Capítulo III - 🌊🚢

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No dia seguinte, numa manhã com o limpo céu azul sobre o sublime Titanic, o clima situava-se agradável. Tebet e Thronicke caminhavam lado a lado sem pressa no convés do navio. A Simone como de costume, portava em sua mão sua pasta de cor marrom, na qual expressava os seus talentos artísticos e o seu desgastado estojo.

"Eu vivo sozinha desde os quinze anos, desde que meus pais morreram. Eu não tenho nem irmão, nem irmã, nem parentes naquele lugar. Então, saí de lá e não voltei nunca mais." A mais nova escutava atentamente o que a outra falava. "Pode me considerar uma folha voando ao vento."

"Bom, Thronicke, nós já andamos um quilômetro pelo convés. Falamos do tempo, como foi criado, mas acho que não foi por isso que veio falar comigo, certo?" Direcionou seu olhar para a mesma.

"Senhorita Simone, eu..." Foi interrompida.

"Tebet." A Soraya encarou a mesma, que assentiu como um sinal de permissão.

"Simone. Eu quero agradecer pelo o que fez por mim. Não só por... me puxar de volta, mas por sua discrição."

"Não foi nada."

"Ouça. Sei o que deve estar pensando: pobre menina rica, o que ela sabe sobre miséria." Proferiu, desviando o olhar da maior

"Não." Negou com a cabeça. Simone parou de andar, retirando a mão direita de seu bolso, para segurar- se em uma das cordas que havia lá no convés. "Não, não era o que eu estava pensando. O que estava pesando era o que pode ter acontecido a essa mulher para achar que não tinha mais saída."

"Bem, eu... Foi tudo. O meu mundo e as pessoas que pertencem a ele." Comentou farta, andando em direção ao parapeito atrás da mais nova. "E a inércia da minha vida. Que me leva e me deixa incapaz de impedir isso." Virou-se, se recostando na barreira e exibindo o seu estonteante anel de noivado.

"Nossa, olha isso." A Tebet riu, segurando em sua mão e admirando o pequeno objeto. "E você teria ido direto pro fundo."

"Quinhentos convites já foram enviados. Toda a sociedade da Filadélfia vai estar lá, e tudo que eu sinto é como se... É como se eu estivesse no meio de uma sala gritando com toda a minha força e ninguém conseguisse me ver."

"Você o ama?" Simone indagou.

"O que perguntou?"

"Você o ama?"

"Está sendo indiscreta. Não devia me perguntar isso." Tentando evitar o assunto.

"Ora, é uma simples pergunta. Você o ama ou não?" Insistiu. Seu tom soou divertido.

"Essa conversa não é apropriada." Riu incrédula com a astúcia da mais velha.

"Por que apenas não responde a pergunta?"

Thronicke se desencostou do parapeito, pondo a mão sobre a testa, enquanto gargalhava evasiva e desacreditada com a atitude de Tebet.

"Mas que absurdo! Você não me conhece, eu não conheço você, não vamos falar sobre isso. Você além de desconhecida é indiscreta e arrogante e eu vou embora agora." Estendeu sua mão para a mesma, sendo correspondida prontamente pela outra, que brincava com a situação. "Simone. Senhorita Tebet, foi um prazer. Eu vim para agradecer e já que eu agradeci..."

"E me insultou..." Simone complementa, zombando.

"Ora, você mereceu!"

"Certo."

"Certo!" Thronicke respondeu, balançando suas mãos ainda unidas.

"Achei que estivesse indo embora."

Titanic ( SIMORAYA ) Onde histórias criam vida. Descubra agora