Capítulo quinze

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Maven Dawson

Acho que covarde era apenas um eufemismo para descrevê-la.

Mesmo que, em minha mente, uma voz continuasse dizendo para chamar o Matteo e ir embora, eu não conseguia.

Ela se afastou, claramente evitando conflito. Mas eu puxei o braço dela e a fiz voltar.

- Vem cá, quanto te pagaram para você realmente acreditar nessa merda, Elen?

- Porque você não assume, hein? Lembra do que você disse antes, quando nós brigamos? - senti seu indicador em meu peito. - Disse que eu ia pagar por confiar no Matteo, disse que eu estava sendo burra e ingênua para não ver e que isso acabaria com a minha vida. Mas, adivinha? O que, ou melhor, quem realmente fudeu com a minha vida foi você, idiota.

Respirei fundo. Ela está com raiva e, porra, eu também estou. De nada vai adiantar discutir com quem não quer ouvir, com quem não enxerga a verdade.

- Você não sabe o que está falando, Eleanor. - Me aproximei.

Seus olhos verdes brilharam de raiva, os cabelos ruivos pareciam brilhar como fogo naquele momento.

Sua expressão era de raiva, uma raiva nítida que deixava sua aparência ainda mais atraente.

- Eu não sei do que eu estou falando? Ah, mas eu acho que eu sei sim - ela também se aproximou - Ou você acha que eu não lembro? Você saiu daquela casa enquanto ela estava em chamas, ninguém mais estava lá, todos te viram entrar antes de começar o fogo, Dawson. Foi você e unicamente você quem fez aquela merda. Negar não vai te ajudar em nada, não vai me fazer sentir pena de você, porque, a única coisa que eu sinto por você é ódio, ódio puro e vivo. - Ela estava ofegante, o ar entrando e saindo rapidamente de sua boca. - Eu vou chamar seu irmão e você vai embora daqui, ouviu? Eu não quero saber mais nada de você, Maven, então vai embora.

Ela finalmente virou de costas e se afastou para chamar meu irmão, mas logo parou e voltou a me olhar.

Notei uma certa hesitação em sua postura, ela parecia não ter certeza do que ia fazer. Mas assim que respirou fundo, ela pareceu recuperar a compostura e me encarou com a mesma raiva de antes.

- E mais uma coisa - pegou o celular e apontou a tela para mim. - Pare de me mandar mensagens.

Mensagens? Do que raios ela estava falando? Tudo bem que eu tenho me encontrado com ela várias vezes, mas foi pura coincidência. Até agora.

- Eu nem tenho seu número, idiota. - Cruzei os braços.

- Você só sabe mentir, não é? - estendeu o celular para que eu pegasse e olhasse.

Vi que era uma foto dela e uma mensagem embaixo na linguagem cigana.

Bom, é óbvio que eu seria suspeito. Acho que tenho certa tendência a isso, na verdade. Sempre que algo acontece os dedos são apontados para mim e sou julgado culpado.

Não culpo ela por pensar que fui eu quem enviou aquilo até porque eu bem que poderia. Mas não fui eu. Não sou de ameaçar por mensagens, se tenho um aviso para dar eu falo na cara da pessoa ao invés de ser covarde e mandar uma mensagem como um idiota.

- Tem muita gente que sabe falar essa língua, jeli. - Entreguei o celular de volta para ela. - Mas se quer ouvir da minha boca, eu digo com todo prazer: Não. Fui. Eu.

Seu revirar de olhos me irritou, mas apenas soltei uma risada sarcástica.

- A verdade doeu?

Foi a vez dela soltar uma risada sarcástica.

- Não, na verdade só achei que você nunca poderia ser mais ridículo, mas parece que eu estava enganada. - Seu sorriso obviamente tinha a intenção de me provocar.

Fechei os punhos. Cigarro. Eu precisava de um cigarro.

- Eu já te disse, eu não tenho seu número e, mesmo se tivesse, não seria um tonto ao ponto de fazer ameaças vazias como essa.

Observei ela guardar o celular no bolso e cruzar os braços mais uma vez.

- Ameaças vazias? Da última vez que me ameaçou, você cumpriu o que disse.

É...cigarros não iriam fazer efeito, o que eu precisava mesmo era estrangular essa garota por ser tão burra. Mas, felizmente, meu irmão terminou a bendita ligação.

Os olhos dele olharam de mim para ela e vice-versa. Pude perceber uma sugestão de sorriso no canto de sua boca.

Lembrar que terei um caminho longo com ele na minha garupa me deixa enojado.

- Vamos? - foi até a porta e eu o acompanhei.

Não dei tempo à ruiva de dizer algo e saí pela porta ou sequer dei atenção à conversa dos dois quando saí.

Teimosa.
Covarde.
Ingênua.

Tenho me segurado pra caralho, mas ela torna tudo tão mais difícil.

Pois bem, ela acha que eu que ameacei ela? Ótimo, mesmo que não tenha sido eu, vamos dar a porra de um motivo para ela estar certa.








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