Arkin Dalerin
A caminhada até o reino foi extenuante; dois dias de viagem deixaram-me profundamente fatigado. Desejava apenas repousar e permitir que o sono afastasse os pensamentos que me assolavam.
Estava próximo aos portões quando encontrei Artur, que vinha de outra direção.
— Capitão — saudou ele, com um semblante jubiloso, sua alegria evidente ao ver que havíamos triunfado na batalha.
— De onde vens? — indaguei.
— Teu pai ainda não te informou? — respondeu ele, surpreso por eu ainda ignorar o que aquele velho me ocultava.
— Não, ele nada me disse. Conte-me agora; isso é uma ordem — respondi, sentindo a irritação crescer.
— Muito bem, Capitão. O que sei é que Hasin estava prometido a uma princesa de Meriva, mas, por algum motivo, agora tu és o prometido. Desconheço os detalhes, mas fui até o rei Max para verificar se ele manteria a aliança entre os reinos — minha cabeça latejava com tantas informações. Meus homens pareciam eufóricos com a novidade, mas em meu peito eu sentia apenas angústia.
O matrimônio não estava em meus planos, e, pior, ser um rei consorte significaria abdicar do comando sobre meu povo, algo que não aceito.
Uma coroa e uma responsabilidade me foram entregues; e tenho o dever de honrá-las.
— Capitão, a princesa Katrina enviou uma mensagem que eu deveria entregar exclusivamente a ti — disse ele, retirando um pergaminho de sua bolsa, lacrado com o selo de Meriva.
— Não falem disso com ninguém! Vós nada sabeis! Entendido? — gritei, para que meus soldados ouvissem. Eles assentiram.
Artur se afastou, e eu suspirei cansado. Prosseguimos até os portões, que se abriram para nossa entrada.
Decidi retornar à minha antiga casa para descansar; não tinha ânimo para ver meu pai naquele momento.
Meus soldados se despediram e retornaram às suas famílias. Então, resolvi abrir a carta de minha futura esposa. Cada palavra parecia aliviar, mesmo que levemente, o peso que carregava; ela expressava o desejo de um matrimônio próspero e saudável. Mas ainda assim, duvidava se algum dia poderia amá-la.
Finalmente, cedi ao sono, pois o dia fora exaustivo e meus ferimentos precisavam de cuidados urgentes.
Quebra de tempo 💭
Ao amanhecer, decidi purificar-me, lavando cuidadosamente os ferimentos. O mais grave estava no peito, a queimadura horrenda e de um vermelho profundo.
É uma lástima ter que ocultar minha magia, que poderia curar-me rapidamente, mas não quero levantar questionamentos para os quais não tenho respostas.
— Abra a porta, seu tolo! — Ruth, ao que parece, escolheu este momento para me irritar.
Abri a porta e a vi sorrindo, mas seu semblante logo se transformou ao notar a gravidade dos meus ferimentos.
— O que aconteceu? — indagou ela, enquanto eu vasculhava em busca de uma erva que aliviasse a dor.
— Ferimentos de batalha, Ruth. Não deverias estar cuidando de teu irmão, ora essa! — respondi, até lembrar que Artur nem participara da batalha.
— Seu teimoso! Ele sequer foi ao combate. Vou preparar um chá para aliviar tua dor, meu rei — disse em tom sarcástico. Como eu a detesto!
Ignorei-a enquanto me banhava e lavava meu corpo. Após vestir-me, fui ver o que ela preparara.
— Fiz este ungüento para aplicar nas feridas e um bálsamo; e agora toma um pouco da sopa — informou Ruth. Ela é irmã de Artur; conhecemo-nos desde a infância, e sempre cuidou de nossos ferimentos, mesmo os menores.
Ruth sempre foi apaixonada por ervas e dedicada ao bem-estar de todos. É respeitada por toda a cidade.
— Tua sopa está deliciosa, Ruth. Agradeço-te pela ajuda — agradeci sinceramente.
— Eu sei; sou uma exímia cozinheira! Artur pediu-me para ver como estavas, por isso estou aqui — sabia que ele faria tal pedido; sempre zelou por mim.
— Estou bem, sua chata. Mas preciso de ajuda com este ferimento nas costas; não consigo aplicar o bálsamo lá — ela concordou e veio ajudar-me. Levantei a camisa, e ela suspirou profundamente.
— Suas costas estão horríveis! Nunca vi feridas tão feias, Arkin. Deverias cuidar melhor de ti — enquanto resmungava, senti o alívio da pomada nas costas.
— Sim, mamãe, entendi — provoquei, e ela deu-me um tapa na nuca.
— Ai! Sabes que estou morrendo, sua feia? — ela riu e sentou-se à minha frente.
— E então? Já leste a carta da princesa? — eu sabia que ela perguntaria.
— Sua curiosa! Sim, já li a carta — respondi, vendo seu sorriso aumentar.
— Artur disse que ela é linda, com olhos profundos que causam temor. Soube que tem algumas mechas brancas, mas o cabelo é belíssimo! — Detalhes que ajudam a imaginar.
— Teu irmão parece tê-la observado bastante, não? — indaguei enquanto vestia a camisa.
— Claro! Fui eu quem pediu! Mas, mudando de assunto, teu pai está ansioso para te ver. Seria prudente não adiá-lo mais — disse, dirigindo-se à porta.
— Espera; vou contigo! Não posso adiar esta conversa. Preciso me vestir apropriadamente — apressei-me em me arranjar.
Coloquei minha armadura e encontrei Ruth, e conversamos sobre as ervas que ela havia encontrado.
— Boa sorte! — desejou ela, afastando-se.
Respirei fundo e adentrei o castelo.
Os soldados abriram as portas da sala do trono, e avistei meu pai, impaciente, discutindo com seus ministros.
— Meu rei — saudei, e ele suspirou.
— Arkin, por que não vieste logo ao meu encontro? — indagou, dispensando os ministros.
— Estava fatigado e desejava um momento de paz — respondi, e ele lançou-me um olhar irritado.
— Queria ouvir sobre a batalha e saber como te encontravas — disse ele, subindo ao trono, em uma tentativa de me intimidar, sem sucesso.
— A batalha em Gote foi vitoriosa; Maegor fugiu após me ferir, ele e seus guerreiros gravemente lesionados. Tivemos baixas significativas em seu exército — informei, e ele assentiu.
— Estou bem, se é isso que te preocupa; são apenas ferimentos — acrescentei, vendo-o se aproximar.
— Preciso te contar algo — disse ele, mas não pude evitar uma risada amarga.
Meu pai me olhava com frustração, sem entender o motivo de minha reação.
— Se vieste falar-me da aliança que forjaste com o rei Max, saiba que estou ciente. Sei que tudo era destinado a Hasin, mas o destino, cruel, impôs-me um fardo que não almejo. E, se temes que eu fuja de minha responsabilidade, saiba que não o farei — declarei. Antes que ele replicasse, continuei: — Serei Rei e esposo, e a partir deste momento, tu jamais ditarás uma ordem sequer para mim — deixei transparecer o ódio em meus olhos.
— Permanecerás no castelo; eles chegarão em breve. Que tua ira não te faça falhar — ele me dispensou, e por mais que desejasse partir, aceitei a ordem.
Segui a serva até o aposento preparado para mim.
Ao adentrar, permiti que o cansaço tomasse conta e adormeci por um breve instante.
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Rainha Invencível
RomanceUm nascimento que ecoou pelas terras do reino. Uma herdeira nasceu, não apenas como a futura rainha, mas como um símbolo de transformação e destruição. Seu destino é sombrio, e o peso da coroa será tanto uma bênção quanto uma maldição. Ela carrega e...