Rainha Jauregui - Camren

Capítulo 3 - Dever do Rei

Episódio sensível🛑

Na noite subsequente, o majestoso palácio resplandecia em um silêncio quase sepulcral, exceto pelo eco distante de celebrações que reverberavam nos suntuosos salões, como um lamento de alegria que contrastava com a angústia que permeava o coração da protagonista daquela história. O rei Willian, imerso em uma impaciência crescente, via sua raiva se intensificar à medida que os ponteiros do relógio se arrastavam, já que a hora da consumação do matrimônio havia transcorrido sem que qualquer ato de união se concretizasse. Este momento, que ele tanto almejara em seus sonhos, não se desenrolava conforme suas expectativas.

Adentrando o recinto, a jovem rainha apresentou-se com os olhos avermelhados e inchados, sinais inconfundíveis de um dia repleto de lágrimas e desgosto. Sua beleza natural parecia ofuscada pela dor profunda que lhe consumia o coração, como uma flor murcha em meio a um campo florido. Ela não desejava estar ali, a imposição de um casamento que nunca desejou pesava sobre seus ombros como uma pesada armadura. A cerimônia realizada fora meramente uma formalidade, uma decisão imposta por suas famílias sem consideração pelos anseios de seus filhos.

— Deveria estar jubilosa, Lauren! — Exclamou Willian com fervor, a frustração transparecendo em cada palavra proferida. — É nosso dever como rei e rainha!

Ela fitou-o nos olhos, as lágrimas escorrendo pelo seu rosto delicado como rios tristes.

— Meu dever? E quanto ao meu coração? Você não compreende que eu não anseio por isso?

A raiva de Willian borbulhou ainda mais intensamente em seu interior. Aproximando-se dela com uma intensidade quase palpável, ele proferiu:

— Você acredita que eu desejei tal destino? Eu sou um rei! Também sou compelido a seguir as ordens de nossos progenitores! Contudo, aqui estamos nós, e é imprescindível que cumpramos com nossas obrigações!

Diante da força dele, Lauren sentiu-se diminuta e insignificante. O desespero tomou conta de sua alma enquanto ele se aproximava ameaçadoramente. Ela recuou involuntariamente, lutando contra o terror que a dominava.

— Por favor… Não me submeta a tal tormento.

Entretanto, Willian estava irremediavelmente decidido. Ele não poderia permitir-se falhar em um momento tão crucial para o reino ao qual governava. Com um movimento brusco e impetuoso, ele segurou os braços dela firmemente, obrigando-a a encarar seus olhos.

— Basta de lágrimas! Este ato é essencial para nosso futuro! — Sua voz soou alta e autoritária, contudo, por trás daquela bravata ressoava uma fragilidade oculta.

Lauren começou a chorar ainda mais intensamente, seu corpo tremendo sob o peso insuportável da situação.

— Eu não posso… eu não quero ser forçada a realizar algo dessa natureza!

A fúria acumulada dentro de Willian explodiu em um grito desesperado:

— Você pensa que eu sinto prazer nesse momento? Eu também estou padecendo! Porém é algo necessário!

Ele a puxou para junto de si com uma força avassaladora; naquele instante fatídico, a pobre rainha sentiu-se completamente perdida em meio ao turbilhão emocional. A luta entre os dois revelava-se como um esforço vã da parte da jovem, pois ela era pequena e fraca diante do poder que ele exercia.

Quando finalmente chegou o instante da consumação do matrimônio sagrado, Lauren encontrava-se em prantos profundos. O ato que deveria ser revestido de sacralidade transformou-se apenas em um símbolo da dor e opressão que lhe consumiam a alma. Willian percebeu as lágrimas dela escorrendo e sua expressão transmutou-se de fúria para confusão.