Rainha Jauregui - Camren

Capítulo 2 - Sem volta

Era uma manhã esplendorosa na encantadora cidade de Mayfer, onde os raios do sol reluziam com uma intensidade singular, como se o próprio astro-rei estivesse ciente de que um evento de magnitude extraordinária estava prestes a se desenrolar nas dependências do magnífico palácio. Este, adornado com flores magníficas e exuberantes, exibia uma beleza sem igual, atraindo a atenção dos nobres que se aglomeravam nas galerias, ansiosos e expectantes para testemunhar a união matrimonial da ilustre princesa Lauren com o respeitável rei Willian. Contudo, é de se notar que, apesar da dignidade e do prestígio que cercavam o rei, Lauren não sentia qualquer sentimento por ele.

A futura rainha encontrava-se em seu aposento, rodeada por um séquito de servas diligentes que se empenhavam em prepará-la para a cerimônia sagrada. Entretanto, seu coração estava imerso em um profundo pesar. Enquanto fitava o espelho, admirando-se no esplêndido vestido de seda branca ricamente bordado com pérolas cintilantes, a imagem refletida não lhe proporcionava a alegria esperada. A perspectiva de ascender ao trono e assumir o papel de rainha era inegavelmente atraente; contudo, contrair matrimônio com um homem desconhecido representava um fardo que Lauren não desejava carregar.

Enquanto as jovens damas ajustavam delicadamente seu véu, Lauren respirou profundamente e decidiu que era imperativo expressar suas angústias.

— Por que todos se encontram tão jubilantes? Estou prestes a unir-me em sagrado matrimônio com alguém cuja verdadeira essência desconheço — Desabafou ela, sua voz tremulando sob o peso da emoção.

As damas trocaram olhares preocupados entre si.

— Mas, minha princesa, este é um dever inadiável! Sua união trará paz e prosperidade ao nosso amado reino — Respondeu uma delas, tentando consolar Lauren com palavras encorajadoras. A voz era familiar. Assim, Lauren virou-se pronta para confrontar a morena que lhe causara desconforto na manhã anterior.

— E quanto ao amor? E à felicidade? Não deveriam ser esses os valores mais preponderantes em uma união matrimonial? — Retrucou a princesa enquanto lágrimas começavam a brotar em seus olhos como orvalho nas flores ao amanhecer.

O som suave da música começou a ecoar pelo corredor do palácio, anunciando que chegara o momento solene de se dirigir ao altar. Com um último olhar carregado de emoções para seu reflexo no espelho, ela levantou-se e seguiu em direção à cerimônia. O grande salão estava repleto de flores exuberantes e velas acesas que criavam uma atmosfera mágica e etérea. No altar, aguardava ansiosamente o rei William.

Quando os olhares dos dois se cruzaram pela primeira vez naquele dia fatídico, Lauren sentiu um frio na barriga que parecia penetrar até sua alma. O rei era gentil e respeitoso em suas maneiras; no entanto, essa amabilidade não era suficiente para acalmar seu coração inquieto e atormentado pelas incertezas do futuro. A cerimônia prosseguiu entre sorrisos forçados e olhares nervosos trocados entre os nobres presentes.

Durante os votos matrimoniais, a futura rainha repetiu cada palavra proferida como se estivesse em um estado de transe profundo. Ao final da cerimônia solene, quando William colocou a coroa sobre a cabeça da nova rainha, ele juntou seus lábios aos dela. Lauren sentiu uma mescla tumultuada de tristeza e resignação se apoderar dela. Ela sabia que agora era oficialmente rainha da Inglaterra, mas a felicidade parecia tão distante quanto um sonho etéreo e inatingível.

Enquanto os convidados celebravam efusivamente com danças alegres e brindes exuberantes no salão principal do palácio resplandecente, a então rainha afastou-se discretamente da festividade. Fitando pela janela do palácio os vastos campos verdejantes que se estendiam além dos muros imponentes da fortaleza real, fez uma promessa silenciosa: lutaria com todas as suas forças para encontrar sua própria felicidade dentro desse novo papel que lhe fora imposto por convenções sociais inflexíveis.