Terror Noturno

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Acordei na madrugada do dia seguinte assutada, Filipa havia falado palavras sem sentindo durante a noite, e acabou chegando num ponto em que ela gritou.

Me levantei da cama para acordar ela, Filipa não respondeu de imediato mas logo começou a abrir os olhos, me sentei na beirada de sua cama e perguntei:

- Você está bem?

Ela sem responder se sentou e encostou a cabeça na parede.

-Eu tive um pesadelo horrível....

- Você quer conversar sobre?

Em silêncio ela encarou a luz da lua que entrava pela janela entre nossas duas camas, a iluminação do quarto dava um contraste estranhos em nós duas.

- Eu fui enfermeira do exército a uns anos atrás, trabalhei cuidando dos soldados que vinham machucados das trincheiras, foi um período desconfortável....

Não pude dizer nada para apaziguar sua dor, julguei mal sua aparecia, ela parecia ser tão jovem, até mais jovem que eu. Ela continuou

- Mas a pior parte foi o nosso último dia, estávamos prontos para partir pra cidade, ouvimos boatos de que havíamos vencido, mas então fomos pegos de surpresa na metade do caminho - ela começou a soluçar -  Os alemães deram um bote certeiro, todos os soldados que eu tinha tentado salvar morreram queimados e esmagados por tanques, até o meu o amor morreu ali.....

Ela se calou de vez e começou a chorar, minha reação por instinto foi abraçar ela, me senti mal por toda essa história, não consigo imaginar a dor que ela deva carregar.

- Você quer eu fique junto de você até amanhecer? - eu disse

- Por favor...

Me deitei ao seu lado, aquilo serviu para reforçar nossa amizade.

- Samantha, sinto muito por ter lhe acordado..

- não se preocupe, também tenho pesadelos. Nós temos que imaginar que as pessoas que amamos estão em um lugar melhor.

- juro que tento...

Nós apagamos. Acordamos de manhã cedo e nos trocamos, Filipa disse que iria tomar café cedo para falar com o padre, eu aproveitei a deixa para fotografar o meu canto no quarto:

 Acordamos de manhã cedo e nos trocamos, Filipa disse que iria tomar café cedo para falar com o padre, eu aproveitei a deixa para fotografar o meu canto no quarto:

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Hoje em dias essas fotos ficaram bem mais macabras.

Assim que terminei de bater a foto, fui tomar o meu café, a mesa estava de novo abarrotada, pães e ovos com café e chá, comi uma boa quantidade.

Fui informada as 8h30 que teria que fazer uns trabalhos comunitários para Monte Cassino, os trabalhos incluíam:

°Varrer o pátio
°Ajudar no almoço
°Lavar os lençóis
°Organizar os livros na biblioteca

Comecei varrendo o pátio, uma área muito bonita do castelo onde uma fonte ficava bem no meio, as folhas caim em espiral do céu e se chocavam com o chão, demorei um pouco aqui para garantir que o lugar estivesse bem limpo.

Depois de arrumar o pátio, guardei o material de limpeza em um armário no corredor central, e depois fui ajudar na cozinha.
A cozinha era muito quente e bagunçada, cinco freiras estavam de bata branca cortando legumes e desfiando carnes, perguntei para elas o que eu poderia fazer.

- Você sabe fazer purê? - A mais velha me perguntou, ela tinha dentes amarelos.-

- Sei

- Então é isso que você fará, pegue as batatas debaixo da pia, lave elas e as descasque.

Assenti com a cabeça e fui buscar a caixa debaixo da pia, deveriam ter umas 30 batatas ali, iria ficar ocupada por um bom tempo.

Por volta das 10h eu terminei de fazer o purê, ele ficou  um pouco sem gosto, já que não tinha sal, mas daria um ótimo complemento.

Me despedi das irmãs e fui para lavanderia, uma sala quadrada e de concreto que levava para os fundos da construção, tinham vários tanques de pedra espalhas por todo o cubículo, o vapor tomava conta do lugar. Uma senhora de pele escura me entregou uma cesta de batas, ela me explicou que precisavam ser lavadas com cuidado, e assim fiz.

Depois de lavadas as estendi no varal, roupa por roupa fui pregando na corda,  nesse instante uma coisa bem estranha aconteceu, senti alguém me vigiando de longe, olhei ao redor para saber de onde vinha essa pontada na nuca, foi quando o vi. A estátua de anjo, seminua com o lençol de pedra descendo pelo seu corpo, ele pairava atrás de mim, na parte de cima do telhado, estendia uma cruz na mão e uma espada na outra.

" não é o mesmo anjo" me lembrei, ele não estava no lugar certo, ele ficava lá na frente, a não ser que existiseem duas iguais, afinal, ele não carregava adereços da primeira vez que o vi.

Afastei esse pensamento e entrei de volta para dentro.

Terminei meus afazeres na lavanderia e fui para biblioteca, está foi a parte que mais gostei, uma biblioteca imensa com milhares de livros, ela tinha dois andares e um imenso lustre no meio do salão.

Várias pilhas de livros estavam na mesa, tive que organizalos um por um pelas estantes. Quando terminei resolvi ler um livro sobre a história do lugar, "Monte Cassino: Fundação" era o seu nome.

O livro falava sobre como o lugar fora feito, a história dizia que um santo havia fugido para a a cidade perto daqui, e que ele fundou o lugar para os desabrigados, o seu nome era Lux. Foi ele também que fez todas as estátuas do castelo.

Depois de ler uma parte do livro,  escutei um sino, era meio dia, guardei o livro na estante e fui almoçar.

Depois do almoço opitei por caminhar pelas planícies do lado de fora da construção, vales lindos se estendiam até o horizonte, a brisa forte balançava o meu hábito. Me deitei no campo e olhei o céu,  acabei apagando,  depois de um tempo senti gotas fracas caírem em meu rosto.

Estava chovendo.

Amor e Pecado Em Monte CassinoOnde histórias criam vida. Descubra agora