PURGATÓRIO II

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Ela era um anjo poderosíssimo, então foi expulsa do céu, fadada a ter seu próprio reino e nele comandar, com vigor e temor, aprisionando e castigando as almas invalidadas por aquele que se dizia o Deus do amor. Os poderes de Lúcifer eram afligentes e únicos:

Vidência

Capacidade de ver as coisas invisíveis aos olhos humanos.

Premonição.

Capacidade de profetizar.

Telepatia.

Poder de se comunicar mentalmente à distância.

Telecinésia.

Capacidade de mover objetos.

Teleplastia

Produzir materialização, de plasmar e exteriorizar as idéias.

Anastasis.

Capacidade de sair do corpo.

Mas para que usar todos esses benefícios, se Faye Peraya poderia jogar pôquer em um cassino clandestino, em Bangkok, às três da manhã?

A mesa de pôquer estava ocupada somente pela Tinhosa, faltando, no mínimo, mais um jogador para estar "completa". Entretanto, o lugar, rapidamente, foi preenchido pelo próprio dono do cassino: um mafioso com bigodes longos, porte forte e dois dentes de ouro que se mostravam de uma maneira quase impertinente.

Durante aquele horário, a maioria já estava se retirando do lugar enquanto outra se achegava. No geral, a maior parte completamente decepcionada pelas perdas gigantescas, alta e ferozmente pronta para justificar seus atos mal pensados como tentações do Diabo, e finalizar culpando-a por completo.

E Faye sequer tinha começado a jogar.

Peraya carregava um sorriso sorrateiro e irônico, o qual deixaria qualquer um receoso. Existia maldade ali. Fitou o dono da tavolagem, observando o homem envelhecido mexer em seu cordão com um crucifixo banhado a ouro que parecia bastante pesado. Ele seria seu alvo naquela noite. Não era como se estivesse disposta a usar suas habilidades para vencê-lo. Jamais! Lúcifer era justa.

O que poucos sabiam é que a sorte a acompanhava o tempo inteiro.

_ Você sabe rezar? - Faye perguntou sarcástica para o mafioso.

_ Como? - não compreendeu a finalidade daquela pergunta, mantendo na face uma expressão confusa.

_ Perguntei se sabe rezar. - repetiu com a voz rouca, fitando o crucifixo e movendo as cartas, não fazendo contato visual.

_ Claro que sei, mas não compreendo a relevância da pergunta. Tanto que chega a ser um pouco estúpida. - Existia relutância naquele oportunista.

Ele queria mostrar não temer Peraya. Deixava seu queixo brandamente barbado, erguido, mantendo, em seus lábios, um grosso Cohiba behike, charuto importado que fazia sua fala sempre sair um tanto embolada.

_ Então reze muito, use toda sua fé. Porque hoje seu Deus não irá ajudá-lo. _ Ditou debochada, mostrando seu jogo, ganhando a primeira aposta, de cara.

Abigail comemorava com altas gargalhadas, totalmente perversas. Todas as vitórias vinda de Faye naquela noite rendeu um bom dinheiro. Não que elas precisassem, Peraya era dona de uma das melhores boates daquela região. Lúcifer era quase a deusa da luxúria.

No entanto ganhar sempre lhe caía bem.

_ Quanto você conseguiu? _ Questionou ansiosa pela resposta.

_ Cem mil reais. - A fala, apesar de satisfeita, não fora animada, causando uma certa balbúrdia na mente de Abigail.

_ Vai me dizer que enjoou de ganhar também? - A pergunta era provocativa, algo mais retórico.

No Limiar do Inferno (Adaptação Fayeyoko) Onde histórias criam vida. Descubra agora