06 - Confiança

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Kaveh ficou responsável pelo fechamento da loja, uma vez que no dia seguinte, ele seria o primeiro a entrar também, então toda a responsabilidade estava sobre as suas costas. Cansado, respirou fundo, voltando-se para a rua vazia e molhada. A chuva ainda não estava parando, sinal que trabalhava arduamente para molhar as calçadas e o Kaveh também. Quando saiu, não teve nenhuma oportunidade para se esconder, então de imediato levou um banho.

O loiro não poderia acreditar que isso seria somente uma falta de sorte muito grande, desde quando ele teria sua abençoada vida sem míseros acidentes? Estava frio, assim, tremeu um pouco com o ambiente úmido.

Mesmo que estivesse com azar, ele caminhou lentamente pela calçada, refletindo sobre sua existência. Parecia que o mundo se tornou mais escuro, pesado, portanto, seu coração ainda tinha esperanças de que algo o salvaria desse dia tenebroso.

[...]

O barulho da chuva é agradável para Alhaitham, e seu corpo também relaxa quando está sentado no sofá, bebendo seu café, terminando mais um dos seus livros.

Os olhos preguiçosos de repente saem das linhas do livro, olhando para a janela embaçada pelas gotas de água; logo a sua preocupação aumenta devido a intensidade da chuva.

— Kaveh ainda está trabalhando.

Ao falar sozinho, pensa em algo por alguns longos segundos, até que fecha o livro e levanta para ir pegar as chaves do carro. Ao sair do apartamento, estava decidido que não deixaria seu colega molhando, no entanto, temia uma ligação exigente de Kaveh, pois seria melhor se ele mesmo fosse sem aviso prévio.

Os passos lentos do estudante de arquitetura param quando seus olhos avistam Alhaitham, encostando com o carro ao lado dele. Ele já estava todo encharcado, procurando pelo menos um ponto de ônibus, tanto que quando saiu do trabalho nem correu para um lugar seco. Kaveh já teria desistido há muito tempo de se salvar do clima que foi cruel com ele.

Ao notar a porta abrir e um guarda chuva aparecer, seu rosto fica aborrecido. Ele estava esperando que Alhaitham o chamasse para entrar, no entanto, ao perceber sua situação, pega o guarda-chuva a seguir e sorri. O seu colega de apartamento estava sendo gentil demais, e tudo bem, ele não queria estragar o carro trazendo prejuízos ao outro homem.

— Kaveh? Entre. — Os olhos de Alhaitham fitam-no e sua primeira reação é congelar.

— Eu? Mas vou molhar o seu carro e estragá-lo, não quero te dar mais prejuízos — decide falar abertamente o que está pensando, e isso soou tão novo.

Quando vê Alhaitham fechar os olhos de desgosto, imediatamente entra no carro e senta no banco. Rapidamente coloca o cinto, depois tosse de leve, disfarçando o medo que está tendo do colega.

— Eu estou aqui. — Evita olhar para o lado, temendo encontrar um olhar severo.

— Eu vejo. — A resposta é curta, de tom normal. Após isso, Alhaitham se concentrou em dirigir.

O loiro olha finalmente para o seu motorista, reparando novamente que gosta de ver Alhaitham focado nas coisas que está fazendo. Sente o estômago queimando, com uma sensação esquisita no peito: seus batimentos cardíacos frenéticos.

O rosto queima enquanto repara que somente a presença, junto ao foco que mantém no outro homem, é o suficiente para deixá-lo bagunçado.

O que eu estou sentindo? O que é isso? Bem, eu sei o que é! Já senti antes, mas é insuportável quando sinto de novo pela mesma pessoa. Sem aguentar as sensações intensas, desvia o olhar para a janela, começa a se remexer discretamente no banco, incomodado com o lugar molhado, bem como os sentimentos atrapalhados. De repente, Kaveh almejava de verdade estar na chuva se molhando do que ficar nessa situação de culpa.

Eu irei te ensinar a como me amar - HaikavehOnde histórias criam vida. Descubra agora