Amor e Pecado Em Monte Cassino

Amor

Nos dias seguintes após a conversa com Lux, eu voltei todas as noites para velo novamente.

Nós conversamos sobre diversos assuntos, sobre os anos que ele passou encima do telhado de Monte Cassino, sobre as pessoas que ele conheceu e quem ele viu durante esse tempo. Também contei algumas experiências da minha vida, meus traumas e aspirações.

Ele me entendeu desde o início, me deu dicas de como superar o luto. Claramente mais esperto que eu, Lux sabia usar as palavras de forma majestosa, formando significados novos e frases motivacionais naturais.

Eu lia com atenção cada palavra que ele escrevia. Chegou um momento que conversamos tantas vezes, que o caderno que eu dera a ele acabou.

Nesse dia eu fui a cidade com minhas irmãs, e lá eu descobri a notícia que mudaria a minha vida para sempre.

Em uma banquinha do lado da papelaria, uma jornal estava dobrado com a seguinte mensagem:

"Os Nazistas Estão Chegando "

Ao ler isso, um medo crescente nasceu no peito, a guerra estava tão distante de Monte Cassino que eu mal lembrava dela, e agora, simplesmente eles estavam vindo para cá.

Comprei dois cadernos novos na papelaria e depois voltei para Monte Cassino.

Ao chegar lá eu e minhas irmãs fomos abordadas pelo padre:

- Irmãs, vocês estavam fora quando eu dei meu recado, mais irei reforçar ele para vocês agora. Vocês não podem mais ir na cidade, quando quiserem algo de lá pessam a mim, ou ao caseiro. A guerra está se aproximando de nós, as tropas italianas caíram.

"As tropas Italianas caíram, erradicação da paz?"

Passaram-se duas semanas desde esse novo anúncio, a tensão crescia tanto na cidade quanto na abadia.

Fui conversar com Lux sobre o que ele achava sobre isso.

"Essa situação já parecia prevista não acha? Eles estão querendo tomar conta de todos os cantos."

Ele escreveu no caderno enquanto estava sentado no chão.

"Se eles vieram para cá, eu protejo você..."

- como você iria me proteger? Eles iriam ver você. - Eu disse para ele, não fazia sentido sua posição.

" eu faria qualquer coisa para deixar você segura, estou começando a achar que gosto de você."

Era irracional ele dizer isso, e era mais irracional ainda eu sentir o mesmo.

Depois desse dia nossa relação mudou. Sempre que eu chegava para visitar ele,  Lux vinha na minha direção me abraçar, seus braços de mármore eram desconfortáveis, então eu sempre tinha que pedir para ele me segurar devagar.

O dia mais feliz que tive em Monte Cassino foi no dia 10 de maio, nove dias antes do grande terror que nos era destinado.

Nesse dia eu fiquei acordada até de madrugada com Lux, conversámos por muito tempo, até que ele tomou um impulso inesperado.

Ele segurou meu rosto entre suas mãos,  o mármore liso gelou minha pele. Ele se aproximou de meu rosto e me beijou.

Eu não sabia o que sentir, nunca havia beijado antes, não era certo beijar, minha graça era da igreja. Mas com ele era diferente, ele literalmente era um anjo.

Retribuí o beijo, me surpreendi quando sentir sua boca se abrir, pensei que ela era fechada. Nos beijamos mais e mais naquela madrugada, trocamos carinhos e abraços meigos, eu realmente não sabia o que sentir em relação a tudo isso.

Agora, eu realmente preciso de sua atenção para o que vem seguir, sei que por mais bizarro e hilariante essa situação pareça, saiba que eu realmente o amei a cada momento.

O amor no meu ponto de vista sempre foi algo eclético, podemos amar qualquer coisa, portanto que ela não machuque ou traumatize alguém.

Amei Lux de uma forma diferente, eu gostava de sentilo me tocar, me sentia especial por ele gostar de mim também, sabia que o que entíamos um pelo era real, por isso não me distanciei dele.

Eu tinha certeza que no futuro histórias parecidas com a nossa iriam nascer, histórias de amor diferentes, não entre homem e mulher, mas sim entre todos. Isso é bom até certa parte, já que todos podem ter a oportunidade de amar e serem feliz, mais é ruim quando se estende a algo não ético.

Peço a quem ler, que não me julgue. O que irei descrever a seguir pode soar explícito e banal a muitos, pode ofender a moral de quem segue as diretrizes dessa decrépita religião.

Mas novamente, tenho que reafirmar meu ponto, eu era muito jovem e estava procurando conforto em alguém, por isso, não me arrependo de nada, eu faria de novo e de novo sem mudar nada.