Capítulo 5: Dominando o Selvagem.

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Rosella

O sol começava a se pôr quando Levi e eu terminamos de descarregar os suprimentos. Sentia-me exausta, mas satisfeita com o trabalho feito. A presença de Levi ao meu lado me dava uma sensação de segurança que eu começava a valorizar cada vez mais.

Depois de um jantar tranquilo com Maria e Rodrigo, decidi dar uma volta pela propriedade para clarear a mente. Os campos estavam banhados pela luz suave do entardecer, e o ar fresco era revigorante. Enquanto caminhava, meus pensamentos voltaram ao cavalo selvagem. Havia algo nele que me atraía, uma conexão que eu não conseguia ignorar.

Caminhei até o riacho onde o havíamos visto antes e, para minha surpresa, lá estava ele novamente, pastando calmamente. Meu coração acelerou com a visão do magnífico Mustang. Olhei ao redor para me certificar de que Levi não estava por perto, sabendo que ele não aprovaria o que eu estava prestes a fazer.

Aproximei-me lentamente, tentando não assustar o cavalo. Ele levantou a cabeça e me observou com seus olhos inteligentes, mas não se moveu. Respirei fundo e estendi a mão, tentando transmitir calma e confiança.

— Ei, garoto — sussurrei. — Sou só eu de novo. Tudo bem, não vou te machucar.

O cavalo permaneceu imóvel, permitindo que eu me aproximasse ainda mais. A adrenalina corria pelo meu corpo enquanto eu levantava a mão para tocar seu pescoço. O pelo era macio e quente sob meus dedos, e por um momento, senti que havia estabelecido uma conexão real.

Impulsionada por uma coragem repentina, decidi tentar montar o cavalo. Sabia que era arriscado, mas algo dentro de mim insistia que eu precisava fazer isso. Lentamente, deslizei minha mão ao longo do seu corpo, tentando tranquilizá-lo.

Coloquei um pé no estribo improvisado que criei com uma corda e, com um movimento cuidadoso, tentei subir. Por um breve momento, tudo parecia estar indo bem. Estava montada no cavalo, e ele permanecia calmo.

Mas então, algo o assustou. Talvez fosse o som de um galho quebrando ou simplesmente o instinto selvagem despertando. O Mustang começou a se mover abruptamente, sacudindo a cabeça e relinchando alto. Tentei me segurar, mas os movimentos eram rápidos e imprevisíveis.

— Calma, calma! — gritei, tentando acalmar o cavalo, mas era inútil.

Ele começou a galopar descontroladamente, e eu me segurava com todas as minhas forças, sentindo o medo tomar conta de mim. Cada sacudida e cada salto me faziam perder o equilíbrio. Finalmente, com um movimento brusco, fui jogada para o lado e caí pesadamente no chão.

A dor foi instantânea e avassaladora. Senti um forte impacto na cabeça e no ombro, e o mundo começou a girar. O cavalo selvagem disparou para longe, desaparecendo na distância, enquanto eu lutava para manter a consciência.

— Rosella! — ouvi a voz de Levi ao longe, mas não consegui responder.

A última coisa que me lembro foi a visão turva de Levi correndo em minha direção, seu rosto marcado pela preocupação. Então, tudo ficou escuro.

Quando acordei, estava de volta na fazenda, deitada em minha cama. Sentia uma dor latejante no ombro e na cabeça, e meus movimentos eram limitados. Maria estava ao meu lado, seu rosto cheio de preocupação.

— Rosella, você está bem? — perguntou ela, sua voz suave e reconfortante.

— O que aconteceu? — murmurei, tentando me lembrar.

— Levi te encontrou desmaiada no campo. Você caiu do cavalo selvagem — explicou ela, colocando uma compressa fria em minha testa. — Você teve muita sorte. Poderia ter sido muito pior.

Fechei os olhos, sentindo a dor e a culpa me dominarem. Sabia que Levi havia me avisado sobre o perigo, mas minha teimosia me levou a desobedecê-lo. Agora, estava pagando o preço.

Levi entrou no quarto, seu rosto sério e preocupado.

— Como você está? — perguntou ele, aproximando-se da cama.

— Dói... muito — respondi, minha voz fraca.

Ele assentiu, puxando uma cadeira para se sentar ao meu lado.

— Eu te avisei que era perigoso — disse ele, sua voz firme mas não sem compaixão. — Mas vamos cuidar de você. Apenas descanse agora.

Assenti, sentindo uma lágrima escorrer pelo meu rosto. Sabia que tinha muito a aprender sobre este lugar e sobre mim mesma. E, acima de tudo, sabia que precisava ouvir mais aqueles que estavam tentando me proteger.

(...)


Levi

Aquele dia parecia normal até eu perceber a ausência de Rosella. Terminei de arrumar o celeiro e, quando voltei para dentro, Maria perguntou se eu tinha visto Rosella recentemente. Um frio percorreu minha espinha quando percebi que não a via desde o almoço.

Deixei tudo de lado e comecei a procurá-la pela fazenda. Meu instinto me levou direto ao riacho onde havíamos visto o cavalo selvagem. A ansiedade apertou meu peito enquanto caminhava rapidamente, os olhos varrendo a paisagem em busca de qualquer sinal dela.

Então a vi, caída no chão. O pânico tomou conta de mim enquanto corria em sua direção, gritando seu nome.

— Rosella!

Ela estava desmaiada, com um grande hematoma começando a se formar em seu ombro e um pequeno corte na testa. O cavalo selvagem não estava à vista, mas era óbvio o que tinha acontecido. Minha mente rodava com preocupações enquanto a levantava gentilmente e a carregava de volta para a fazenda.

Maria e Rodrigo estavam esperando, a preocupação clara em seus rostos quando me viram com Rosella nos braços. Colocamos-na na cama, e Maria começou a cuidar de seus ferimentos enquanto eu ficava ao lado, observando cada movimento seu, a respiração, o batimento de seus cílios. Finalmente, ela começou a acordar.

— Rosella, você está bem? — perguntei, a preocupação nítida em minha voz.

Ela parecia confusa, a dor evidente em seu rosto. Explicamos o que aconteceu, e eu a observei enquanto a compreensão e a culpa se formavam em seus olhos.

— Eu te avisei que era perigoso — disse, tentando não deixar minha frustração transparecer.

Ela assentiu, claramente arrependida. Havia uma vulnerabilidade em seu olhar que tocou algo profundo em mim. Apesar de tudo, não queria vê-la assim, tão abatida.

Mais tarde naquela noite, enquanto ela descansava, eu voltei ao seu quarto para ver como estava. Sentei-me ao lado da cama, observando-a.

— Você realmente tem um talento para arranjar encrenca, não é? — falei, a tentativa de uma piada para aliviar o clima.

Ela olhou para mim, um pequeno sorriso formando em seus lábios.

— Acho que sim — respondeu, sua voz ainda fraca.

Eu sorri de volta, balançando a cabeça.

— Bem, da próxima vez que decidir desafiar um Mustang, talvez devesse me avisar. Não quero ter que resgatar você toda vez.

Ela riu levemente, o som suave, mas havia uma sinceridade em seus olhos que me fez sentir uma conexão mais profunda com ela.

— Obrigada, Levi. Por tudo. Prometo ser mais cuidadosa daqui para frente.

Assenti, sentindo um alívio percorrer meu corpo.

— Apenas cuide-se, Rosella. Este lugar pode ser perigoso, mas também pode ser maravilhoso se souber como lidar com ele.

Deixei o quarto, sentindo uma mistura de emoções. Rosella era teimosa, corajosa e um pouco imprudente, mas havia algo nela que me fazia querer protegê-la.

The proof of Balas (A prova de Balas)Onde histórias criam vida. Descubra agora