Vamos enfrentar o mundo, vamos enfrentar o pior

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Just say the word, we'll take on the world
Basta dizer a palavra, vamos enfrentar o mundo
Just say you're hurt, we'll face the worst
Basta dizer que você está ferido, vamos enfrentar o pior

You me at six - "Take On The World"

***

O mal não dorme, ele espera.
Rainha Hipólita - Mitologia Grega


Eu estava voando. Bem alto, acima das nuvens, onde não se podia enxergar o chão. O vento forte e gelado chicoteava meu rosto, trazendo lágrimas a meus olhos que permaneciam abertos e contemplavam nitidamente aquele cenário incomum.
À minha frente estava apenas o horizonte plano de um céu laranja e alguns raios de sol que incidiam no tapete branco abaixo de mim. Um leve sorriso se desenhou em meus lábios e fechei os olhos por alguns instantes, apenas para desfrutar daquela sensação plena de liberdade. Todos os meus sentidos estavam aguçados, ao ponto de ser capaz de sentir o cheiro do mar e ouvir o canto dos pássaros a quilômetros de distância. Ali, o calor do sol e a sensação do vento na pele eram totalmente diferentes do que eu já havia experimentado.
E tudo parecia muito real.
Não se passou muito tempo, mas quando voltei a abrir os olhos fui surpreendida com um cenário diferente. Eu ainda estava voando, mas agora através de um céu noturno. O azul marinho salpicado de estrelas brilhantes e a lua perolada em todo seu esplendor haviam tomado o lugar do sol, arrancando um suspiro dos meus lábios. Ainda era lindo, no entanto, senti que algo naquela atmosfera havia mudado, eu só não sabia explicar o que era. Comecei a sentir meu corpo pesado. Não estava voando rápido demais? Me perguntei em pensamento. Afinal, onde eu estava e para onde ia?
Então, de repente, o tempo pareceu parar, meu corpo perdeu toda a estabilidade do voo e eu comecei a cair. Rápido, tão rápido que não consegui nem mesmo gritar, som algum saía da minha garganta, travada pelo pavor. Eu ia morrer, cortando as nuvens como um raio comecei a ver a terra finalmente, mas isso não me trouxe nenhum alívio, pelo contrário, estava cada vez mais próxima de me estatelar no chão. Eu quase perdi meus sentidos, minha mente se entregando, querendo apagar antes de poder sentir o impacto terrível que me faria perder a vida. No entanto, antes que eu pudesse desfalecer totalmente, meu corpo pareceu receber um tranco e tudo ficou como em câmera lenta.
Já não caía, flutuava, não como uma folha levada pelo vento, era mais como uma águia pousando no alto de uma montanha. Uma luz intensa me envolveu ao mesmo tempo em que meus pés pousaram suavemente em um piso sólido, um lugar que eu conhecia muito bem.
O alto da torre Eiffel me era extremamente familiar, ainda que aquela sensação de estranheza não tivesse me deixado. Havia poucas pessoas por ali que, surpreendentemente, pareciam não ter reparado na minha presença. Elas conversavam entre si, sorriam e admiravam a cidade iluminada lá embaixo. Ninguém me olhou, nem me perguntou como eu havia aparecido ali, literalmente caindo do céu.
Eu ainda estava decidindo o que fazer a seguir quando o vi.

Adrien

Ele estava debruçado na grade de proteção, seus olhos fixos no horizonte. Será que estava me esperando? O chamei uma vez, mas ele pareceu não me ouvir. Tive uma sensação estranha enquanto me aproximava de onde ele estava com passos vacilantes. Parecia estar vendo a mim mesma de fora do meu corpo, como um filme em alta resolução. Chamei por ele mais uma vez.

- Adrien!

Ele virou-se e sorriu me fazendo soltar o ar de alívio. Achei um pouco estranho sua aparência... diferente de como eu me lembrava, como se não nos víssemos há muito tempo. Estava mais perto dele agora e notei que ele também tinha o cenho franzido para mim em estranheza. O sorriso dele foi se apagando lentamente enquanto ele me dava as costas, voltando a contemplar a paisagem. Sem compreender sua atitude o chamei de novo, mas ele ainda me ignorava. De repente estava a seu lado e estiquei o braço para segurar seu ombro

Amor a provaOnde histórias criam vida. Descubra agora