A FLORESTA

"Para que nunca mais haja algum conflito como este, para que não haja mais guerras entre os mais fracos e os mais fortes, para que haja paz, eu, Etenovi, primeira portadora da lendária Ioná e criadora do divino Cálice da Liberdade, faço, com o poder em minhas mãos..."

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Ocara era uma cidade pequena, com 30 mil habitantes ou um pouco menos até, bem no interior do Ceará e não havia nada de "muito grandioso", como shoppings ou cinemas. Os moradores tinham que ir para outras cidades próximas para ter acesso a isso. Como o sequestro dos ADF aconteceu no centro da cidade, a notícia em um dia se espalhou como chamas em uma plantação de trigo.

O pai de Samya e Vitani e a família de Larah quiseram processar os pais de Eloá, pois a hipótese mais lógica parecia ser que a família de Eloá havia os sequestrado. Entretando, havia várias testemunhas de que aquilo não acontecera e, além disso, por que iriam dar um sumiço na própria filha? Era melhor drixar isso com a polícia e rezar para que encontrassem os meninos.

Porém os quatro desaparecidos não faziam ideia do que estava acontecendo, nem com a família na pequena cidade e muito menos com eles próprios em uma floresta.

Samya

Samya acorda com uma claridade forte, que com certeza não era a luz de seu quarto, pois a luz de seu quarto estava sempre apagada e, além disso, não se lembrava de ter voltado pra casa. Quando abriu os olhos e se acostumou com a luz forte, viu apenas uma enorme montanha de cabeça para baixo e as nuvens no chão. Ela não precisou raciocinar muito para perceber que estava pendurada em algo que se enrolava em suas pernas, a uma altura de quase dois metros.

Ela imediatamente levou as mãos à boca, impedindo um grito de desespero, enquanto balançava lentamente de um lado para o outro. Talvez fosse apenas pelo medo, mas ela pensava que o que lhe segurava estava aos poucos se arrebentando, então Samya imediatamente começou a se debater, buscando algo para se segurar e o que achou foi um galho ao seu lado não muito longe, que ela imediatamente agarrou com as duas mãos, ficando esticada para o lado. Naquele momento ela descobriu que era mais flexível do que imaginava.

Sua coluna doía pela posição, mas o medo de cair falava mais alto: "não solte". Olhando em volta, Samya percebeu que a uns dez metros à direita havia um abismo e que, pelo tamanho que as coisas mais distantes pareciam ter, o penhasco era muito alto. À esquerda havia uma floresta, Samya estava na beira dessa floresta, em uma das primeiras árvores, pendurada por cipós grossos emaranhados em suas pernas como se estivessem as corroendo. Na verdade, eram lianas, mas como Samya sempre conheceu como cipós, vai ser assim.

— Meu Deus... — murmurou Samya, porém nem ela mesmo entendeu o que disse, pois a única coisa que ouvia agora era seu coração martelando tão forte que parecia estar prestes a explodir.

Agora que estava em uma posição onde via tudo no lugar, Samya conseguiu ver três silhuetas no chão. Eloá, Larah e Vitani, que por acaso eram as mesmas últimas pessoas que estavam em sua companhia antes de tudo piscar.

— Larah! Eloá! Vitani!— berrou a garota, com a voz trêmula, entre suspiros pesados. O sedentarismo a fazia se cansar facilmente só de estar naquela posição — Puta merda...

Samya se rendeu ao cansaço depois de apenas alguns segundos, soltando aquele galho. Balançou algumas vezes, quase caiu, um dos cipós se arrebentou, mas os outros conseguiram suportar o peso da menina, mesmo que de uma altura mais baixa. Óbvio, o risco de cair havia aumentado.

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