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LINA

Converso um pouco com os jogadores e não posso negar, eles são totalmente receptivos comigo e animados, assim como Abel disse que eles seriam. Não demora muito até eles começarem a treinar e é então que eu entro em ação com a minha câmera. Tiro foto dos jogadores treinando, conversando entre si e fotos individuais.

Quando estou com a minha câmera, essa é minha parte favorita do dia.

Fotografar não é exatamente um sentimento, mas pode evocar emoções como alegria, nostalgia, tristeza ou satisfação, dependendo do contexto e do que estamos fotografando, e isso traz um sentimento. Você captura coisas lindas com a lente. Cada momento é único, mas pode ser eternizado, e eu amo isso, esse sentimento.

── Ei, Lina! ─ ouço alguém me chamar e tiro a atenção da câmera, observando Estevão.

── Oi?

── Quando for tirar uma foto minha, meu melhor ângulo é esse! ─ ele brinca rindo e faz uma pose.

── Vou me lembrar disso. ─ falo dando risada.

Aproveito para tirar uma foto dele e balanço a cabeça, ainda rindo e paro pra ver o resultado, voltando ao trabalho em seguida, até alguém passar na minha frente, atrapalhando a foto.

── Serio?! ─ bufo encarando Richard. ─ você está na minha frente.

── Você tá no meio do caminho. ─ ele aponta me olhando.

── E você não pode pedir licença? ─ arqueio a sobrancelha, colocando a mão no quadril.

Ele me encara, até ser chamado por Abel e se afasta novamente, me deixando tirar minhas fotos.

Apesar de querer, não podia ignorar ou me negar a tirar fotos dele. Aponto minha câmera em sua direção, o observando conversar com Abel que está dando instrução sobre uma jogada, ajeito minha câmera e espero alguns segundos até focar no colombiano, que olha em minha direção quando tiro a foto.

Continuo o trabalho tranquilamente após isso, tirando foto e conversando algumas vezes com os caras do time, eles são divertidos, e já havia notado que Richard era a alma de criança do time. Tiro uma foto do time reunido com Abel em uma reunião rapida e logo vou fazer minha pausa pra tomar água. 

Vou até o balcão com algumas garrafinhas e copos de água, encontrando Piquerez e Richard conversando, dou um sorriso rápido para os dois e pego uma garrafinha, não querendo atrapalhar a conversa. Até perceber que eles estão falando em outro idioma.

Espanhol, minha lingua materna.

Abro a garrafinha antes de sair, mas paro ao ouvir o que Richard diz para o amigo dele. Ele só pode estar de brincadeira.

── Ríos, você acabou de me chamar de chata e atrapalhada em espanhol, é isso mesmo? ─ pergunto emburrada, me virando para o encarar.

Piquerez me encara e depois encara Richard, como se quisesse ir.

── Era de outra pessoa! ─ Piquerez me encara.

── Eu entendi bem o que ele estava falando, e ele ficou me olhando quando eu cheguei! —falo encarando dois, levando meu olhar até o colombiano.

── E você acha bonito prestar atenção na conversa alheia?─ ele resmunga cruzando os braços.

Eu o encaro indignada.

── Você acabou de me conhecer pra me chamar de chata, Ríos! — me aproximo dele.

Atrapalhada posso até ser, as vezes, agora chata? E quem ele pensa que é?!

── Mentira, você foi atrapalhada no corredor do prédio hoje! Andando com a caixa quase na cara, ia cair e se quebrar toda. ─ ele acaba com a distância entre nós dois ao se aproximar.

── Eu ia cair e me quebrar toda se dependesse de você passando igual furacão. ─ arqueio a sobrancelha.

── Eu pedi desculpas! ─ ele me encara.

── Me perdi no meio do assunto, do que vocês estão falando? — ouço a voz de Piquerez e me lembro da presença dele.

Observo Richard na minha frente e em seguida o amigo dele, contando com a presença de Veiga agora. Me afasto um pouco e olho ao redor, pra ter certeza que ninguém mais me viu discutindo com Richard.

── Nós moramos no mesmo predio, eu acho. E esse... ─ o encaro, procurando uma palavra para o definir e reviro os olhos. ─ poste, quase me derrubou passando igual um furacão no corredor, depois de não segurar a porta do elevador.

── Você pensou e pensou pra me chamar de poste no final? ─ Richard me encara dando risada.

── Você prefere que eu te chame de outro jeito? Talvez chato, apressadinho? ─ resmungo

── Briguento também. ─ Veiga me encara, se apoiando em Piquerez.

── Egocêntrico. ─ Piquerez acrescenta, encarando Veiga e Richard.

── Fofoqueiro. ─ Veiga fala rapidamente e bate no ombro de Piquerez. ─ lembra aquela vez..

Ele para de falar quando Richard o encara arqueando a sobrancelha e eu acabo dando risada.

── Não estão ajudando.

── Estão sim. ─ falo o encarando. ─ e você devia falar mais baixo quando for falar de outra pessoa, sabe? Mesmo em outro idioma.

Me afasto com a minha garrafinha e ouço a voz do colombiano em minhas costas.

── Torpe. ─ ouço ele falar e bufo. É "desajeitada" em português.

── Es tan pendejo. ─ me viro para o encarar e faço uma careta. Você é tão idiota.

Richard me encara, como se estivesse surpreso, talvez por o chamar de idiota em Espanhol, de qualquer forma, ainda bem que Abel não ouviu isso, não queria ser demitida no meu primeiro dia.

pode ficar, richard ríosOnde histórias criam vida. Descubra agora