priscila Buiar só para mim.
Quando Natalie finalmente gritou "Corta!", eu mal conseguia respirar. Buiar se afastou ligeiramente, seus olhos ainda presos nos meus.
— Foi incrível, — ela disse, sua voz baixa e rouca. Seus lábios vermelhos após serem maltratados pelos meus.
Eu só consegui assentir, ainda acorrentada ao momento, ao sentimento que insistia em me lembrar que, apesar das câmeras desligadas, algo dentro de mim ainda gravava cada segundo ao lado dela.
— Eu te amo — murmurei.
— Eu também te amo, amiga.
Aquele "amiga" fez meu estômago revirar. Ela me abraçou e eu afaguei seus cabelos, respirando fundo. Embora ela não soubesse a natureza do meu amor, sabia que havia amor. E sabia, eu sei que sabia, que eu estava ali para ela.
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INFINITIVO PARTICULAR | VALU • STUPID WIFE
أدب الهواةEm "Infinitivo Particular", as vidas de Priscila Reis e Priscila Buiar se entrelaçam de maneiras inesperadas nas acolhedoras montanhas da serra de Itaipava, cenário da terceira temporada da aclamada websérie "Stupid Wife". Interpretando Valentina e...