Capítulo 27 - Um mar de arrependimento e desespero

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Ao sair do vestiário, a tristeza e a culpa ainda pesavam sobre mim como uma âncora, arrastando cada passo. O caminho até o estacionamento pareceu interminável, como se o mundo ao meu redor estivesse em câmera lenta, cada momento se desenrolando com a mesma intensidade da minha dor.

Quando finalmente cheguei a vaga onde meu carro estava estacionado, minhas mãos tremiam ao pegar as chaves. Eu mal conseguia apertar o botão do alarme para destravar as portas, meus dedos estavam dormentes e desajeitados. A realidade da situação me atingia em ondas, e eu sentia como se estivesse me afogando em um mar de arrependimento e desespero.

Assim que o motor ligou, liguei o ar aquecedor no máximo, tentando afastar o frio sufocante que parecia me envolver. As lágrimas começaram a escorrer silenciosamente pelo meu rosto, e a sensação de que eu havia destruído algo precioso se solidificava a cada soluço.

Guiando o carro em direção ao dormitório, meus pensamentos eram um turbilhão incontrolável. "Por que eu fui tão estúpida? Como pude mentir para Nika? Eu deveria ter contado tudo desde o início." Pensei enquanto as imagens da nossa discussão continuavam a se repetir na minha mente, cada palavra cheia de dor e raiva ressoando como um eco interminável. "Nika confiava em mim. Eu arruinei tudo."

Enquanto dirigia, a culpa se transformava em uma dor física, um nó no estômago que parecia apertar cada vez mais. Eu quase não conseguia ver a estrada à minha frente através das lágrimas, mas continuei, determinada a chegar em casa. "Ela estava tão magoada. E com razão. Eu sou uma idiota por ter pensado que esconder isso seria melhor."

Finalmente, quando estacionei em frente ao meu prédio, fiquei sentada no carro por alguns minutos, incapaz de me mover. O silêncio era esmagador, e o peso do que eu havia feito parecia insuportável. Eu só queria voltar no tempo, desfazer minha decisão de me encontrar com Beau, de não contar a Nika imediatamente. Mas era tarde demais. "Será que ela vai me perdoar algum dia? Ou será que acabei com tudo para sempre?"

Respirei fundo algumas vezes, tentando acalmar os soluços que ainda sacudiam meu corpo. "Eu preciso falar com ela. Preciso fazer as pazes, de alguma forma." Mas, ao mesmo tempo, o medo de que Nika nunca me perdoasse era paralisante.

Quando finalmente consegui sair do carro, meus passos eram pesados e inseguros. Cada movimento parecia um esforço monumental, como se o próprio ar estivesse contra mim. Entrei no prédio, o corredor vazio amplificando o eco dos meus passos. Tudo parecia mais escuro e frio do que o normal, refletindo o estado do meu coração.

Cheguei à porta do meu dormitório, e por um momento hesitei, a mão pairando sobre a maçaneta. O medo do que encontraria do outro lado era avassalador. 

O apartamento estava silencioso. Cada sombra parecia me julgar, e a solidão do espaço aumentava minha sensação de isolamento. Fechei a porta atrás de mim e fui direto para o quarto, minhas pernas mal suportando meu peso.

Assim que passei pela porta, desabei na cama, agarrando meu travesseiro como se fosse um porto seguro. As lágrimas vieram com mais força, e cada soluço parecia rasgar ainda mais o meu peito. "Eu a amo tanto. Como pude ser tão idiota? Como pude arriscar nosso relacionamento por algo tão estúpido?" Meus pensamentos eram um ciclo interminável de arrependimento e auto-recriminação.

Deitada ali, a tristeza e a culpa me envolveram completamente. Cada memória, cada momento feliz com Nika parecia agora tingido pela sombra do meu erro. Eu sabia que tinha um longo caminho pela frente para tentar reconquistar sua confiança, mas naquele momento, tudo o que eu conseguia fazer era chorar e esperar que, de alguma forma, houvesse uma chance de consertar as coisas.

Eu sentia o peso da minha decisão como um manto de chumbo, cada pensamento uma nova facada de arrependimento. "Se eu pudesse voltar no tempo..." Mas sabia que isso era impossível. Tudo o que podia fazer era tentar encontrar uma maneira de mostrar a Nika que meu amor por ela era real e profundo, e que faria qualquer coisa para reconquistar sua confiança em mim, em nós.

You drafted my heart - Nika MühlOnde histórias criam vida. Descubra agora