Narrador Laura
Ontem tive uma das conversa mais difíceis com o neto, ele me contou que se inscreveu pra fazer o curso do BOPE, meu coração ficou pequeno, alguma coisa me diz que isso não vai ser bom pra gente.
Mas como eu foi falar pro homem que eu amo que ele vai deve fazer o que ele quer porque eu tô com medo ?
Eu não posso atrapalhar os sonhos dele, porque os sonhos dele também tem que ser os meus.Hoje sai pra mais um plantão, 24h vendo pessoas entrando e saindo do hospital.
Alguns vítimas de bala perdida, outros traficantes sim, foram atingidas em guerras nas favelas, mas eu tô aqui pra fazer meu trabalho.Chegando no hospital, troquei de roupa, coloquei minha roupa máscara e desci pra emergência.
- Bom dia Maria, pode me passar como foi o plantão ?
- Bom dia Laura, então os paciente dos leitos 2 e 3 estão aguardando pra fazer uma ressonância, o leito 6 está aguardando resultado de exame e o leito 8 vai precisar internar, os outros leitos estão vazios, e... - a passagem de plantão foi interrompida como vários PMS entrando na emergência segurando um homem.
De forma rápida reparei que eles usavam uma roupa preta.Todos nós organizamos e começamos a atender, ao que entendemos de primeiro momento era que ele tinha sido baleado em uma operação no morro.
Havia perdido muito sangue no trajeto ao hospital, fizemos todos procedimento possível e ele subiu pra cirurgia.
Todos eles ficaram esperando, andando de um lado pro outro e a cada cinco minutos vinham nos perguntar notícias.Tempo depois chegaram 3 pessoas, 1 havia sido baleada também, numa movimentação rápida todos eles ficaram de pé, eu me assustei, o meu trabalho era não deixar aquela pessoa morrer ali.
Eles ao verem que tinha policiais ali, começaram a querer voltar e eu fui na direção deles.
-Ei, ei - os chamei e eles me olharam - Espera, eu vou ajudar vocês
- Olha Dr, né por nada não mais a gente vai levar ele pra outro lugar - disse olhando pros policiais que também o encaravam
- Oh, vem eu ajudo vocês, pode confiar em mim, o amigo de vocês não está bem, ele está sangrando.
-Ta dr, mas depois que ele tiver bem nois vai embora
Puxei uma maca e o deitei, levando ele pro leito 7 e fechando uma das cortinas.
Tirei o pano de cima da ferida e vi que ele havia levado um tiro de raspão.Sem que eu percebesse, um policial entrou onde nós estávamos e apertou o pescoço do paciente.
- Que isso.. solta ele - peguei em sua mão e puxei - você não pode fazer isso
* foi esse filha da puta que atirou no policial que está a beira da morte - disse com o rosto enfurecido
- Mas aqui você não pode fazer isso, o meu dever é não deixar ele morrer assim como eu fiz com seu amigo, preciso que você se afaste do meu paciente- disse entrando na frente
* quer dizer então que a senhora defende traficantezinho de merda ?
- Aqui a questão não é essa, de defender ou não, mas aqui não é local do sr.. como é seu nome ?
*Capitão Nascimento
- Aqui Capitão Nascimento, não é local pro senhor resolver as suas questões com quem deve ou não morrer, ele entrou aqui como meu paciente, devo tratar ele como qualquer outro, e se for necessário, pra garantir isso entrar na sua frente, eu irei, então peço que o senhor se retire e aguarde notícias do seu amigo lá fora - disse ofegante e nervosa
- Essa porra não vai ficar assim - disse olhando pro homem deitado na maca e apontando o dedo no rosto.
Terminei de atender o paciente, que só precisava de alguns pontos já que não havia pego nenhum vaso importante, quando a notícia veio, o policial em cirurgia não havia resistido às complicações, eu sabia que aquilo não ia dar bom, justo no meu dia.
Eu vi alguns polícias derramarem lágrimas, outros ficaram perplexos e depois que pude perceber que eles eram do BOPE.Daqui pouco tempo o meu Neto, faria parte deles e doeria em mim ver o que aconteceu com aquele homem, poderia acontecer com meu noivo.
O restante do foi pesado, quando acontece esse tipo de coisa deixa tudo mais pesado, faltando poucas horas para que eu fosse embora, chegou uma ambulância, o que saiu de lá me assustou, um homem que não me parecia estranho com diversos tiros.
Quem o olhava dizia que ele não tinha mais vida, e eu estava certa.
O mesmo homem ao qual eu havia atendido mais cedo, estava ali, mais agora não havia vida mais, só um corpo.
Eu sabia que aquilo tinha sido uma troca, a vida de PM custou a vida dele, claro que nesse necessário não deveria ter em conjunto a morte, mas aqui é a assim, ninguém tira a vida de um PM e fica ileso.
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Amor Fardado
Fiksi PenggemarLaura que após a morte de seu noivo Neto, acaba por se envolver com o então chefe de seu noivo falecido - Roberto Nascimento, mais conhecido como Capitão Nascimento, após ele prometer cuidar dela caso algo acontecesse com ele. Será que toda essa hi...