Te Vejo Em Minhas Mãos

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Este conto foi escrito por Reidoci.

AVISO: ESTE CONTO POSSUI CONTEÚDO SEXUAL.

— Não!
— Por favor, Jess! — retruca.
— Bernardo, o que vou fazer lá? — digo um pouco alterado. — Eu sou cego, esqueceu? Você vai acabar se agarrando com alguém em algum beco perto da balada, e vou ter que ficar escorado na parede que nem um trouxa esperando VOCÊ voltar! Além disso, se você quiser levar essa “hipotética” garota para casa ou ela te levar para a dela, vou fazer o quê?! — cruzo os braços.
— Por favor, seus pais nem estão em casa, ficarei preocupado te deixando sozinho! — ele sabe que sei me virar e que não é a primeira vez que fico só, mas esta é a voz de um pidão. Imagino que seria o momento em filmes que o amigo convence o outro com uma cara de coitado a fazer algo que não quer e, acredite, nem eu consigo escapar disso.
— Tá bom — Bernardo me abraça, é o jeito dele de me mostrar que estava sorrindo. — Como uma condição: não me largue em uma parede onde alguém tenha mijado.
— Caraca, eu fiz isso?!
Viro na direção da voz e ergo uma sobrancelha.
...
Não demorou muito para chegarmos ao tal clube. Bernardo faz questão de me carregar (sim, praticamente à força!) para qualquer evento. No começo achei que estava tentando tirar vantagens, mostrar-se como o cara legal, o “amigo do cego”. Mas, era um amigo verdadeiro, a ponto de me perguntar se ele deveria chegar em uma garota ou não (lembre-se sou cego!).
Como de costume, encosto-me em um pilar e tento ficar o mais descolado possível. Não minto, estava tentando esconder a deficiência. Algumas pessoas têm o costume de serem babacas quando estão bêbados, então é melhor passar despercebido.
— Jess, ela tá me olhando, a Liz tá me paquerando!
— Não, Bernardo, não!
Estico o braço para tentar alcançá-lo, contudo, ele já havia saído.
— Merda — sussurro.
— Oi! — uma voz masculina.
— Oi — respondo um pouco desajeitado.
— Tudo bom? — o cara parece um pouco tímido. Olha, não tenho super poderes, dá para perceber facilmente o que ele estava sentindo pelo tom da sua voz (Por favor, se você não nota, preste mais atenção nas pessoas que estão falando contigo).
— Sim, e você? — pergunto tentando olhar para onde ele está. Lembre-se, nem todo mundo é legal com cegos.
— Também! Gostei dos seus óculos escuros — disse. Só ali noto o peso dos óculos, não que seja um problema, mas está de noite. Acho que falhei em passar despercebido.
— Valeu. Qual seu nome? — pergunto com um leve sorriso, afinal, pelo menos estava no estilo.
— Miguel! — responde rápido, continua muito nervoso.
Pera aí? O que tá rolando?!
Esse cara tá flertando comigo?
— Eu sou Jess, prazer em te conhecer — tento parecer neutro, também não quero parecer um cara preconceituoso. Tentarei dar um fora nele na maneira certa. Porque, até onde eu sei, sou hétero. Além disso, não tenho certeza se ele realmente está flertando comigo.
— O quê? — ele parece confuso — Ah, claro! Seu nome, Jess, nome bonito. Desculpa não ter perguntado — a ansiedade na voz dele é palpável e até incômoda.
Meu Deus, ele realmente está tentando ficar comigo.
Sinto uma presença e um perfume floral, provavelmente uma garota. Segue-se um silêncio.
— Fernanda, para! Desculpa, é a minha amiga.
— Ela falou algo? — fico curioso.
— Sim, ela é muda. Ela disse que te achou um gatinho — escuto uma pancada. — Eu não vou falar isso!
— Parece que sua amiga gosta muito de você — digo, tentando ser simpático. É a primeira vez que encontro outra pessoa com deficiência em uma festa.
Ela me toca de leve no ombro.
— Ela disse que você é uma boa pessoa.
Tento olhar na direção em que fui tocado e sorrir, mas assim que Miguel faz o mínimo som, volto a olhá-lo. Ainda estou tentando me camuflar.
Só então percebo que o que ele não quis falar agora há pouco, na verdade, é que ele quem me achou “um gatinho”. Sinto um pouco de vergonha no mesmo momento. Acho que meu rosto está corado, e pior, fiquei corado olhando para ele.
— Fernanda, nã-
Apesar do som alto da festa, tenho certeza que ela já saiu.
— Merda — sussurra.
Eu rio.
— Então, Miguel, como é ser abandonado? — digo rindo, pois passei pelo mesmo.
— Ela faz isso toda vez! Fernanda é muito linda, sabe? Acho que isso a dá vantagens com os caras, mesmo sem conseguir se comunicar como a gente.
— Para beijar só precisa da boca, não acha? — dou risada.
— Você também é bonito — diz entre as risadas. Eu o encaro. — Desculpa — diz um pouco envergonhado.
Naquele momento percebi que ele já esperava ser rejeitado. Talvez tivesse percebido que não sou gay. Mas, por algum motivo, não quis dispensá-lo. É a primeira vez que ouço aquilo, que eu sou atraente. Provavelmente não deveria fazer o que estou prestes a fazer. Estico o rosto em direção a ele, esperando que entendesse o recado.
Não demora muito para nossos lábios se encontrarem, e, por Deus, isto é incrível! A boca, o corpo, tudo nele parece desesperado por mim. Eu quero isso!
— Vamos para outro lugar? — pergunta animado.
— Espera — digo.
O clima pesa.
Ah, que se foda.
— Eu sou cego — assumo. Neste momento, sinto o peso do mundo nas minhas costas, o terror e rejeição por ser diferente.
Mas algo me tira desse transe. Um toque, um toque que começa no meio do meu peito e desce por meu abdômen.
— Isso explica essa bengalona aqui — ele para sua mão sobre minha intimidade, por cima da roupa.
Eu coro, mas ao mesmo tempo fico feliz. Seguro sua mão e ele me leva até algum lugar, onde o som era baixo, talvez o terraço.
— Então, como foi que conseguiu ficar “olhando” para mim todo esse tempo? — o Miguel tímido e nervoso volta a transparecer em suas palavras.
— Escuto sua voz e viro a cabeça na direção dela.
— O quê? Não! Desde que encostou naquele pilar, você estava olhando para mim. Até mesmo fez uma pose e... — percebe. — Meu Deus, você não estava olhando para mim!
Rio. Ele parece estar bastante envergonhado, mas sua mão não solta da minha. Percorro o caminho por seu braço até encontrar sua cintura e o puxo para perto.
— Mas, com certeza, se eu enxergasse não pararia de olhar para você... — sua respiração fica forte e consigo sentir os pequenos relevos em seu abdômen. Ele malha!
...Contudo, o que me chama atenção é o relevo dele em meu jeans...
Eu o excitava?
Só este pensamento é o bastante para meu membro responder ao dele. Então, um beijo.
Já estava entregando o meu telefone desbloqueado a ele, para que visse o endereço de onde eu moro, e, quando percebo, já estávamos na porta do meu quarto.
— A gente não deveria fazer isso — Miguel senta na minha cama. Eu continuo de pé, perto da porta.
Suas palavras pareceram mais preocupadas com o que eu posso achar dele do que qualquer outra coisa. Então, arranco minhas roupas, deixando meu membro rígido à mostra.
— Caralho — ele diz. — Que... grande!
— É um problema? — pergunto.
Ele levanta.
— Não — sinto sua respiração próxima a meu órgão...

Recado:

O que foi? achou que eu iria descrever tudo, safado(a)(e)? 🤨🤨

Olá, reidoci aqui! É minha primeira vez escrevendo esse tipo de """conteúdo""". Por favor, tenham piedade.

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