Um nascimento que ecoou pelas terras do reino. Uma herdeira nasceu, não apenas como a futura rainha, mas como um símbolo de transformação e destruição. Seu destino é sombrio, e o peso da coroa será tanto uma bênção quanto uma maldição.
Ela carrega e...
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Felícia
Os eventos recentes têm sido excepcionalmente dolorosos para mim. Ver minha filha nutrir ódio por mim abriu uma das feridas mais profundas que já suportei. Sei que ela tem motivos justos para se sentir abandonada, e não a culpo por isso.
Tudo o que desejo é me libertar do peso da coroa, e sei que, em breve, esse fardo será retirado dos meus ombros. Alyssa, por sua vez, demonstra uma força renovada. Ela retomou os treinamentos e já liderou algumas reuniões com o nosso povo. A floresta, aos poucos, começa a reconhecê-la como sua soberana novamente.
Em breve, serei apenas Felícia Cooper, esposa de Maximilian Cooper.
Estava em meu escritório quando ouvi um grito agudo ecoar pelos corredores. Reconheci a voz de Alyssa e corri até vê-la; avistei Zaya saindo, visivelmente apavorada, do quarto.
Ela não me viu, mas eu a observei. Mais tarde, precisarei conversar com ambas.
— Por favor, finja que nunca a viu, está bem? — ouvi Alyssa pedir a alguém.
Ao entrar no quarto, não estava preparada para o que me aguardava. Minha filha estava ali, com um portal aberto diante de nós.
Enviei o feiticeiro para ensiná-la a controlar todo esse poder. Não queria que minha filha sofresse ainda mais. Admito, com pesar, que não fui a mãe que ela merecia, e esse arrependimento me corrói.
— Filha? — murmurei, enquanto minhas pernas tremiam sob o peso da ansiedade.
Alyssa correu em direção ao portal, buscando a proximidade que tanto ansiava.
— Oh, minha menina! — exclamei, vendo as lágrimas encherem seus olhos.
Ela falou sobre o jantar de noivado e, por um momento, considerei interceder junto a Maximilian para impedir o casamento. No entanto, ao ver a raiva brilhar em seus olhos ao pensar em Arkin com outra, hesitei.
Alyssa mencionou sentir o amor que os une, e decidi respeitar a profundidade de seus sentimentos.
Quando o portal se fechou, a solidão tomou conta de mim. Sentei-me na cama e chorei livremente.
— Mãe, acalme-se. Em breve, será liberta daqui — Alyssa sussurrou, envolvendo-me em seus braços.
— Eu sei. Em breve, tu reinarás novamente — respondi, e ela riu suavemente.
— Estou exausta, mãe. Acho que irei repousar — disse Alyssa, fazendo-me lembrar de Zaya saindo apressada.
— Claro que estás fatigada; Zaya provavelmente drenou toda a tua energia — comentei, observando seu rosto corar de vergonha.
— Não fizemos nada, mãe! Ela apenas passou mal, e eu cuidei dela. Foi só isso! — justificou-se, claramente embaraçada.
— Não estou a repreender-te, Alyssa; apenas peço que te cuides — respondi antes de me retirar.
Meu coração parecia encolher com a dor. Queria estar conhecendo Arkin nesse momento e vendo meu Max consumido de ciúmes por nossa menina.
Decidi caminhar pela floresta quando algo chamou minha atenção.
Zaya estava de pé, olhando para uma área da floresta com inquietude.
— O que está acontecendo? — perguntei, e Zaya se sobressaltou antes de responder.
— Majestade, algo estranho está acontecendo. A floresta parece doente; as folhas estão secas, os espinhos murcharam, e até os animais parecem sofrer — disse, apontando para um pequeno ser encolhido, em evidente dor.
— O troll está sofrendo, mas ainda não sei o motivo.
— O que isso pode significar? — exclamei, quando uma dor lancinante atravessou meu corpo.
Era como se toda a minha energia estivesse sendo sugada.
— Majestade! — Zaya gritou, segurando-me.
— Estou bem; apenas cansada. Leve-me de volta — pedi, exausta. Ela assentiu e me ergueu, conduzindo-me ao castelo.
Assim que entramos, vi Alyssa correndo com o feiticeiro, a ansiedade marcando seu rosto.
— Deixe-a comigo, Zaya! Vá descansar — ordenou Alyssa, enquanto o feiticeiro me segurava firmemente e me levava para o quarto.
— Sei o que está acontecendo, Felícia — ele disse, e um calafrio percorreu minha espinha. Não era uma boa notícia.
— Diga logo! — implorei assim que ele me acomodou na cama.
— Seu genro pode possuir um poder adormecido. Com a presença de Katrina, isso pode desencadear um surto.
— Como assim? Arkin não possui magia! Isso é absurdo! Conheço o pai dele; ele certamente o eliminaria se fosse o caso — protestei, mas o feiticeiro negou com a cabeça.
— Não é impossível. Antes da chegada de Arkin, visitei Katrina. Foi quando senti sua aura mágica — as peças começaram a se encaixar.
Se Arkin possui magia em um nível elevado, ele pode escondê-la, especialmente se tiver aprendido a controlá-la.
— Arkin possui o poder de abjuração e o poder da árvore divina! — tudo fazia sentido. A floresta já sentia sua presença e, por isso, estava enfraquecida; ele estava sugando sua energia vital sem perceber.
— Ele precisa dominar esse poder! — articulei, e o feiticeiro assentiu.
— Farei uma visita a Katrina amanhã.
Arkin precisa aprender a controlar suas habilidades, ou poderá causar destruição à nossa floresta, especialmente se algo acontecer a Katrina.
— Feiticeiro, descubra as razões para esse poder ter despertado agora! — ordenei antes de ele deixar o aposento.
