Prólogo

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— Está tudo bem? — Uma voz tirou Kaveh de seus pensamentos. Ele levantou o olhar e vê Faruzan, ela estava bem séria, apesar do tom de preocupação.

— Sim, estou bem. Só pensei muito. — Desviou o olhar e acenou com a mão, como se afastasse algo no ar. — Obrigado pela preocupação Diretora.

Levantou-se e olhou ao redor, a sala de aula estava vazia no fim da tarde. Ele sorriu sem graça, percebendo que Faruzan estava ali apenas para expulsá-lo. O prédio universitário estava vazio, naquela instituição dificilmente tinha opções para período noturno, por isso era apenas Kaveh e os seus pensamentos de adulto.

Como eu vou pagar o aluguel? Seu coração palpitava com uma forte preocupação, iria para o hospital sem saber o que fazer. O Instituto poderia ajudar, mas na teimosia, queria ser um adulto independente; pois queria provar a si mesmo que era capaz. Tudo estaria bem, se não fosse por estar desempregado. Ele precisava lidar com as situações e resolvê-las.

Desceu pelo estacionamento e viu o seu carro. Seu coração aqueceu quando se lembrou que existia o seu bem maior no lugar. Entrou no veículo e suspirou, pensando em algo. Olhando para fora, desejou que uma bolsa de ouro caísse do céu, entretanto, não existe possibilidades disso acontecer tão facilmente. Encostou a cabeça no volante e, depois de um tempo segurando as lágrimas, dirigiu para seu apartamento. Por algumas horas, era seu.

[...]

Adeus para cada tijolo daqui, vou sentir falta. Fez uma despedida mentalmente, dado momento em que ele subia as escadas, uma vez que o elevador estava em manutenção. Ao chegar perto da sua porta, viu o dono do prédio parado e sorrindo gentilmente, mas, para Kaveh, era um sorriso ameaçador de morte.

O homem baixo, com o bigode para fazer e a parte superior da cabeça à mostra, abriu os olhos escuros e encarou os vivos olhos escarlates do loiro.

— Boa noite, Sr. Kaveh. — Com a voz mansa, ele aproxima-se do rapaz, que já havia colocado a chave na fechadura. O olhar desesperado de Kaveh não passou despercebido. — Eu venho avisar que amanhã será seu último dia aqui, já que está me devendo três meses de aluguel. Se não me pagar no momento, será despejado amanhã, às sete da manhã para ser mais exato.

O homem sorriu, esperando que Kaveh entregasse um bolo de dinheiro em suas mãos, mas o olhar do loiro saiu dos olhos para as mãos e, um pouco receoso, colocou a mão na bolsa e tirou sua carteira de lá. Eles já haviam conversado muitas vezes antes e uma vez naquela manhã, por essa razão o universitário estava em silêncio.

Ao abri-la, viu que não daria para pagar nem metade do que devia, por isso, apenas mostrou a carteira e balançou a cabeça em negação. O homem suspira e volta a repetir sobre ele estar fora às sete horas em ponto. O loiro apenas aceitou para não fazer mais barulho, já haviam discutido bastante. Ao ver o homem se retirar, entrou com desgosto no apartamento, fechou a porta e deslizou as costas por ela.

— Que ódio! — disse em voz alta, não percebendo que o seu celular vibrou no bolso. Levantou a cabeça e, ao olhar o teto, decidiu parar de se lamentar e arrumar suas coisas, ele tinha o seu carro para passar uns dias e procurar um emprego. Lutar ferozmente para encontrar um.

Seus dias de azar estavam começando.

[...]

Os olhos carmesins não se moveram por um segundo a mais. Atrás de Kaveh, estacionado em um lugar mais silencioso do bairro, está o seu carro. No dia seguinte, às sete horas da manhã, ele entregou as chaves ao dono e lembrava que ele ainda o devia. Iria pagar tudo quanto pudesse. Os olhos dele já estavam inchados pelas lágrimas e pela sua lamentável vida que acabou de se tornar miserável.

O seu olhar não se movia, pois o loiro ainda estava pensando em algum plano mirabolante para resgatar um teto e assim ficou o dia todo. Teve o almoço com suas economias, claro, foi para a universidade e fingiu estar tudo bem para aqueles que se preocupavam com ele. Não queria ser um incômodo.

Na volta, lembrou que deveria avisar Cyno, um amigo de corredor, que não estaria no apartamento naquela noite. Kaveh e ele haviam marcado de jogarem um jogo de cartas naquele dia. O dia estava começando a desaparecer, cedendo à escuridão da noite. Entrou em seu carro e ficou feliz por conhecer as zonas seguras do lugar, assim estava ao menos livre de roubos.

Pegou o celular depois de muito tempo ignorando o aparelho e, ao desbloqueá-lo, os seus olhos não acreditavam nas notificações. Um brilho de esperança surgiu naqueles olhos carmesins.

____

NT: Depois de um tempo decidi atualizar alguma fanfic que será postada a longo prazo, então aqui está essa dócil (ou nem tanto assim) Haikaveh.

Essa fanfic foi lançada antes do lançamento do Kaveh (Até o momento), por isso pode haver algumas ações e atitudes que diferem do original, peço que entendam.
Essa fanfic estará sendo betada por esse anjo: @/Takt (spirit fanfics).
Espero que gostem deste inicio!

Até breve!

Eu irei te ensinar a como me amar - HaikavehOnde histórias criam vida. Descubra agora