Capítulo 15.

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Sinto como se o meu crânio estivesse sendo acariciado por um martelo. Minha boca está seca e o incômodo decadente se espalha por toda a minha constituição física, abstraindo qualquer energia, uma vez que, esses são os sintomas de uma noite de bebedeira que acabei me doando por puro cansaço do meu passado.

É esta a sensação que meu pai se assujeita ao ingerir as dosagens de Whisky. Ele introduz o entorpecimento para não afrontar o que eu fiz com a nossa família. Dang nunca ergueu um dedo, pois o efeito, em suas correntes sanguíneas, o estorva de lançar os males em mim.

Conjecturo o porquê do pré-alcoolismo, graças ao que estudei sobre essa alcateia:

Porsche, Kinn e Tankhun tirando os irmãos mais novos da linha de frente; o Vegas e London renegando o pai bárbaro; Big querendo o amor, mesmo sendo um garoto rejeitado pelos parentes; e o Arm, que por causa de sua doença, zarpou ao trazer pobreza aos seus pais.

Nenhuma lenda é insólita; elas denotam duas vertentes. A que confessamos aos mais próximos, e aquela que encapamos dos julgamentos. É a tal “máscara”, que nos resguarda de nós mesmos.

Vovó sempre esteve ciente: sou empático com os ferimentos ignotos. Deve ser por esse alardo que quando Vegas chorou nas Masmorras, soube que ele é tão apegado às mágoas, quanto eu.

E decifrarei cada uma de suas reminiscências. Não na justificativa de utilizá-las contra ele. E sim pelo motivo de se eu serei um cadáver, que seja por uma razão válida.

Só que não hoje, apenas quero ficar deitado e esquecer da minha existência.

Ressaca da desgraça!

— Pete — Grudado no meu tronco, Arm resmunga. — Está surdinho? A porta.

Tock, tock; alguém está batendo há uns minutos. Eu não estou com disposição para atender, nem aguentar a advertência sobre a bagunça no térreo e no quintal, durante a despedida de solteira.

Recordo superficialmente de como regressei à Batcaverna. Depois de adormecer na grama, com a noiva massageando os meus cabelos, me hospedei em braços, os quais, o dono me carregou até a cama.

Na curvatura do pescoço, o seu perfume era cítrico e leve.

— Vai você — Afasto o seu corpinho com o pé e me viro, ansiando em retrogradar aos meus sonhos. A única maneira de reencontrar com o Royals.

— O quarto é meu, brô. Eu que mando nessa bagaça, então levanta a bunda daí e vai ver quem é.

Se eu acertá-lo com o playstation, estarei em uma grande ou pequena encrenca?

— Tá — Reclamo. — E pare de me agarrar, odeio dormir de conchinha.

Não é verdade, adoro me encolher sob os lençóis, sentindo o calor excitante alinhado ao meu. Porém, Arm Asavapatr não é o…

— Me erra, Pete — Meu colega amola com o semblante surrado na fronha do Deadpool.

Contra a gosto, me desloco molengo às batidas incessantes. Na décima quinta, deduzo ser importante e puxo a maçaneta.

Com a corrente de ar, os fios loiros sobressaltam dos olhos borrados com uma tintura ímpar, o descontentamento. Nem a maquiagem escura cobre as suas emoções.

— Buenos días — London articula com uma expressão triste. — Você e o Arm se arrumem, vamos visitar o tio Korn.

O pai do Kinn, Kim e Tankhun…Ele está vivo?

E por que tenho que ir?

Antes que eu consiga questionar, ela se ausenta como se tivesse se preservando de si mesma, ou de algo pior.

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