Capítulo X - 🌊🚢

102 12 10
                                    


Já parou pra pensar o que realmente significa o amor? Eu sei, bem clichê, assim como o sentimento. Sendo, ao mesmo tempo, deveras inovador. Segundo um dos maiores filósofo já considerado, vulgo Aristóteles, o amor é o sentimento dos seres imperfeitos, posto que a função do amor é levar o ser humano à perfeição. Em outro ponto, Jean–Paul Sartre dizia que o amor é um "ideal irrealizável". E isso porque queremos algo impossível das pessoas que amamos: somos atraídos pela liberdade e independência que detectamos nelas. Tal sentimento seria algo relativo? Há um significado absoluto? Qual desses conceitos citados seria o que Tebet e Vieira vivenciam? Talvez não seja nenhum desses. Até que ponto alguém poderia chegar a amar, para se prestar ao sacrifício? Muitas perguntas para poucas respostas.

🌊🚢

Seu corpo parecia pesar mais do que nunca. Estava tão gelado que quase não sentira suas pernas, braços e todo resto. Sua respiração presa pedindo por liberdade. Estava tudo tão escuro por lá. Apenas a cintilação da mais bela lua já vista em sua vida, destruía um pouco da escuridão que habitava no local.

Fazia falta. Algo não se fazia presente. O calor nas mãos que estivera sentindo, até então, não estava ali. Ela não estava ali. Havia perdido Tebet de vista. Não tivera saída, a não ser voltar rapidamente à superfície. Inspirou fundo, recuperando gradativamente oxigênio. Seu colete auxiliara para que não afundasse. Mais de centenas de pessoas desesperadas a sua volta, se debatendo sobre as águas enquanto tentavam arrumar um meio para se salvar. Thronicke estava perdida, assustada e o pior que poderia sentir. Estava sem ela.

"Tebet!" Gritou. Sua visão estava levemente turva.

"Tebet" Gritava repetidamente, vasculhando todo o local com seus olhos, a procura da Simone.

Tantas coisas impedindo de avista-la. Escuridão densa, pessoas se remexendo por todo lado, gritos de pânico agoniavam seus ouvidos. A situação podia piorar?

Sem dúvidas.

Repentinamente, sentiu seu corpo ser empurrado para baixo. Não entendia. Não sabia o que estava acontecendo. Como se não fosse possível, seu desespero se ampliava tão subitamente, que não sabia mais o que fazer. Chacoalhava-se, na tentativa se livrar dessa "coisa" que a usava de boia. Quando teve a oportunidade voltar, de modo rápido, a superfície, não pensou duas vezes ao gritar novamente o nome dela.

"Thronicke!" A Simone logo tratou de nadar rapidamente ao ouvir sua voz e enxergar o que acontecia. "Solte ela, seu bastardo!" Tentou empurrar o homem para longe, porém o mesmo era como um carrapato. Com uma imensa raiva, desferiu um ligeiro e forte soco em seu rosto, fazendo-o desprender da Soraya.

"Hey! Me diga, você está bem!?" Tebet indagou preocupada, tentando analisa-la de modo rápido. Irene não deixou de sentir um alivio imensurável em seu peito. Ela estava lá, ao seu lado.

"Sim, eu estou bem." Balançou sua cabeça em um sinal de positivo.

"Vamos, eu preciso que nade. Acompanhe-me." A Maior agarrou em seu colete, concedendo auxílio. Avançou contra as águas, em busca de uma saída daquele amontoado. "Continue nadando!"

Em uma considerável distância, um pedaço de madeira de tamanho razoável, boiava solitário sobre a maré. Tebet logo notara tal material.

"Venha. Suba." Ajudou a menor a se posicionar sobre a madeira. Thronicke deitou-se, ocupando uma parte do espaço.

"Tebet... Você precisa subir..." A Soraya demonstrava, nitidamente, esforço para falar.

"Posso desequilibrar a madeira se eu tentar subir." Se aproximou o suficiente para colocar os braços sobre o material e colar suas testas. "Nós iremos ficar bem... Os barcos vão voltar para nos buscar..." Levou sua mão direita ao rosto de Vieira, onde iniciou um leve carinho. E com sua mão livre, entrelaçou seus dedos.

Titanic ( SIMORAYA ) Onde histórias criam vida. Descubra agora