Nova realidade - Parte 2

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I'm thinkin' bout how
Estou pensando em como
People fall in love in mysterious ways
As pessoas se apaixonam de maneiras misteriosas
Maybe just the touch of a hand
Talvez apenas o toque de uma mão
Me, I fall in love with you every single day
Eu me apaixono por você a cada dia

Ed Sheeran - Thinking Out Loud (Pensando Alto)



A chuva finalmente havia dado uma trégua, porém o céu de Paris permanecia carregado de nuvens cinzentas, deixando a paisagem opaca do lado de fora. Ao contrário de muita gente, Adrien Agreste gostava daquele cenário um tanto quanto melancólico. Era calmante e o ajudava a refletir. Postado em frente a enorme janela de vidro de seu quarto, ele o apreciava, enquanto permitia que seus pensamentos fluíssem, mais precisamente repassando aquele primeiro dia de aula, que, se levasse em conta as três semanas anteriores terem sido de uma correria desenfreada por causa da mudança, poderia considerar como o primeiro dia oficial que realmente voltava a viver em Paris. E como era bom e reconfortante estar de volta à sua terra natal! Não que ele não houvesse tido alguns bons momentos em Minnesota, nos Estados Unidos. Mas seu coração, sua alma sempre estiveram ligados ao seu local de nascimento. Nos últimos meses, sem entender porque, crescia em si uma ânsia de voltar para a França. E ainda que ele tivesse uma facilidade enorme de adaptação e, apesar da pouca idade, tenha se virado muito bem naqueles quatro anos longe, pesava cada vez mais em seu coração, não apenas a saudade de casa, da escola, mas também uma urgência em simplesmente estar naquele lugar. Como se houvesse deixado para trás algo muito importante e valioso, do qual não poderia mais manter-se distante. Era uma sensação premente demais para ser ignorada e graças à Deus sua mãe havia respondido bem ao tratamento realizado na Mayo Clinic*, possibilitando sua alta hospitalar e consequente retorno para casa, estando finalmente curada de sua doença.
Voltar à uma escola francesa também havia sido maravilhoso. Nos últimos quatro anos, devido ao estado debilitado da mãe e a dedicação quase que exclusiva do pai para com ela, a família havia optado pelo sistema de homeschooling* e contratara tutores para auxiliar Adrien em seus estudos. Assim, ele não tivera oportunidade de ingressar em uma escola americana, portanto não conseguira cultivar muitas amizades, além das poucas e rasas que fizera na agência. Agora, no entanto, sentia-se muito animado por poder voltar a frequentar uma escola de verdade. Tanto que, naquela manhã, havia praticamente corrido rumo à instituição, sem sequer esperar pelo motorista. Simplesmente levantara mais cedo do que precisava, se arrumara, tomara o café na companhia do pai que, como de costume, já estava de pé e saíra em passos rápidos, cheios de ansiedade rumo ao Françoise Dupont. Estava louco para conhecer as dependências da escola, os professores e principalmente, fazer novos amigos.
E a experiência havia superado, em muito, suas expectativas. Conhecera pessoas novas com quem já fizera amizade logo no primeiro dia, além de reencontrar sua amiga de infância que, por ser bem popular, lhe apresentara vários amigos também. Tirando a parte desconfortável de ser assediado como uma grande celebridade, o que ele não considerava grande coisa, o restante fora muito divertido e interessante, sendo o ponto alto do dia, sem sombra de dúvida, o prazer inusitado de ter conhecido Marinette Dupain Cheng.

Marinette...

Seus pensamentos se detiveram na garota meio desajeitada e extremamente fofa, que praticamente caíra em seus braços naquela manhã. Um sorriso involuntário surgiu em seus lábios ao lembrar-se da cena ao mesmo tempo cômica e dramática.

Adrien havia acabado de postar-se em frente à turma a pedido da professora Bustier, a fim de se apresentar. Logo que começara a falar, a menina de maria chiquinhas abrira a porta com um estrondo e surgira intempestivamente, com as faces coradas, provavelmente devido ao esforço em subir as escadas correndo por estar atrasada. E então, na intenção de deslocar-se para o seu lugar na turma, ela acabara tropeçando na sua mochila e Adrien só teve tempo de se inclinar para ampará-la com os braços, impedindo que caísse de cara no chão. Marinette era pequena e leve, por isso não lhe exigira muito esforço segurá-la. Esforço mesmo veio depois, quando ela levantou a vista e o encarou com aqueles olhos azuis espetaculares, o deixando com as pernas bambas, dificultando seu equilíbrio em manter os dois de pé.

Amor a provaOnde histórias criam vida. Descubra agora