Peguei o ônibus na manhã de sábado, fui informada de que chegaríamos na segunda em Monte Cassino. Lembro de estar ansiosa e muito inquieta no meu assento, dormi a maior parte da viagem, até que paramos para abastecer, eu não desci do ônibus é claro, sempre fui muito anti social.
Quando retornamos a viagem o sono bateu novamente, acordei no susto quando passamos por cima de um quebra mola, me certifiquei de que nada meu caiu no chão, e lá estava minha câmera, caída entre dois bancos, estendi minha mão para buscá-la e uma outra Irmã me ajudou.
- Aqui... - Ela disse, enquanto estendia a câmera para mim.-
Estiquei a mão e peguei a câmera
- Muito obrigada.
Ela assentiu brevemente com a cabeça e voltou a olhar pela janela, naquela hora eu não sabia, mas no futuro seríamos grandes amigas, descobri mais tarde naquele mesmo dia que o nome dela era Lexa.
Guardei minha câmera na bolsa, e então continuamos a viagem, demoramos mais algumas horas até chegar na entrada da abadia. Não consigo explicar em palavras a sensação que tive quando vi Monte Cassino pela primeira vez, eu desci do ônibus junto de minhas irmãs, elas estavam tão fascinadas quanto eu, menos as mães velhas, que já tinham feito essa viagem várias vezes.
Não pude deixar de fotógrafar a vista, era algo para si guardar na memória.
Sinto muito se não consegui transparecer a real sensação que senti quando avistei esse lugar pela primeira vez, são fotos que assim como eu são muito velhas, então por favor, relevem a qualidade.
Caminhei pela longa ponte com as minhas irmãs, até chegarmos em um portão de cobre com letras grandes em latim 'Memento Vivere', até hoje não sei o que significa, e também não tive vontade de perguntar para ninguém.
Passamos pelo portão portão e caminhamos pela floresta, vi um canto bonito que queria voltar mais tarde para fotografar. Enquanto eu estava em devaneio pensando sobre como o lugar era bonito, senti uma cutuvelada leve acertar meu ombro.- Você quer?
A freira que tinha pegado a câmera para mim me ofereceu um cigarro
- não... Obrigada
Ela guardou o cigarro de volta em uma caixinha de prata, e então logo acendeu o que ela estava na boca, deu uma tragada e assoprou pra cima
- Meu nome é Lexa, qual seu nome querida?
Me senti desconfortável, ela parecia ser mais jovem no ônibus, mas agora que eu estava bem perto, percebi que ela tinha por volta de uns 50 anos.
- Meu nome é Samantha
Ela deu outra tragada enquanto andávamos
- Samantha... Samantha.... Não existe nenhuma outra com esse nome aqui, a maioria dessas outras velhas tem os nomes tudo aparecido, ou se chamam de Miranda ou de Sicera. Você parece muito nova, quantos anos tem?
- Dezenove
- Realmente muito nova, o que te fez vim pra cá? Por que não ficou na cidade tomando sorvete e andando de Fusca?
Fiquei quieta, ela estava entrando em áreas desconfortáveis da minha vida, mas eu realmente tinha que ter contanto com pessoas novas, então....
- Meus pais morreram na primeira guerra, nossa casa foi bombardeada e eu fui morar com a minha tia que era ex- freira.
Ela se calou, deu um tragada no cigarro e olhou sério para a floresta, e depois disse:
- Sinto muito pelo seus pais, eu não deveria ter perguntado isso de você assim tão rápido, perdão.
- Não se preocupe.
Ficamos em silêncio até chegar em Monte Cassino, o lugar era mais majestoso ainda de perto, com detalhes em cada centímetro e com estátuas impressionantes, uma delas me chamou atenção mais que as outras, uma estátua de anjo seminua coberta da cintura para baixo com um lençol branco.
Passamos pela entrada principal, e fomos recepcionadas por um padre muito alto:
- Bem vindas Irmãs! Espero que a viagem de vocês tenham sido agradável, as que já são da casa já sabem pra onde ir, as novatas venham comigo por favor.
Eu e mais uma garota seguimos o padre pelos corredores estreitos dessa antiga construção, ele parou na frente de um quarto e destrancou a porta. Nós entramos, e o padre veio atrás de nós.
- Escolham uma cama para vocês, voltarei daqui a alguns instantes com lençóis novos.
E ele saiu, o quarto era pequeno, mas também muito confortável, as paredes tinham uma coloração esbranquiçada como gesso, o chão de carvalho dava um belo contraste. Peguei a cama da direita, enquanto minha colega de quarto pegou a da esquerda.
Eu me sentei na cama e ela fez o mesmo, nos encaramos por um segundo, e então ela falou:
- Meu nome é Filipa - Ela estendeu a mão para mim comprimentar, e eu a comprimentei de volta.-
- Meu nome é Samantha.
- Parece que vamos ser colegas de quarto né
- Sim...
Ela me olhou estranho depois de eu responder, minha falta de entusiasmo não ajudava.
O padre entrou no quarto com dois lençóis dobrados um encima do outro, e algumas fronhas. "Aqui, peguem" ele disse enquanto dava alguns para Filipa e depois para mim. "Arrumem a cama de vocês, e depois desçam para almoçar, bem-vindas a Monte Cassino."
Nessa última parte um arrepio cruzou minha espinha, uma sensação ruim atingiu meu corpo.Ele saiu do quarto, Filipa olhou pra mim e perguntou:
- Você está bem?
- Só um pouco enjoada, deve ser fome.
- Também estou faminta, vamos arrumar logo as coisas, aí vamos poder almoçar.
Concordei com ela e começamos a arrumar as camas, meus lençóis eram cinza com verde, com pequenas costuras de folhas
Depois da cama pronta, nós descemos para almoçar.
Chegamos no salão e várias freiras estavam servindo carnes e batatas cozidas, e claro, todas estavam fumando. O lugar parecia uma fábrica de carvão.
Nos sentamos e começamos a comer.
O resto do dia foi chato, arrumei minhas roupas no meu baú e conheci um pouco do primeiro andar, como um piscar de olhos o dia passou, e eu me vi deitada em minha cama pronta para dormir.
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Amor e Pecado Em Monte Cassino
Lãng mạnNa Itália em 1942, uma freira recém chegada em um convento, acaba se apaixonando por uma estátua de anjo escondida na construção local, juntos eles vivem momentos bonitos e estranhos a pessoas leigas. Essa história pode acabar ofendendo algumas pes...