Capítulo II - 🌊🚢

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Tebet não poderia estar mais contente, de fato. Se perguntava se aquilo realmente acontecia, se não era apenas um sonho. Seu dia estava sendo excelente. Além de ter feito amizade com algumas pessoas. A terceira classe não era a pior coisa do mundo, a felicidade era notável nos indivíduos da classe.

Na parte alta do navio, crianças se divertiam correndo por todo lado. Alguns admiravam o mar, outros conversavam alegremente e até mesmo algumas moças tricotavam. Tebet fizera parte da turma. A mesma encontrava-se sentada em um dos bancos que havia lá. Observava meticulosamente um senhor de idade, não muito distante, que brincava com uma garotinha, provavelmente sua filha. Achara aquela cena um tanto bela. Desenhava cada traço com ternura, suas mãos se moviam habilidosamente.

"O navio é bonito, não é?" Comentou Pacheco, sentado ao seu lado.

"É, é um navio Irlandês." Um rapaz encostado na grade do navio, não tão distante, dialogou.

"Não é inglês?"

"Não, ele foi construído na Irlanda. Quinze mil irlandeses construíram." Respondeu o rapaz.
"Típico. Os safados da primeira classe trazem os cachorros pra defecar aqui." Disse zangado, pondo seu cigarro barato na boca, após avistar um homem bem arrumado caminhar com alguns cachorros a sua frente.

"Assim mostra pra gente qual o nosso lugar na sociedade." Tebet zombou, parando o seu desenho e entrando na conversa com os rapazes.

"Como se fossemos esquecer" O outro caçoou, ouvindo uma leve risada da mesma. "Sou Davi Alcolumbre." Se apresentou, estendendo a mão para um cumprimento.

"Simone Tebet." Aceitou o gesto amigável.

"Ganha dinheiro com os seus desenhos?"
Perguntou o Davi , tendo o silêncio como resposta. Tebet por um instante não ouviu nada. A mais nova direcionou seu olhar para a parte de cima do navio. Uma certa pessoa havia lhe chamado bastante atenção. Estava hipnotizada, nunca havia visto uma mulher tão encantadora. O céu azulado logo atrás gerava um lindo contraste em seu formoso rosto. Encarava a mesma com curiosidade. "Parece estar infeliz", pensou Tebet.

Alcolumbre, por um momento entendeu a situação. Virou seu rosto na direção em que a Simone tanto olhava.

"Hm... Esquece garota. É mais fácil você ver um monte de anjos voando do que se aproximar dela."

Dessa vez, Tebet havia ouvido o rapaz, porém ainda olhava atentamente. Notava cada detalhe da bela moça. A mulher sentia-se observada, até que, em certo momento, seus olhares se cruzaram pela primeira vez. Thronicke encarava a mais velha seriamente e levemente intrigada, enquanto que Tebet parecia querer conhecer a mulher somente pelo olhar. Ajeitou-se no banco, prendendo seu olhar firmemente na moça.

Pacheco percebendo a situação, resolveu balançar seu braço divertidamente na direção em sua amiga olhava, para tentar chamar a atenção da mesma, o que não adiantou de forma alguma.

Alguns segundos depois, um homem alto e bem vestido surgiu logo atrás da moça, segurando-a pelo braço e protestando sobre alguma coisa. Na qual fez a linda jovem ir embora, sendo seguida pelo rapaz.
Tempo depois, a noite já havia caído. No andar de cima, mais nomeadamente, em um lindo e requintado salão de baile, da primeira classe, ocorria um jantar com as mais renomadas pessoas que havia no navio. Thronicke como sempre estava presente, porém apenas fisicamente. Não possua apetite algum. A jovem via sua vida toda como se já tivesse vivido um desfile infindável de festas e bailes, e artes e jogos de polo. Sempre as mesmas pessoas vazias, a mesma conversa sem conteúdo. A jovem se sentia como se estivesse diante de um grande precipício com ninguém para me puxar dele. Ninguém que ligasse, nem que ao menos notasse.

Titanic ( SIMORAYA ) Onde histórias criam vida. Descubra agora