Escrito por Remane_DarkHeart.
Lucas olhava pela janela do seu quarto, onde as cortinas de renda branca filtravam a luz do sol, criando padrões dançantes no chão de madeira. Aos 28 anos, ele via o mundo com a inocência e o encanto de uma criança. Lucas era portador de uma deficiência intelectual que o fazia pensar e agir de maneira diferente, algo que, infelizmente, o tornava alvo de preconceito e exclusão.
O despertador tocou às 7 da manhã, um som agudo que ecoou pelo pequeno apartamento. Era um dia importante. Ele tinha uma consulta com a Dra. Helena, a psicóloga que o ajudava a lidar com os desafios diários.
— Bom dia, mãe! — disse Lucas, com um sorriso largo e genuíno, ao encontrar sua mãe na cozinha.
— Bom dia, meu amor. — respondeu Dona Marisa, retribuindo o sorriso. — Está pronto para ver a Dra. Helena hoje?
— Sim, mãe. Vou me esforçar para ser forte.
Dona Marisa sempre admirou a força e a resiliência do filho. Apesar de todas as dificuldades e olhares tortos, Lucas nunca perdeu sua bondade e seu desejo de ser aceito.
Na sala de espera do consultório, Lucas sentia o habitual nervosismo. Pessoas o observavam de soslaio, e ele podia ouvir os sussurros e risinhos abafados. Aqueles momentos sempre o faziam questionar seu valor e sua existência.
A porta se abriu, e a Dra. Helena, com seu sorriso acolhedor, chamou Lucas para entrar. Durante a sessão, ela perguntou sobre seus sentimentos e experiências recentes.
— Helena, por que as pessoas me tratam diferente? — perguntou Lucas, com os olhos marejados.
— Lucas, muitas pessoas não entendem as diferenças e têm medo do que não conhecem. Mas isso não significa que você é menos importante ou menos capaz. Seu valor não depende da aceitação delas.
Após a sessão, Lucas e sua mãe foram ao parque. Ele adorava ver as crianças brincando e correr pelos campos verdejantes. Contudo, havia um grupo de adolescentes que sempre o provocava.
— Olha só, o bobo está de volta! — zombou um deles.
Lucas baixou a cabeça, sentindo as lágrimas queimarem seus olhos. Ele queria correr, fugir daquele tormento, mas suas pernas pareciam pesadas.
— Ei, deixem ele em paz! — uma voz feminina se elevou acima do som das risadas.
Era Ana, uma jovem voluntária que trabalhava no parque. Ela sempre foi gentil com Lucas, vendo além de sua deficiência e apreciando sua verdadeira essência.
— Vocês não têm vergonha? Ele é uma pessoa como qualquer um de nós. — disse ela, com firmeza.
Os adolescentes se dispersaram, envergonhados. Ana se aproximou de Lucas e colocou a mão no ombro dele.
— Você está bem? — perguntou ela, com ternura.
— Sim, obrigado, Ana. — respondeu Lucas, secando as lágrimas.
Com o tempo, Ana e Lucas começaram a passar mais tempo juntos. Ela o incentivava a participar de atividades comunitárias e a desenvolver suas habilidades artísticas. Lucas descobriu um talento oculto para a pintura, encontrando uma nova forma de expressar seus sentimentos.
Ana admirava a pureza e a honestidade de Lucas. Ele não usava máscaras, não fingia ser algo que não era. A simplicidade de seu coração era como uma brisa fresca em um mundo cheio de falsidades.
Um dia, enquanto pintavam juntos no parque, Lucas decidiu expressar algo que guardava em seu coração.
— Ana, eu gosto muito de você. — disse ele, hesitante.
Ela sorriu, sentindo uma onda de afeto por ele.
— Eu também gosto muito de você, Lucas. Você é uma pessoa incrível.
Os meses passaram, e a amizade entre Lucas e Ana floresceu em algo mais profundo. Eles se tornaram inseparáveis, compartilhando sonhos e enfrentando juntos os desafios do preconceito.
Mas nem todos viam essa união com bons olhos. Havia aqueles que sussurravam, que julgavam e que olhavam com desdém. Em uma pequena cidade onde a fofoca era rápida e cruel, Ana enfrentou críticas por sua escolha de estar ao lado de Lucas.
— Você merece alguém melhor. — diziam seus amigos.
— Ele nunca vai ser normal. — criticavam outros.
Mas Ana via além das palavras cruéis. Ela sabia que o amor verdadeiro não se baseava em aparências ou habilidades, mas na conexão profunda entre duas almas.
Numa tarde chuvosa, enquanto estavam no abrigo do parque, Ana segurou a mão de Lucas e olhou em seus olhos.
— Lucas, eu quero que você saiba que eu te amo pelo que você é. Não importa o que os outros digam. Você é a pessoa mais especial que já conheci.
As palavras de Ana fizeram o coração de Lucas bater mais forte. Ele sentiu uma onda de felicidade e aceitação que nunca havia experimentado antes.
— Eu também te amo, Ana. — respondeu ele, com um sorriso sincero.
Apesar dos desafios e do preconceito, o amor de Lucas e Ana cresceu. Eles mostraram à comunidade que a verdadeira aceitação vinha do coração e que todos mereciam ser amados e respeitados, independentemente de suas diferenças.
A história de Lucas e Ana tornou-se uma lição de empatia e amor verdadeiro. Através de suas ações e coragem, eles abriram os olhos de muitos para a importância de aceitar e valorizar as pessoas por quem realmente são.
Lucas continuou a pintar, suas obras refletindo a beleza e a complexidade de suas emoções. Cada pincelada era uma expressão de sua alma, uma maneira de comunicar ao mundo sua visão única e valiosa.
Ana permaneceu ao seu lado, apoiando e encorajando-o em cada passo do caminho. Juntos, eles enfrentaram os olhares e os comentários, transformando o preconceito em compreensão e aceitação.
No final, Lucas e Ana provaram que o amor verdadeiro transcende todas as barreiras, mostrando que, mesmo sob a luz do preconceito, o amor pode brilhar com força e iluminar os corações de todos ao redor.
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Projeto Inclusão - Concurso de Escrita.
Short StoryJá pensou no quão pouco de protagonismo os deficientes recebem nos filmes, livros e séries? Então, vamos mudar isso! Dessa vez, nossa autora Lua Santos tomou a iniciativa de criar um evento que conseguisse incluir e protagonizar o romance ou a avent...