You drafted my heart - Nika Mühl

Capítulo 29 - Ano novo

POV - NIKA MUHL

O sol mal tinha dado as caras quando abri os olhos, o quarto ainda estava envolto na penumbra suave da manhã. Sentia o calor do corpo de Livie ao meu lado, respirando calmamente, perdida em algum sonho que eu imaginava ser sobre o jogo de basquete perfeito, ou quem sabe sobre nós duas em alguma aventura pelo mundo. O som do mar ecoava distante, um lembrete sereno de que estávamos longe de tudo, apenas nós duas em uma bolha de paz na casa de praia dos avós dela, nos Hamptons.

Saí da cama sem fazer barulho, tentando não despertar Livie. A madeira do chão era fria sob meus pés, um contraste gostoso com o ar quente que enchia o quarto. Peguei o primeiro moletom que vi no closet, um oversized que provavelmente pertencia a Livie. Caía em mim como um vestido, mas o cheiro de lavanda e um toque de naftalina me fizeram sorrir. 

A cozinha ficava no andar de baixo, uma extensão aberta e bem iluminada, mesmo naquela hora do dia. As paredes eram cobertas por painéis de madeira clara, que davam ao ambiente um ar aconchegante e familiar. Grandes janelas de vidro permitiam que a luz natural do sol nascente invadisse o espaço, refletindo nos azulejos brancos e no mármore das bancadas. A geladeira de aço inoxidável ocupava um canto, sempre abastecida com o essencial e mais um pouco. No centro, a ilha da cozinha, grande o suficiente para uma família inteira se reunir, estava coberta com frutas frescas, pães caseiros e uma variedade de queijos que eu sabia que Livie amava.

Foi ali, no meio desse cenário que parecia saído de uma revista, que encontrei o avô de Olivia. Ele estava de pé, perto do fogão, mexendo uma panela. O aroma era forte e reconfortante, o tipo de cheiro que fazia a gente se sentir em casa instantaneamente. Ele me ouviu entrar e virou-se, um sorriso gentil iluminando o rosto enrugado.

"Bom dia, Nika", ele disse, com a voz baixa para não perturbar o silêncio suave da manhã. "Acordou cedo."

"Bom dia, senhor Harrison," respondi, tentando soar o mais desperta possível. "Quis preparar algo especial pra Livie."

"Ah, claro. Uma surpresa matinal para minha neta e já disse para me chamar apenas por Harry..." ele comentou, piscando pra mim. "Posso ajudar?"

Hesitei por um segundo. Eu tinha acordado com a ideia de preparar o café sozinha, mas a companhia dele era bem-vinda. "Claro, eu adoraria."

Ele me entregou uma caneca para o café. Enquanto o líquido escuro caía, fumegando, ele me observava com um olhar de curiosidade tranquila. "Então, como estão as coisas no time esse ano?"

Falar de basquete sempre fazia meus olhos brilharem. "Estamos indo bem. O começo da temporada tá sendo intensa, mas estamos firmes. Eu e Livie estamos nos entendendo bem em quadra. Acho que esse pode ser o nosso ano."

Ele assentiu, satisfeito. "Isso é ótimo de ouvir. Livie sempre teve talento, mas desde que ela transferiu para UConn, ela parece mais... confiante."

Um sorriso me escapou. "Ela é incrível. Acho que é por isso que a gente funciona tão bem juntas. Ela me faz querer ser melhor."

"Isso é o que os melhores parceiros fazem," ele comentou, seu tom cheio de significado. Ele sabia sobre nós, sobre o que Livie significava para mim. Era bom saber que ele entendia, e mais, que ele aceitava.

Depois de um silêncio confortável, ele perguntou: "E você,, Muhl? O que planeja fazer depois da faculdade?"

A pergunta pairou no ar por um momento, mas eu já sabia a resposta. "Pretendo me inscrever para o Draft na turma de 2024. Sei que vai ser competitivo, mas estou pronta pra tentar."

Os olhos dele brilharam com aprovação. "Você tem o talento e a determinação. Vai longe, eu sei disso."

A confiança na voz dele me encheu de coragem. Eu sabia que o caminho seria duro, mas ouvir aquelas palavras me lembrou de que não estava sozinha. Livie estava comigo, assim como sua família. Terminei de preparar a bandeja com o café, torradas e frutas frescas. Antes de subir, o senhor Bennett colocou uma mão gentil no meu ombro.