Capítulo 3: Primeiros Passos e um Selvagem.

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Rosella

A luz da manhã se filtrava pela janela do quarto, iluminando o ambiente de uma forma suave e acolhedora. Eu estava acordada há alguns minutos, ainda me acostumando ao novo ambiente. A cama era realmente confortável, como havia mencionado a Levi, mas a mudança de cenário ainda era uma novidade.

Levantei-me e me vesti com um vestido simples e leve, apropriado para o trabalho na fazenda. O tecido era de um beje claro, com mangas curtas e uma saia que chegava até os tornozelos. Prendi o cabelo em um rabo de cavalo para mantê-lo fora do rosto. Desci as escadas e encontrei Maria e Levi na cozinha, prontos para começar o dia.

Depois de um rápido café da manhã, Levi me levou para os campos. Sua presença era reconfortante, embora ele fosse um homem de poucas palavras. Eu o observava enquanto ele me explicava cada aspecto da fazenda, sentindo uma mistura de admiração e nervosismo.

— Esta é a nossa casa agora — disse ele, apontando para os campos. — É um lugar bonito, mas também exige muito trabalho.

— Estou pronta para aprender, Levi. Quero ajudar no que puder.

Ele assentiu, e começamos com as tarefas do dia. Levi me mostrou como alimentar os animais e cuidar dos estábulos. Suas mãos eram um reflexo dos anos de trabalho duro. Eu tentava imitar seus movimentos, embora ainda me sentisse desajeitada.

— Obrigada, Levi — disse, olhando para ele com sinceridade. — Sei que não vai ser fácil, mas estou disposta a tentar.

— E eu estarei aqui para te ajudar — respondeu ele, com um sorriso raro. — Juntos, vamos fazer isso funcionar.

O dia passou rapidamente, e eu comecei a me sentir mais à vontade. As tarefas físicas eram desafiadoras, mas também gratificantes. Cada pequeno sucesso, como aprender a cuidar dos cavalos, me dava uma sensação de realização que eu não sentia há muito tempo.

No final da tarde, enquanto voltávamos para a casa principal, avistamos algo ao longe. Era um cavalo selvagem, pastando sozinho perto do riacho.

— Olha aquilo — disse Levi, apontando. — Um cavalo selvagem. Não é comum vê-los tão perto da fazenda.

Me aproximei lentamente, admirando a beleza do animal. Havia algo nele que me atraía, uma conexão inexplicável.

— Ele é lindo — murmurei, quase para mim mesma.

Levi sorriu levemente.

— Pode ser perigoso se não soubermos lidar com ele. Mustangs são perigosos. Vamos observar de longe, por enquanto.

Enquanto o cavalo bebia água do riacho, senti uma onda de esperança. Talvez, assim como aquele cavalo, eu pudesse encontrar meu lugar aqui, selvagem e livre, mas parte deste novo mundo.

Naquela noite, deitada na cama, refletia sobre o dia. Levi era uma presença constante e firme, mas ainda misteriosa. Havia algo nele que eu queria entender, um passado que não conhecia. Sabia que ganhar sua confiança levaria tempo, assim como eu precisava ganhar a minha própria confiança na vida na fazenda.

O primeiro dia havia sido exaustivo, mas de uma forma boa. Eu podia sentir que estava começando a construir algo novo, algo próprio. E com Levi ao meu lado, talvez fosse possível não apenas sobreviver, mas realmente viver aqui.

No dia seguinte, acordei com um misto de ansiedade e determinação. Vesti-me novamente com um vestido simples e amarrando o cabelo em um coque apertado, pronta para encarar mais um dia de trabalho.

Quando saí de casa, Levi já estava esperando por mim, com aquele olhar firme e determinado que começava a se tornar familiar.

— Pronta para mais um dia? — perguntou ele, com um sorriso discreto.

— Pronta — respondi, sentindo uma nova confiança em minhas palavras.

Juntos, caminhamos para os campos, prontos para enfrentar os desafios e as recompensas que o dia traria. Com cada passo, sentia-me mais conectada a este lugar e às pessoas que nele habitavam. E sabia que, com o tempo, esse sentimento só iria crescer.

(...)

Após o almoço, enquanto Levi estava ocupado arrumando o celeiro, decidi explorar um pouco por conta própria. Lembrei-me do riacho onde vimos o cavalo e fui até lá, tomando cuidado para não ser vista por Levi. Não queria preocupar ninguém, mas algo naquele cavalo me chamava.

Quando cheguei ao riacho, fiquei aliviada ao ver que o cavalo ainda estava lá, bebendo água calmamente. Ele era magnífico, com um pelo marrom brilhante e olhos inteligentes que pareciam observar tudo ao seu redor.

— Você é um Mustang, não é? — murmurei para mim mesma, lembrando as palavras de Levi.

Aproximei-me devagar, tentando não fazer nenhum movimento brusco. O cavalo levantou a cabeça e me observou, mas não pareceu alarmado. Respirei fundo e dei mais alguns passos, sentindo uma conexão inexplicável com aquele animal selvagem.

— Ei, garoto — sussurrei, estendendo a mão lentamente. — Tudo bem, eu não vou te machucar.

O cavalo ficou parado, ainda me observando. Senti meu coração acelerar com a emoção do momento. Estava quase ao alcance dele quando ouvi um barulho atrás de mim.

— Rosella! — a voz de Levi soou firme e preocupada ao mesmo tempo.

Virei-me rapidamente para vê-lo caminhando em minha direção, o rosto sério.

— O que diabos você pensa que está fazendo? — ele perguntou, sua voz baixa mas carregada de preocupação.

— Eu só... eu só queria me aproximar dele — respondi, sentindo meu rosto ficar vermelho.

— Eu disse que é perigoso — ele retrucou, pegando meu braço gentilmente mas com firmeza. — Mustangs são selvagens e imprevisíveis. Você poderia ter se machucado.

Olhei para o cavalo, que ainda nos observava com seus olhos inteligentes, e depois de volta para Levi.

— Eu senti uma conexão com ele, Levi. Não sei explicar, mas senti.

Levi suspirou, soltando meu braço mas mantendo o olhar firme.

— Eu entendo, mas você precisa ser mais cuidadosa. Este lugar é bonito, mas também pode ser implacável. Prometa que não vai fazer isso de novo sem me avisar.

Assenti, percebendo a sinceridade em suas palavras.

— Prometo. Desculpe por preocupá-lo.

Ele relaxou um pouco, mas ainda parecia sério.

— Vamos voltar para a casa. Há muito trabalho a ser feito.

Caminhamos de volta juntos, em silêncio, mas com uma nova compreensão entre nós. Eu sabia que Levi só queria me proteger, mas minha curiosidade e desejo de conectar-se com este novo mundo eram fortes.

Enquanto trabalhávamos durante o resto do dia, meus pensamentos continuavam voltando ao Mustang. Eu sabia que teria que ser paciente e cuidadosa, mas sentia que aquele cavalo fazia parte da minha jornada aqui. E, de alguma forma, sentia que Levi estava começando a entender isso também.

The proof of Balas (A prova de Balas)Onde histórias criam vida. Descubra agora