Capítulo 7 - Loucura

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No majestosa biblioteca, a nobre rainha Lauren, envolta por um turbilhão de sentimentos intensos e confusos, foi a primeira a romper o efêmero contato de seus lábios com os de Lady Camila. Com ares de arrependimento e angústia refletidos em seus olhos marejados, recuou solenemente alguns passos, sentindo o peso avassalador da transgressão recém perpetrada. Seu semblante régio denotava uma mistura inquietante de choque e remorso diante da imprudência cometida naquele instante fatídico.

Por outro lado, Lady Camila, com sua expressão grave e determinada, fitava a rainha com olhos repletos de conflito interno, ciente de que aquele breve lapso poderia custar-lhes mais do que suas mentes poderiam conceber. Foi então que a voz trêmula de Lauren rompeu o silêncio pesado que pairava no ambiente impregnado de tensão.

— Oh, minha estimada Lady... Peço-vos perdão! Tal deslize não deveria jamais ter ocorrido... Lamento profundamente por ter sucumbido à impulsividade do momento. — As palavras da rainha ressoavam no recinto silente, impregnadas de remorso e desespero.

Camila, por sua vez, permaneceu em silêncio por um breve lapso de tempo, absorvendo as palavras penitentes da dama. Posteriormente, com voz firme e controlada, começou a expressar seus próprios sentimentos e arrependimentos.

– Lauren... Este foi um erro grave. Não podemos permitir que tal deslize comprometa nossas existências e reputações. Devemos relegar este momento impensado ao esquecimento e prosseguir como é exigido por nossas posições na sociedade.

A tensão entre as duas damas era tangível, cada qual lidando com suas próprias emoções conflituosas e o peso das consequências advindas de seus atos imprudentes. A consciência do equívoco cometido pairava sobre elas como uma sombra ameaçadora, prestes a revelar segredos e abalar estruturas estabelecidas.

Enquanto as palavras de Camila ainda reverberavam no ar rarefeito do salão, a mesma sentiu o peso do remorso e do temor se abater sobre si. Uma expressão de pavor se estampou em seu rosto, seus olhos arregalados refletindo o desespero crescente que se apossava de seu ser.

— Oh, desventura! Este é um erro funesto! Estamos condenadas, Lauren! Condenadas à fogueira, à guilhotina... Não há escapatória das garras impiedosas da sociedade! — Exclamou Camila num tom quase histérico, enquanto suas mãos tremiam nervosamente diante do destino incerto que se delineava à sua frente.

Em tempos idos, a sombria realidade das possíveis consequências daquele momento impensado pesava sobre os ombros das duas damas como uma sentença inelutável. O temor do julgamento impiedoso da sociedade e das autoridades pairava sobre elas como uma ameaça iminente, carregando consigo o peso de sérios infortúnios.

Lauren, ainda aturdida e abalada, esforçava-se por acalmar sua dama de companhia, buscando encontrar alguma solução para a situação desesperadora em que se viam imersas.

— Camila, serenai-vos... Devemos manter a compostura e agir com prudência. Quiçá exista um meio de contornar essa situação delicada sem recorrer a extremos tão drásticos. Urge que ponderemos com clareza e procedamos com cautela a fim de resguardar nossas vidas e honra.

Enquanto as palavras de Lauren buscavam insuflar um lampejo de esperança à atmosfera carregada de medo e arrependimento, a sombra do castigo iminente pairava sobre as duas damas, desafiando-as a enfrentar as consequências de seus atos proibidos e imprudentes. O destino incerto as aguardava, testemunha silente de um instante capaz de transmudar inexoravelmente o curso de suas existências.

— Não compreendeis! Sois oriunda de berço dourado e tendes muito mais do que garantida a existência! Não deveríeis ter perpetrado tal ato, ainda que em aflição e necessidade de conforto e diálogo. Entretanto, era imperativo permitir que tal fato se concretizasse?! — Exclamava Camila, quase aos brados para com a rainha, agitando as mãos ao ponto de desgrenhar os próprios cabelos. Lauren fitava Camila enlouquecer por completo.

— Camila, rogo-vos que vos acalmeis antes que alguém nos surpreenda... — Ensaíva segurar os braços da dama.

— Libertai-me! — Desvencilhou-se abruptamente da soberana. — Vós não fostes compelida a desposar um homem cinquenta anos mais anoso do que vós para alcançardes posição na sociedade, não tivestes que vos humilhar por um bocado mofado de pão, não precisastes fugir da terra natal na tentativa de pôr termo à vossa miséria...

— Camila, lamento sinceramente... — Procurou mais uma vez conter os braços de Camila, mas em vão.

— Tudo isso para ao final serdes enviada à guilhotina por terdes beijado a rainha da Inglaterra. Não tendes vergonha do que acabais de perpetrar, Lauren?

— Camila, escutai... Lamento profundamente, estáveis tão próxima, eu estava extremamente sensível naquele instante, fitando-vos nos olhos... Mil perdões. — A rainha da Inglaterra então se curvou diante de sua dama de companhia, que não podia crer no que acabara de presenciar. — Não desejo macular vossa reputação; se almejardes buscar refúgio em outra nação ou desvanecer-vos para sempre, custearei todas as despesas; contudo, perdoai-me... Não duvideis de minha estima; sois tudo o que possuo neste reino e a única em quem deposito plena confiança.

— Majestade, rogo-vos retornar ao palácio e repousar. O amanhã trará novas oportunidades.

Camila dirigiu-se à porta da biblioteca onde lançou um último olhar ao semblante de sua rainha. A soberana transpôs o limiar.

— Boa noite, Majestade. — Pronunciou Camila e observou Lauren sumir pelos corredores do lar.

Rainha Jauregui - Camren Onde histórias criam vida. Descubra agora