Capítulo 12: A Sombra da Intimidação.

17 6 0
                                    

————————𓃗𓃗————————

Rosella

Atenção: Esse capítulo pode ser
sensível para algumas pessoas.


O Sol estava se ponto quando comecei minha caminhada de volta à fazenda. O incidente com o Mustang, ainda pairava na minha mente, deixando-me inquieta. Aquele cavalo selvagem avia despertado algo em mim, uma conexão inexplicável que agora parecia quebrada. Mas, mais do que isso, estava a sensação de estar sozinha, enfrentando um mundo imenso e desconhecido.

O vento do deserto sussurrava entre
as árvores, e o céu já começava a
tingir-se de um laranja profundo,
prestes a ceder ao manto negro da
noite. Meus pés estavam cansados, e
cada passo fazia o peso dos
acontecimentos parecer ainda mais
sufocante. Era estranho como, em tão
pouco tempo, minha vida havia
mudado drasticamente.

Enquanto meus pensamentos
vagavam, ouvi o som de cascos se
aproximando. Meu coração apertou, e
uma onda de desconforto percorreu
minha espinha. Silas McGraw surgiu à
frente, montado em seu cavalo, com
aquele sorriso arrogante que eu tanto
desprezava.

— Sozinha de novo, Rosella? —Sua voz
Soou com um tom de falso interesse,
que apenas intensificou minha
sensação de perigo. — Parece que
você tem um talento para se meter em
problemas.

Tentei manter a calma, mas o medo
Começou a crescer dentro de mim.

— Estou indo para casa, Silas. Não tenho tempo para conversas. — Ele riu, um som seco e frio.

— Ah, mas eu acho que temos muito a conversar. — Desceu de seu cavalo com uma lentidão calculada, como um predador que avista sua presa indefesa.  — Especialmente sobre aqueles seus novos amiguinhos indígenas.

A proximidade de Silas fez meu
estômago revirar. Sua presença era
sufocante, e o modo como ele se
movia me deixava cada vez mais
encurralada.

— Não tenho nada a dizer
a você. — repliquei, tentando soar
firme, mas a tremedeira na minha voz
era inconfundível.

Ele deu um passo à frente, reduzindo
ainda mais a distância entre nós.

—  Ah, Rosella... Você está tentando ser
corajosa, mas vejo o medo em seus
olhos. — Sua mão alcançou meu rosto,
mas eu recuei rapidamente, sentindo
uma pontada de pânico.

—  Não me toque — exigi, mas minha
voz saiu mais fraca do que eu queria.

Silas ergueu as sobrancelhas,
surpreso, mas divertido

— Está vendo? E disso que gosto em você. — Ele inclinou a cabeça, observando-me com um olhar predatório. — Você tem fogo,
e isso é raro por aqui. Mas, querida,
fogo precisa ser controlado, ou pode
acabar queimando quem não deve.

Minha mente estava girando, buscando desesperadamente uma forma de sair daquela situação, mas Silas era implacável.

— Vamos fazer um acordo, Rosella. Você quer que eu alivie a situação dos seus amigos indígenas? Então me mostre um pouco dessa coragem que você tanto preza.

Meu coração acelerou, e o pavor
começou a se transformar em algo
mais palpável.

— Nunca! — respondi, meu tom cheio de desprezo.

Ele sorriu, um sorriso cruel e cheio de
intenções sombrias.

— Não seja tola. O que é um pequeno sacrifício comparado à paz dos seus amigos? Eu sei que você se preocupa com eles. E, no fundo, sei que você gosta do perigo... dessa adrenalina.

Silas deu mais um passo, encurtando
a distância entre nós, até que eu senti
a casca áspera da árvore atrás de
mim. Eu estava encurralada. Ele
colocou uma mão ao lado do meu
rosto, bloqueando minha fuga.

— Vamos, Rosella... Não torne isso mais difícil do que precisa ser.

Senti sua respiração próxima demais,
e o terror me dominou. Ele aproximou
ainda mais o rosto do meu, o hálito
quente e desagradável invadindo meu
espaço pessoal.

— Silas, pare!  — tentei empurrá-lo, mas ele segurou meus pulsos, prendendo-me contra a árvore com
uma força que eu não podia contrariar.

— Você quer proteger aqueles
selvagens? Então prove que está
disposta a fazer sacrifícios por eles —sussurrou ele, suas palavras cheias de
veneno.

Minha visão começou a ficar turva
pelas lágrimas que tentavam escapar,
mas eu não podia deixar Silas vencer.
Com a última gota de força que me
restava, tentei me debater, mas ele era muito mais forte.

— Não! — gritei, finalmente
conseguindo chutar sua canela, o que
o fez soltar um gemido de dor e recuar
alguns passos.

Aproveitei o momento e corri, sem
olhar para trás, os pés batendo com
força no chão seco enquanto o
desespero me guiava de volta à
fazenda. As lágrimas finalmente
rolaram pelo meu rosto, misturadas
com a poeira do caminho.

Minhas mãos tremiam, e minha mente estava uma confusão de medo e indignação. Silas tinha cruzado uma linha, e eu sabia que aquilo não poderia ficar assim.

Quando finalmente avistei a fazenda,
meu corpo estava exausto, e minha
mente, ainda em choque. Ao longe, vi
Levi saindo do estábulo, e por um
instante, toda a força que eu havia
reunido até aquele momento pareceu
desmoronar.

— Rosella! — Levi gritou ao me ver, sua voz carregada de preocupação. Ele
correu em minha direção, e ao chegar
perto, viu meu estado. — O que
aconteceu? Você está machucada?

Eu mal conseguia respirar, e tudo o
que consegui fazer foi desabar em
seus braços. As lágrimas que eu havia
tentado segurar finalmente
explodiram, e todo o meu corpo tremia descontroladamente. Levi me segurou com força, sua presença sólida sendo a âncora que eu precisava para não desmoronar completamente.

— Ele... ele tentou... — comecei a dizer,
mas as palavras falharam, presas na
minha garganta.

Levi franziu o cenho, a preocupação
em seus olhos rapidamente sendo
substituída por uma fúria silenciosa.

— Silas? — perguntou, já sabendo a
resposta.

Assenti, incapaz de dizer mais nada,
apenas sentindo a raiva e a dor
borbulhar dentro de mim. Levi me
puxou para mais perto, sua mão firme
nas minhas costas enquanto ele
sussurrava palavras tranquilizadoras.

— Vou cuidar disso, Rosella. Eu juro.
Ele nunca mais vai chegar perto de
você — disse ele, sua voz carregada de
uma determinação fria.

Eu me agarrei a Levi, sentindo a
segurança que sua presença trazia.
Apesar de tudo, ali, nos braços dele,
me senti um pouco mais protegida.
Mas sabia que as coisas haviam
mudado para sempre, e que, de alguma forma, eu teria que enfrentar o que estava por vir.

The proof of Balas (A prova de Balas)Onde histórias criam vida. Descubra agora