Arkin Dalerin
A coroa pesava desmesuradamente sobre aqueles que não desejavam ser reis.
Meu pai transbordava de alegria, enquanto eu, tomado pela angústia, ansiava por fugir dali. Ele convocara todos os súditos do reino para proclamar-me herdeiro.
Uma festa para celebrar um filho que ele sempre desprezou, e nem sequer fazia esforço para ocultar esse sentimento.
Meu irmão mal havia falecido e já estava ele a me nomear sucessor.
Ele jamais amou nem mesmo Hasin, fruto do amor que dizia sentir pela rainha.
Minha garganta se apertava, as palmas das mãos suavam, e eu precisava sair dali antes que perdesse o controle.
Eu queria fugir o mais rápido possível.
Montar em meu cavalo e desaparecer deste reino para sempre.
Mas sei que não posso escapar do meu destino.
Encontrei uma possível saída ao olhar para o vasto jardim, enquanto o velho rei ria com seus companheiros. Levantei-me, sem que ninguém notasse, exceto o cavaleiro que se tornaria meu guardião.
Artur me observava como se soubesse que eu tentaria escapar.
Ao alcançar o jardim, finalmente consegui respirar. Meus olhos refletiam uma mistura de angústia e raiva.
Eu me perguntava se seria capaz de governar este reino.
"Irmão, sei que estás a me observar. Ajuda-me a ser o bom rei que tu serias", pensei em silêncio.
Fiquei ali por alguns minutos, até que resolvi voltar ao salão.
Afinal, a festa era em minha homenagem.
Quando retornei, deparei-me com meu pai sem seu sorriso, rubro de ira. Decidi aproximar-me para entender o que se passava.
— O que sucede, meu pai? — indaguei, notando seu olhar furioso direcionado a um ministro.
Parecia que o ministro havia proferido algo que despertara a fúria do rei.
— A guerra, meu filho! Maegor decidiu atacar o povo de Gote justamente hoje. Eles são nossos aliados e necessitam de nosso exército o quanto antes — disse ele, fitando-me. Em seus olhos vi o temor e a fúria diante da possibilidade de perder outro filho. Mesmo sem nutrir afeto por ele, compreendi o medo que o consumia.
O trono novamente ficaria sem herdeiro se eu não voltasse dessa guerra.
Talvez eu não volte.
— Partiremos o mais rápido possível. Prepararei o exército e marcharemos antes do amanhecer. E não te preocupes, meu rei; voltarei vivo — encerrei a conversa e apressei-me a encontrar meus homens.
O acampamento, montado distante do castelo, ficava nos vales.
A distância nos dava paz, pois nenhum soldado nutria afeição pelo rei Zion.
Ao chegar, avistei meus homens rindo e praticando tiro ao alvo.
Desta vez, não permitirei que nenhum dos meus soldados pereça; não posso perder mais ninguém. Cada um aqui tem filhos e esposas que aguardam por seu retorno.
Mesmo que eu morra por eles.
Todos voltarão vivos.
— HOMENS! — bradei, descendo do cavalo enquanto todos me observavam com apreensão.
— CAPITÃO! — gritaram em uníssono.
— A guerra se aproxima. O usurpador decidiu atacar Gote, um aliado deste reino. Devemos socorrê-los! Estarei à frente desta batalha mais uma vez; traremos a vitória para esta terra! Honraremos vossos nomes e conquistaremos! Para cada um de nós que cair, cem deles perecerão! — Fitei meus homens, que já começavam a sorrir. Eles amam a guerra, não conseguem afastar-se dela.
Fomos forjados no sangue e no fogo.
A guerra é nosso destino.
— À GUERRA! — gritei, erguendo minha espada.
— À GUERRA! — responderam meus homens, batendo no peito em demonstração de bravura.
Duas horas depois 💭
Preparamos nossas armas, e o exército já se postava diante do castelo para ouvir as palavras do rei.
— Majestade! — saudei, olhando-o de cima de meu cavalo.
— Soldados, triunfem nesta guerra e protejam meu filho! Não suportarei outra perda tão próxima; voltem para suas famílias trazendo consigo a vitória! — A voz do rei era firme e inabalável; percebi o quanto meus homens ansiavam por essa vitória. Pareciam até precisar da minha proteção.
— VAMOS! — gritei, iniciando nossa marcha.
Partimos para a guerra.
Para o fim ou o início de uma nova era.
____________________________________________
VOCÊ ESTÁ LENDO
Rainha Invencível
Roman d'amourUm nascimento que ecoou pelas terras do reino. Uma herdeira nasceu, não apenas como a futura rainha, mas como um símbolo de transformação e destruição. Seu destino é sombrio, e o peso da coroa será tanto uma bênção quanto uma maldição. Ela carrega e...