Capítulo 24

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Giyu, sempre calmo e sensível às necessidades dos amigos, levou Misaki para seu quarto. Ele sabia que ela precisava de um espaço seguro para se acalmar e processar o que havia acontecido. Lá, ele a abraçou gentilmente enquanto ela chorava, deixando suas lágrimas molharem a camisa dele.

"Ele acha que eu estou ficando com você," sussurrou Misaki entre soluços, sentindo-se exausta e confusa.

Giyu apenas respondeu com calma, "Deixe-o pensar o que quiser. O importante é que você está segura agora."

As palavras de Giyu trouxeram um pequeno conforto a Misaki, e ela acabou adormecendo em seu colo, exausta tanto emocionalmente quanto fisicamente. Giyu, mesmo em sua quietude, ficou vigilante, garantindo que sua amiga descansasse em paz.

O tempo passou e a noite avançou. No entanto, a paz foi interrompida abruptamente quando os dois foram acordados por um balde de água gelada jogado sobre eles. Misaki acordou com um grito, sentindo o choque da água fria, enquanto Giyu também reagia, tentando entender o que estava acontecendo.

Diante deles estava Sanemi, com uma expressão de fúria e um balde vazio nas mãos. "Acordem!" gritou ele, a voz carregada de raiva e ciúme. "O que vocês acham que estão fazendo?"

Misaki, ainda atordoada pelo sono e pelo frio, levantou-se lentamente. "Sanemi, o que diabos você está fazendo?" perguntou ela, a voz tremendo tanto de raiva quanto de frio.

"Eu vim aqui para tirar a verdade de vocês," respondeu Sanemi, a voz carregada de frustração. "Vocês acham que podem me enganar?"

Giyu se levantou calmamente, colocando-se entre Misaki e Sanemi. "Isso passou dos limites, Sanemi. Não havia necessidade de violência."

"Violência?" Sanemi zombou. "Vocês dois me tratam como se eu fosse um idiota. Acham que eu não sei o que está acontecendo?"

"Sanemi, você está errado," disse Misaki, tentando manter a calma. "Eu só precisava de um amigo, e Giyu estava me ajudando. Nada mais."

Sanemi olhou para ela, seus olhos cheios de dor e raiva. "Não quero ouvir suas desculpas, Misaki. Você está fazendo isso para me provocar."

"Provocar você? Por que eu faria isso?" Misaki gritou, sentindo-se magoada. "Eu só quero apoio, algo que você claramente não está disposto a dar!"

Giyu interveio, sua voz calma e firme. "Isso não é produtivo para ninguém. Sanemi, você precisa lidar com seus próprios sentimentos antes de atacar os outros."

Sanemi ficou em silêncio por um momento, a fúria em seus olhos começando a se dissipar. Sem dizer mais nada, ele jogou o balde no chão e saiu do quarto, deixando Misaki e Giyu para trás, molhados e chocados.

Misaki suspirou, sentindo-se ainda mais esgotada do que antes. "Desculpe por isso, Giyu," disse ela, tentando encontrar um pouco de humor na situação. "Parece que sempre há drama onde quer que eu vá."

Giyu sorriu levemente. "Não se preocupe, Misaki. Estou aqui por você, independentemente do que aconteça."

Com isso, os dois se acomodaram novamente, tentando recuperar algum semblante de paz após o tumulto. Embora as tensões com Sanemi ainda estivessem no ar, Misaki sabia que podia contar com Giyu para apoiá-la nos momentos mais difíceis.

Depois da tumultuada noite, Misaki, ainda abalada pela discussão e pelas palavras duras de Sanemi, decidiu que precisava confrontá-lo. Ela sentia que precisava resolver as coisas, apesar do medo e da dor que isso lhe causava.

Quando Misaki chegou no quartp de Sanemi, ele estava sozinho e, ao vê-la, seu semblante não mostrava qualquer sinal de arrependimento imediato. Ela respirou fundo e se aproximou, tentando manter a calma.

"Sanemi," começou ela, sua voz trêmula, "precisamos conversar."

Sanemi a encarou, seu rosto ainda marcado pela raiva e frustração. "O que você quer, Misaki? Não acha que já causou problemas o suficiente?"

Misaki hesitou por um momento, suas emoções à flor da pele. "Eu vim aqui porque... porque eu preciso entender o que está acontecendo. Por que você está agindo assim comigo? Eu pensei que você se importava."

Sanemi riu sem humor. "Eu me importava, mas não mais. Você e o Giyu estão juntos o tempo todo. Todos parecem achar que eu sou o problema aqui."

"Não é isso, Sanemi," tentou explicar Misaki, sua voz começando a quebrar. "Eu só preciso de apoio, e Giyu tem sido um amigo para mim. Eu nunca quis que isso causasse tanta dor."

Sanemi, ainda tomado pela raiva, começou a falar com mais dureza. "Você está tão frágil e dependente que ninguém mais aguenta. E agora está fazendo drama com o Giyu. É isso que você realmente quer? Destruir tudo ao seu redor?"

As palavras de Sanemi eram como facas afiadas, cortando profundamente. Misaki sentiu o peso de cada uma delas, a dor e o desprezo se acumulando dentro dela. "Eu não sei o que dizer," disse ela, as lágrimas finalmente escapando. "Eu só queria que as coisas fossem diferentes."

"Então vá embora," ordenou Sanemi, sua voz fria e impiedosa. "Ninguém aguenta mais. Vá embora e não volte."

Essas palavras foram o golpe final para Misaki. Ela sentiu seu coração partir em pedaços, como se todas as suas esperanças e sonhos tivessem desmoronado de uma vez. Com o rosto molhado pelas lágrimas, ela virou-se e começou a arrumar suas coisas, sentindo uma tristeza profunda e esmagadora.

Enquanto ela estava prestes a sair, Sanemi, ao perceber o impacto de suas palavras, começou a sentir um remorso crescente. Ele assistiu, horrorizado, enquanto Misaki pegava suas coisas e se preparava para ir embora. Seu coração começou a pesar com o arrependimento, e ele se aproximou, chamando-a com urgência.

"Saki, eu não queria falar isso," disse ele, sua voz agora cheia de desespero. "Misaki, por favor, me ouça. Eu não deveria ter dito isso. Desculpe-me."

Mas Misaki, com o coração partido, não conseguiu reagir imediatamente. Ela hesitou por um momento, lutando contra a dor e a confusão.

Sanemi a observou enquanto ela se afastava, um sentimento de desolação tomando conta dele. Ele percebeu o quanto a feriu e sabia que suas palavras haviam cruzado uma linha que talvez não pudesse ser desfeita.

Com Misaki finalmente saindo, Sanemi ficou sozinho, consumido pelo arrependimento e pela dor que havia causado. Ele se sentou, a cabeça entre as mãos, tentando entender como havia chegado a esse ponto e o que poderia fazer para consertar o que estava quebrado.

Entre Corações e DemôniosWhere stories live. Discover now