Mais uma vez a tormenta - Parte 1

4 1 0
                                    


"Amar pode doer
Amar pode doer às vezes
Mas é a única coisa que eu sei
Quando fica difícil,
Você sabe que pode ficar difícil às vezes
É a única coisa que nos mantém vivos"

Photograph (Ed Sheeran)


Estava sonhando de novo. Já havia acontecido tantas vezes que podia reconhecer aquela atmosfera, o outro mundo dentro de seu inconsciente. Como sempre a noite sombria a envolvia em trevas densas de ar gelado. Ela estava sozinha e não pode evitar sentir medo. Desejou abandonar o sonho e acordar em sua cama quente, de onde com certeza poderia contemplar a luz prateada da lua através de sua janela. Entretanto, uma parte de si quis prosseguir, desvendar os segredos que se ocultavam por traz daquele enredo de ilusão e encontrar as respostas. Atenta, Marinette ouviu passos bem atrás de si. Virou-se de súbito, com a respiração suspensa, mas não viu nada além do breu, a escuridão densa, quase palpável. Continuou caminhando sem rumo por uma estrada que ela não sabia até onde a levaria. De repente gritos ecoaram ao longe, como se tivessem sido levados pelo vento até seus ouvidos. Era um lamento cheio de angústia e de dor que a arrepiaram. Com certeza vinha de uma mulher. Achou melhor acelerar o passo, mas quanto mais tentava fugir, mais ela podia ouvir o grito aterrorizante da desconhecida. Olhava em todas as direções e só via escuridão.

- Tem alguém aí? - chamou, mas não obteve nenhuma resposta. Então, já não ouvia mais nada. Tudo era silêncio. Um silêncio opressor que mais assustou do que tranquilizou a garota. Durante vários segundos ela só pode ouvir sua respiração descompassada e as batidas de seu próprio coração que naquele silêncio pareciam soar como um forte tambor. Então ela sentiu... o hálito quente bem próximo de seu ouvido. Uma risada baixa e sinistra que a fez se sobressaltar e quase cair no chão. A primeira reação de Marinette foi correr, mas seus pés pareciam feito de chumbo. Estava muito cansada e assustada e mesmo assim obrigou-se a prosseguir porque novamente ouviu passos atrás de si. Eles ficavam cada vez mais próximos e ela continuou correndo, trincando os dentes diante da dor nas pernas. Lágrimas e suor frio corriam pelo seu rosto.
Mesmo temendo, Marinette olhou por sobre os ombros a fim de ver quem a perseguia, mas não viu ninguém, nada além da escuridão. Quando voltou a olhar pra frente, caiu diretamente nos braços do seu perseguidor. Foi um baque forte que a deixou zonza. Ela quis gritar, mas a voz estava presa na garganta. O tom sarcástico de Chat Noir chegou a seus ouvidos

- Ora, ora, ora. A ratinha caiu direto nas garras do gato faminto

Ela só conseguiu ver os olhos verdes felinos de brilho zombeteiro

- Me deixe em paz. Você prometeu que não viria atrás de mim na forma civil

Novamente aquela risada maldosa se fez ouvir

- Eu disse? Não me lembro. E não importa. Não posso desperdiçar a oportunidade

- Por favor Chat, não faça isso comigo. - Marinette detestava aquele tom suplicante, mas estava indefesa nas garras do gato. Não tinha mais forças para lutar. - Houve um tempo em que você dizia me amar...

Sentiu que ele a estreitava ainda mais em seus braços e a puxava de encontro a seu corpo até que os lábios frios tocaram sua orelha e ele sussurrou

- Ele ainda te ama.

- Como...? Ele quem? - atordoada ela se retorceu tentando sair daquele abraço

- Hum... Mas eu não sou ele sou? - continuou o felino quase como se estivesse falando para si mesmo. Marinette parou e voltou a encará-lo. Tinha a mesma voz, mas num instante os olhos verdes se tornaram azuis glaciais

Amor a provaOnde histórias criam vida. Descubra agora