Capítulo 8.

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— Espionando, porquinho? — É a sua voz que me transfere novamente a tribulação da cena.

O enjoo rói o meu estômago. Não sou capaz de avaliar o cutelo com o resto de epiderme arrancada do indivíduo seminu. Sentado na cadeira, ele está enfurnado nas correntes, as vigas sufocam os membros e distorcem o pus nojento dos hematomas.

— V–Vegas.

— Bem-vindo a minha festinha particular — Ele abre os braços e roda a lâmina prateada. O ar é cortado em um zumm frenético. — Gostou da fantasia? Serve para não me sujar. Aceita uma?

Sem embargo, giro os meus tornozelos e corro de volta à saída. Entretanto, Big agarra os meus ombros e me carrega para o centro da sala gélida. No teto mofado, a lâmpada pisca, pisca, pisca, no compasso da palpitação no meu pomo de adão.

— Para que a ignorância? Seja educado e venha dar um olá ao nosso convidado. Ontem, esse pulguento, estava louquinho para entrar na sua casa, mas o Kinn o deteve.

Finco o meu juízo em Vegas. Existe uma risada arrogante na cavidade manchada de células-tronco. Ainda assim, ele está com o semblante inescrutável e as pupilas escuras revelam um conhecimento que me trava em apreensão.

— Hãn?

— Ali na mesa — Mira o cutelo para o móvel posicionado no canto remoto do recinto. — Veja por si mesmo.

Não me desloco, não há razão, a máscara de cachorro é o único acessório servente para decodificar o que está sucedendo.

— E-ele é um Retalhador da Primeira Família? — Gaguejo. — Esse é um dos caras que está me perseguindo?

— O nome dele é Tawan — Revela. — E meus parabéns, você acaba de ganhar o prêmio de obviedade do ano.

Cravo as minhas unhas na palma da mão, não em virtude do sarcasmo do meu sequestrador. Nem ligo, combina com o seu estilo. Nessa circunstância, o meu fogo está canalizado ao homem que tentou exterminar os meus parentes; e quando menos percebo, estou ajoelhado na frente do sujeito. Pouco me interessa a expressão firme de Vegas, ou a postura estupefata de Big. A cegueira, deferindo trilhões de delírios, dizima o meu psicológico.

O examino. A face está esfacelada, todavia, ele está sorrindo semelhante a um condenado vagando pelo corredor da morte. Não há apavoro patenteado nos seus gemidos, está mais para um afronto por saber que está no comando.

— Pete Saengtham.

— Hey! — Vegas exclama ao pressionar a ponta afiada no maxilar do detento. — Já avisei para ficar quieto.

— Você está vivo.

— Não vou repetir!

— Por acaso você confia nessa gente? Na Primeira e na Segunda Família?

A pergunta me tange. Não expectava que a primeira declaração a evadir dos seus dourados dentes fraturados seria essa. Soou como: qual é o seu time?

Estou inábil em responder com sinceridade.

Eles não me ofereceram nada para ser um deles.

Existe exclusivamente um meio-termo.

— Não, não confio, mas uma metade quase me aniquilou e a outra parte está me protegendo.

Tawan inclina a cabeça e a longa franja castanha não tampa o efeito efêmero desenhado nos seus olhos. Jamais havia experienciado uma mordacidade dessas. Eles não brilham, nem cintilam, não são mundanos.

— Protegendo do que exatamente? Por favor, eles não são seus guardiões, cedo ou tarde, você se queimará no Inferno. Não há escapatória, fedelho.

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