LINAAs vezes meu lado orgulhoso faz com que eu queira bater contra a cabeça na parede, sem brincadeira. Eu sou meu próprio estresse e não ironicamente, isso me estressa também.
Seguro a caixa pesada nos braços e ando pelo corredor, indo em direção o elevador. Me mudei para o meu apartamento novo alguns dias atrás, mas estou no processo de decoração ainda, um processo lento. Solto um suspiro fraco e balanço a cabeça, eu realmente devia ter aceitado a ajuda do porteiro quando ele ofereceu, e preciso voltar para a academia o quanto antes.
Quando estou quase chegando no corredor, ouço a porta abrir e dou uma espiada por cima da caixa.
── Segura a porta, por favor! ─ peço alto.
Mas sem sucesso já que consigo ouvir a porta fechando. Levanto o olhar novamente, dando uma espiada no corredor, xingando mentalmente quando quase tropeço e ajeito a caixa nos braços, mas o que acontece em seguida, só me deixa um pouco mais estressada.
Um idiota passa por mim com tanta rapidez, provavelmente distraído também, que quase me leva junto.
── Porra, desculpa aí, você tá bem? ─ ouço ele perguntar e eu respiro fundo, me equilibrando com a caixa na mão.
── Olhar por onde anda é bom, tá? ─ resmungo.
── Tirar a caixa da frente pra poder andar também é bom, tá? ─ ele responde.
Reviro os olhos e o ignoro, seguindo para o elevador onde aperto o botão do meu andar. Dou uma olhada no relógio no pulso, vendo que ainda tenho um tempo de sobra antes ir para o trabalho, ajeito a caixa nos braços e entro no elevador, me virando em seguida.
── Pendejo. ─ o xingo de idiota na minha língua materna quando vejo apenas suas costas no corredor.
Assim que entro no meu apartamento, eu vou arrumar minhas coisas e aproveito para fazer uma chamada de vídeo com minha mãe. Estou morando no Brasil tem quase quatro anos, no começo, eu vim só para estudar e passar um tempo com meu pai, então voltaria para a Espanha, que é onde eu nasci e morei com minha mãe e minha avó, mas agora consegui um novo trabalho na minha área e vou ficar por mais um tempo aqui.
Meu pai é brasileiro, e ele e minha mãe namoram por um tempo quando ele viajou para Espanha, eles se casaram e até moraram juntos, mas como minha abuela diz, as coisas mudam. Eles não deram certos juntos e meu pai voltou para o Brasil, mas eu fiquei com minha mãe desde que nasci. Ela me trazia sempre que podia para o visitar, eu aprendi bem o português para conviver com ele e meus parentes daqui, apesar dele ser fluente em espanhol também. Mesmo com a distância, eu e ele nos damos bem, e me mudar para o Brasil, só nos aproximou mais.
── E os brasileiros?! Você ainda não me deu um genro e está tempo demais aí! ─ mamãe diz me olhando, misturando o espanhol e o português.
Tal mãe, tal filha, eu acho.
── Os brasileiros estão me estressando isso sim, mãe. ─ falo rindo e me ajeito no carpete da sala. ─ estou com saudades de você e da abuela.
── Te extraño también, bebé. ─ abuela responde no fundo. Sinto sua falta também, bebê.
Abuela não é tão fluente no português como mamãe ou eu, ela sabe se comunicar, mas segundo ela, eu preciso falar na nossa língua quando estamos juntas. E ela nem pode sonhar que eu gosto mais de falar em português.
Fico mais um pouco na ligação com as duas, mas logo preciso me despedir para poder ir trabalhar.
── Você vai direto ao CT? ─ mamãe pergunta me olhando. ─ está tudo resolvido?
── Sim, eu falei com a diretora e o treinador do Palmeiras antes de assinar o contrato ontem, mas só começo hoje a fotografar. ─ sorrio para minha mãe e ela sorri animada. ─ o treinador já me deu as credenciais para ter acesso do CT do time, só me pediu para chegar um pouco mais cedo pra conseguir pegar os jogadores antes do treino.
── Então vai, não se atrasa. As Mendéz nunca se atrasam. ─ mamãe me encara sorrindo e da risada. ─ me manda mensagem mais tarde. Amo você, mi corazón. Mucha suerte.
"Meu coração, boa sorte"
Mando um beijo para minha mãe e logo encerro a ligação, dou uma olhada pelo apartamento que está quase totalmente decorado e me levanto. Meu celular vibra com uma nova mensagem e eu leio pela barra de notificação.
papis: boa sorte hoje
lindinha do pai!!papis: seu primeiro dia é hj
mas vc podia pedir um autógrafo
para o seu velho né?Balanço a cabeça rindo e sorrio, no fundo, eu estava tão animada quanto meus pais para esse trabalho. Estava sentindo que ia ser diferente dessa vez.
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pode ficar, richard ríos
Fanficonde lina é a nova fotógrafa do palmeiras e precisa conviver com richard, o jogador que bagunça sua vida e planos.