AFOGAR

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Nos dias seguintes à minha confissão, senti como se estivesse andando sobre uma corda bamba. Cada encontro com Buiar carregava uma intensidade que eu lutava para controlar. A atmosfera no set havia mudado para mim; os momentos compartilhados, antes cheios de risadas e conversas leves, agora pareciam densos e carregados de palavras não ditas, com olhares que duravam um pouco menos do que o necessário.

Natalie, sempre perceptiva, notou a mudança e me chamou de lado uma tarde.

— Reis, eu preciso ser honesta com você, — ela começou, com um tom sério e direto. — Eu e a Buiar ouvimos sua conversa com Pugliese. Seu microfone estava aberto e sincronizado no sistema de áudio.

Meu coração disparou.

— Oh, — foi tudo que consegui dizer, um misto de desespero e terror inundando meu peito.

— Eu sei que isso pode ser constrangedor, mas quero que saiba que estamos aqui para apoiá-la, — Natalie continuou, tentando amenizar o choque com sua voz suave. — Não queremos que isso afete seu trabalho ou seu bem-estar aqui.

Assenti, engolindo em seco.

— Obrigada, Nat. Eu... não sei o que dizer.

— Não precisa dizer nada. Só quero que se sinta segura.

— E a Buiar...?

— Ela não disse nada. Preferiu não compartilhar, mas ela ficou surpresa, sim.

— Eu estou me sentindo como uma adolescente. Como pude deixar que isso acontecesse?

— Assim como Luiza, não é? Está tudo bem. É normal.



De volta ao trabalho, cada cena com Buiar se tornava um desafio. Ela, por sua vez, se comportava com a mesma profissionalidade de sempre, mas havia uma nova cautela em seus gestos, um cuidado que não estava presente antes.

Ela não me procurou para conversarmos e, honestamente, agradecia por isso. Eu a amava e ela não me amava de volta. Era melhor assim. Não queria colocá-la em uma posição desconfortável. Éramos ótimas atuando juntas e, para mim, estava tudo bem que esse amor ficasse apenas nas telas.

— Esta cena é sobre vulnerabilidade e conexão, — Natalie explicou, enquanto a equipe ajustava a iluminação suave que preencheria o quarto. — Há uma leveza, mas também uma profundidade nas suas interações. Quero que explorem isso.

— Você está pronta? — Buiar perguntou, olhando firmemente em meus olhos.

— Estou um pouco nervosa...

A intérprete de Valentina pegou meus dedos e deu um beijo neles, um gesto de apoio e confiança, dizendo que tudo ficaria bem.

Quando as câmeras começaram a rodar, Buiar se aproximou com uma confiança que contrastava com a tensão que ambas sentíamos. A cena começava com Valentina massageando Luiza após um dia longo, cheio de flertes. As mãos de Buiar eram firmes e cada toque parecia queimar minha pele através do tecido fino da camisola.

A câmera capturou minha expressão de desejo quando Valentina beijou meu pescoço, a nuca e desceu pelas minhas costas. Virei para encará-la, nossos olhares se encontrando em um gesto que falava mais do que qualquer diálogo poderia expressar.

Conforme a cena avançava, Valentina explorava cada vez mais o corpo de Luiza. Desceu lentamente até a minha clavícula, seios, costelas... Uma tensão palpável que estava me levando ao limite.

Ela desceu pela minha barriga, arranhando minhas coxas. Senti uma mordida na cintura e uma trilha de beijos de volta até os meus lábios. Eu sorria enquanto gemia em sua boca e percebi, por um minuto infinitesimal, que era Buiar que estava ali comigo.

Completamente excitada, a lingerie molhada denunciava o meu desejo crescente. Meus olhos faiscavam e, para minha surpresa, os dela também.

Buiar me beijou novamente, mesmo após o "Corta" de Natalie. Ela continuou. Segurando meu rosto com as mãos e aprofundando o nosso beijo, pela primeira vez, senti a sua língua em minha boca, com um toque firme e dominante que eu não conhecia antes.

Ouvi Natalie instruir a equipe de câmeras para nos deixar a sós. A voz deles era apenas um sussurro abafado que não me interessava. O som do trilho da porta se fechando foi exatamente o que eu precisava para remover meu sutiã.

Buiar sorriu antes de beijar meus seios e eu me contorci sob seu toque. Brinquei com o elástico da sua calcinha, sentindo a umidade e a entrega dela refletirem o que eu também queria.

Lembrei de uma história que ouvi sobre Natalie Portman e Mila Kunis durante as filmagens de Cisne Negro. Elas continuaram uma cena de sexo mesmo após o corte do diretor, tamanha era a conexão entre elas, permanecendo juntas no set e seguindo a intensidade que havia surgido. Exatamente como nós duas agora.

Era como se uma liberdade poética se manifestasse naquele momento, sussurrada de forma inaudível por Buiar, que parecia me pedir permissão com seus olhos. Inclinei o corpo e afastei minhas pernas, e com todo desejo transbordando em suas expressões, minha amante beijou delicadamente onde eu ansiava pelo seu toque. Sua língua percorreu cada parte de mim com uma dominância confiante que correspondia exatamente ao que eu havia imaginado.

Ela me estimulava com intensidade e eu respondia com palavras desconexas. Segurei seus cabelos, puxando-a cada vez mais para perto de mim. Ao mesmo tempo, suas mãos exploravam meu corpo sem parar, apertando a parte interna das minhas coxas de forma quase desesperada. Sorri ao pensar que poderia ter problemas com a produção da série se alguma marca ficasse visível.

Senti seu dedo aprofundando em mim e meu gemido saiu mais alto dessa vez. Enquanto me chupava, ela também me penetrava com um ritmo forte e lento, acompanhando o movimento do meu quadril.

— Mais... um — pedi, e ela sorriu antes de me obedecer. Essa era a minha primeira vez com uma mulher e eu simplesmente sabia o que fazer.

Senti os dois dedos de Buiar dentro de mim e eu os apertei com força. Estava tão molhada que eles deslizavam com facilidade. Buiar conhecia meu corpo de forma íntima, depois de meses aprendendo como eu gosto dos toques e carinhos. Mas como ela poderia me foder tão bem, se nunca havia feito isso antes?

— Não pare... Eu vou...

Agarrei com força os lençóis da cama. Ela estava me deixando louca e sabia exatamente disso. Seus olhos cinzentos se fixaram nos meus enquanto ainda me sugava. Aquilo ultrapassou o meu limite. Não havia retorno. Eles eram o meu ponto fraco e eu me afundei na profundidade daquele brilho, perdida. Afogada.

INFINITIVO PARTICULAR | VALU • STUPID WIFEOnde histórias criam vida. Descubra agora