Ciúmes de você: Missão dada é missão cumprida

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Valentina estava no quarto, as mãos trêmulas de raiva enquanto olhava para o celular. Luiza tinha chegado tarde noite passada, ela se afastou e a morena sequer mandou uma mensagem pedindo desculpas por ter errado. Dessa vez, Valentina não conseguiu segurar a raiva. Não queria ver Luiza tão cedo, nem se ela decidisse correr atrás. E decidiu, dois dias depois, quando viu que a dona dos olhos verdes não iria ceder tão fácil.

Nos dias seguintes, Valentina evitou Luiza. Se trancou em seu próprio mundo, recusando-se a atender ligações ou responder mensagens. A situação atingiu seu ápice quando seus pais decidiram viajar, deixando a casa sob responsabilidade dela. Ela pensou em chamar algumas amigas para se acostumar, pois as viagens que segundo sua mãe tinha previsão de uma semana ou duas, quase sempre resultavam em três semanas ou um mês e meio.

Quando os pais de Valentina comunicaram por alto em uma mensagem sobre a tal viagem, Luiza tomou uma decisão. Mesmo com a discussão ainda fresca em sua mente, ela decidiu que não deixaria Valentina sozinha. Seria uma boa oportunidade de esclarecerem os papéis em sua dinâmica Ageplayer na relação e o que eles significavam quando optaram por este acordo. Luiza Ligou para os pais dela e combinou de passar a semana na casa da namorada, bem como todo o tempo em que Catarina e Marcos estivessem fora.

Na sexta-feira, Valentina acordou e ouviu vozes vindas da sala. Ela reconheceu a voz de Luiza e sentiu o coração apertar. Tentou sair de fininho, mas a tábua do assoalho rangeu sob seus pés fazendo com que todos virassem os olhos em sua direção.

- Valentina, meu amor! Que bom que acordou, venha aqui! - chamou sua mãe. Relutante, Valentina entrou na sala, evitando olhar diretamente para Luiza.

- Olha quem está aqui para te fazer companhia essa semana! - disse sua mãe com entusiasmo. - A Luiza teve a gentileza de se oferecer para ficar aqui com você enquanto viajamos.

- Ah...
Valentina lançou um olhar rápido para Luiza, que sorriu timidamente. Ela não sabia o que dizer, ainda sentindo a dor da briga recente.

- O que foi, não gostou? Vocês sempre foram melhores amigas..- disse Catarina, fazendo Marcos rir e as meninas engolirem em seco. -Por falar nisso me estranha que você mesma não tenha chamado sua amiga para ficar aqui conosco esses dias. Achei até que tinham cortado a amizade.

- Não, nada semelhante, Catarina. Apenas problemas pessoais com meus pais.

- Achei que você morasse sozinha, Luiza.

- E moro!, mas eles vieram visitar e a casa esteve um caos. Eu sequer pude receber a Valentina com a cordialidade que ela merece, quem dirá ter tempo de vir até aqui.

- Entendo, claro. - A loira sorriu bebericando de seu chá. - Mas que bom que tudo se resolveu logo e acabaram-se os maus entendidos. Será bom para Valentina ter você aqui esses dias. Sabe que detesto essas outras amigas dela?

- Catarina, por favor!- grunhiu Valentina. - Não vejo a hora de acabar logo a reforma do meu apê.

- E vai fazer o que? Obrigar Luiza a morar com você? Faça-me o favor, Valentina, você detesta dormir sozinha.

- Não preciso dormir sozinha. - ela deu de ombros sob o olhar atento de Luiza. - Tico sempre me fez companhia.

- Seu irmão não vai ser seu grude para sempre.

- Sempre me virei, isso é o que importa. Não aguento mais morar nessa casa imensa, sinto falta do meu canto, de poder receber minhas visitas sem todo esse seu fuzuê.

-Sempre rebelde, Valentina, você não tem jeito.- A mais velha bufou diante do olhar entediado da filha e do semblante divertido do marido. Luiza só prestava atenção na forma como o diálogo se desenrolava.

-E, aliás, Valentina teve algumas amigas aqui essa semana, não foi, querida? - acrescentou seu pai, inadvertidamente piorando a situação. - Até foram à praia juntas.

Valentina sentiu o rosto queimar olhando para Luiza. Ela sabia que se tinha algo que pudesse piorar, piorou de vez.

- Papai, por favor - murmurou, mas já era tarde demais.Luiza arqueou as sobrancelhas, surpresa.

- Praia com amigas, hein? - disse ela, tentando manter a calma.Os pais de Valentina riram, alheios à tensão.

- É, ela esteve bem ocupada - completou sua mãe. - Já falei que não suporto essas garotas? É capaz de Valentina cada dia chamar uma delas para dormir com ela quando se mudar.

- São tão próximas assim?- questionou Luiza.

Valentina fechou os olhos, desejando poder desaparecer. Finalmente, Luiza quebrou o silêncio.

- Nem tanto Lu, são apenas amigas de um tempo atrás, minha mãe que é exagerada.

- E eu conheço elas? Achei que eu fosse sua "amiga" mais antiga.

- E você é, mas já faz um tempo que conheço essas meninas e você... talvez conheça elas.
- Acho que precisamos conversar bastante hein. - disse ela suavemente disfarçando um riso irônico,, olhando para Valentina com um misto de tristeza e compreensão.

Valentina assentiu, sabendo que não podia mais fugir da situação. Com um suspiro profundo, ela seguiu Luiza até o quarto, onde finalmente enfrentariam seus sentimentos.

- Luiza por favor, põe juízo na cabeça dessa garota e não deixe ela me inventar de namorar com uma delas. Seria um desgosto total para mim como mãe.

- Seria um desgosto sua filha ser lésbica?

- Não. Veja bem, eu jamais reclamaria da opção sexual da minha filha.

- Orientação.

- Como?

- Se diz orientação, Cat. - Luiza se forçou a ser simpática.

- Certo. Então, eu jamais reclamaria da orientação sexual da minha filha mas namorar uma delas seria desgraça total.

- Não é mesmo preconceito?

- Jamais, veja bem, se ela decidisse namorar alguém como você, não haveria problema algum. Mas uma delas seria o meu fim.

- Porque será que sua mãe odeia suas amigas, Valen?- Luiza perguntou fazendo um carinho na cintura da namorada que terminou em apertão.

- N-não sei, Lu.

- Ah, sabe. Como sabe. Mas bom, é isso. Por favor, Luiza, cuide bem da minha filha essa semana e não deixe ela se envolver com essas garotas. É tudo o que te peço.

- Missão dada é missão cumprida, Cat! - Luiza riu.

Valu - Ageplay + 18Onde histórias criam vida. Descubra agora