capítulo 2

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Katrina

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Katrina

— Você sabe que tem um dever para com a coroa. Tornei-a minha herdeira não apenas por ser minha única filha, mas também porque é tão capaz de se tornar rainha quanto qualquer outro herdeiro que eu pudesse ter. Você é forte e inteligente; nunca conheci uma mulher tão firme quanto você, minha querida. Portanto, aqui e agora, ofereço-lhe a oportunidade de escolher entre a coroa e uma vida comum — disse meu pai, observando-me com uma ternura que me assustou.

— O que deseja me dizer, senhor? — busquei compreender o que se passava.

— Se escolher a coroa, você se casará por dever, por obrigação com o povo, seu povo, Katrina. Uma rainha coloca sempre os súditos em primeiro lugar. Mas, se optar por uma vida comum, dou-lhe a chance de partir e viver conforme seu desejo, casando-se com quem quiser. Não será mais herdeira, nem princesa — ele desviou o olhar, fixando-o no retrato de minha mãe.

— Mas quem será o herdeiro, meu pai? — a pergunta escapou-me antes que eu pudesse contê-la.

— Meu irmão tem um filho. Ele será o herdeiro do trono, caso escolha a segunda opção, minha filha — suas palavras trouxeram-me uma inesperada alegria.

— Conceda-me um dia para refletir, meu rei — pedi, fitando-o.

— Até o pôr do sol de amanhã você terá, menina. Agora vá — disse ele, voltando a contemplar o retrato.

Quebra de tempo 💭

O dia transcorreu rapidamente. Aflita, não conseguia pensar com clareza e, assim, dirigi-me ao estábulo.

Ao passar pela sala de treinamento dos soldados, percebi a vastidão do castelo; por vezes, esqueço-me da imensidão de suas dependências.

Desci as escadarias e alcancei o jardim. Após uma breve caminhada, cheguei ao estábulo, que fica afastado do castelo.

Lá, encontrei-me entretida com meu fiel cavalo, Zack, meu grande amigo, que me conhece melhor que qualquer outra pessoa.

— Conversando com o cavalo novamente, Trina? — assustei-me ao ouvir a voz dela.

— Lis, quase me causou um infarto! Não faça isso, por favor. — Realmente, quase morri de susto, tão absorta estava em minha conversa com Zack.

— Não tenho culpa se você conversa com um animal. — Tapei os ouvidos de Zack; ele não merecia ouvir tal ofensa.

— Pare de ofender meu Zack, está bem? — Virei-me para ela, acariciando o pelo dele.

— Respeite-me, sou quase sua mãe, ora essa. — Ela usou seu argumento final. — Não vim aqui para te assustar; queria saber o que seu pai desejava contigo — disse, demonstrando curiosidade.

— Nem sei o que dizer, sabe, Lis. Estou em um turbilhão de emoções, sem saber o que fazer. — Desabafei enquanto separava palha para Zack.

— Pode contar comigo. Posso ajudar a pensar com clareza. Sabes bem que nunca foste forte em refletir. — Ela zombou de mim.

Todos acreditam que Lis é minha mãe. Às vezes, ela me trata como irmã, afinal, não é muito mais velha. Quando se tornou minha ama, tinha apenas 18 anos, jovem o suficiente para dar-me todo o carinho e afeto de que precisei.

— Ele me deu uma escolha — falei sem olhar para ela.

— O quê? Escolha de quê, menina? — perguntou, tão surpresa que precisei olhá-la.

— Ele disse que poderia escolher entre a coroa ou uma vida comum, sabe? — Expliquei, observando seus olhos arregalados.

— Não posso acreditar que ele fez isso! — Ela se levantou tão rapidamente que fiquei zonza.

— Por que está tão zangada? Não entendo. — Estava completamente perdida.

— Zangada com a possibilidade de você não ser rainha. Sua mãe desejava isso. Sei que ele nunca foi um bom pai para você, mas dar-lhe essa escolha é uma afronta. Você não deve optar por uma vida comum. Ele jamais permitirá que viva como uma pessoa comum, Katrina — ela falou com tanta rapidez que perdi o raciocínio.

— Por que pensa assim? — Tentei organizar meus pensamentos.

— Quem será o novo rei? — perguntou, com raiva evidente na voz.

— Meu primo — respondi, assustada com sua reação.

— Eu sabia! Aquele ogro do irmão dele deve estar ameaçando o rei. Você não pode permitir que Mark se torne rei. Ele é cruel demais, Katrina; será o pior dos reis. — Então, entendi tudo.

Meu tio veio ao reino dois meses atrás; desde então, meu pai mudou drasticamente comigo.

— Acha que meu tio guarda algum segredo sombrio sobre meu pai e o está ameaçando? — Perguntei, furiosa com essa revelação.

— Não posso afirmar, mas você não pode fugir da coroa, Katrina. Você é a coroa. — Ela disse isso antes de se retirar.

Meu tempo estava se esgotando, e amanhã eu deveria tomar uma decisão irrevogável.

Decidi, então, aceitar esse fardo; nasci para ser rainha e, de certo modo, aprecio tal destino.

Desde pequena, fui educada para essa responsabilidade.

Saí do estábulo em uma corrida apressada, determinada a solicitar uma audiência com meu pai. Acelerando o passo, alcancei quase sem fôlego a sala real.

Ao me aproximar, notei que Lucky, o braço direito de meu pai, estava à porta.

— Lucky, desejo uma audiência com o rei — falei-lhe.

— Agora? Não pode esperar até amanhã? — Poderia, mas perderia a coragem.

— Não, precisa ser agora, Lucky — implorei.

— Está bem, fique aqui. Verificarei se consigo isso para você — disse, saindo rapidamente.

Quase uma hora depois, ele retornou, permitindo minha entrada.

Vi meu pai ali, sentado no trono, emanando uma presença tão poderosa que me causou temor.

— Então, menina, o que desejas? — perguntou ele com tom indiferente.

— Já tenho a resposta, meu rei — declarei, curvando-me em sinal de respeito.

— Diga-me, então. — Ele desceu do trono e aproximou-se.

— Eu sou a coroa, meu rei. Não fugirei dela. Serei rainha e enfrentarei qualquer um que se oponha — proclamei, olhando-o com firmeza.

Então, meu pai fez algo que nunca esperei dele.

Ele me abraçou.

Após dezoito anos, meu pai finalmente me abraçou.
  

Rainha InvencívelOnde histórias criam vida. Descubra agora