Dores fortíssimas me atacam. Me arrasto para perto de Steven que ainda está desmaiado. Ao me aproximar coloco sua cabeça em meu colo.
—Meu amor, acorde. Preciso de você. Por favor! — Digo chorando de dor e de medo.
Sua cabeça atrás está sangrando, a coronhada foi bem forte. A bolsa com as coisas da nossa bebê caiu com ele, dou-lhe um beijo na testa, porque ele não acorda. Pego a bolsa e faço-a de travesseiro para ele.
Por mais que eu esteja sentindo muitas dores fortes o amor e a preocupação pela minha filha é maior.
Me aproximo do prédio, ainda rastejando, seguro nas paredes do prédio e me levanto, as dores aumentam e eu levo minha mão até minha barriga para tentar amenizar a dor, mas isso não funciona. Adentro o prédio.
Há fumaça por toda parte, mau consigo respirar. Há fogo em tudo e não sei como Lianna conseguiu passar por aqui. Aos poucos vários blocos de cimento do andar de cima começam a desmoronar. Me assusto completamente quando um dos blocos cai do meu lado. Estou andando apoiando nas paredes para não cair. Ao longe vejo uma porta semiaberta e não sei porquê mas tenho certeza que Lianna entrou ali. Tento andar mais rápido, mas é impossível por causa das dores. Uso uma camisola que era branca pois agora está coberta de sangue.
Chego próxima a porta e entro, vejo Lianna ao fundo da sala sentada em uma cadeira como se nada tivesse acontecendo, logo atrás dela há uma porta igual a esta que entrei, provavelmente é a porta da frente, já que entrei pela porta do fundo.
Ao observá-la vejo que está olhando pela janela. Ela nota que entrei, mas não tem nenhuma reação.
—Onde está... — faço uma pausa para respirar e para solto um grunhido de dor —Onde está minha filha, sua vaca?
Ela não responde e fico cada vez mais preocupadas, onde essa louca colocou minha filha? Estou completamente apavorada.
Lianna se levanta, bem devagar, seu casaco azul esbarra em seu joelho, ela caminha em minha direção. Estou apoiada na porta para não cair. Não aguento dar mais nenhum passo, tudo está ficando embaçado e sinto uma sensação horrível de medo e preocupação. Ela para a alguns metros de mim e aponta uma arma. Fica me encarando e ao olhar no fundo da sala sinto um alívio ao ver Steven entrando silenciosamente por ela, ele me faz um sinal para que eu fique em silêncio para que Lianna não perceba sua presença.
Ele pega uma barra de ferro que encontrou nessa sala e se aproxima de Lianna. Sem pensar duas vezes acerta-a no braço e a arma que estava em sua mão cai.
—Ah!! — Grita ela de dor.
Abriu-se um corte em seu braço, profundo pelo visto. Lianna se abaixa e Steven pega a arma que caiu perto dele. Ele aponta a arma para ela, que fica sem reação alguma, agora parece estar apavorada.
—Onde está minha filha, desgraçada? — Ele grita.
Ela não responde e eu não consigo ver mais nada nitidamente, caio no chão, sinto que estou desmaiada, mas não, pois consigo ver alguns borrões e ouço a conversa. Por sorte essa sala ainda não pegou muito fogo, mas a fumaça é inevitável, não consigo respirar.
Steven acerta um tiro em uma das pernas de Lianna. Ela berra de dor.
—Por favor, vamos conversar! Só quero a criança... — ela começa dizendo.
—Aquela criança é minha filha. Me diga onde ela está, agora! Ou eu atiro na outra perna. — Ele diz irritado e muito nervoso.
—Nunca direi! — Diz ela aproximando sua mão do ferimento.
Steven se aproxima de mim.
—Meu amor, calma. Vou nos tirar daqui. — Diz ele ao me pegar pelo braço.
Ele passa um de meus braços pelo seu ombro e eu consigo me levantar, ainda zonza e sem enxergar muita coisa.
Escutamos um choro, não muito distante. Sofia.
Lianna fica caída e nos saímos da sala e a trancamos lá dentro. Tudo fora da sala é coberto por chamas e por fumaça, tusso muito e Steven também.
O choro continua e nós o seguimos. Chegamos perto do elevador que está fechado, o choro vem de lá de dentro.
—Ela está aqui, meu amor. — Diz Steven sorrindo e chorando ao mesmo tempo.
Não faço a mínima ideia de como Lianna colocou ela aí dentro, talvez tenha conseguido porque é ela que controla tudo aqui dentro.
Steven me coloca sentada encostada perto do elevador, fico encostada em uma parede que ainda não foi coberta pelas chamas. Ele vê um pé de cabra e pega para conseguir abrir a porta, já que o botão não está funcionando. Com muito esforço ele consegue abrir um pouco, depois com a ajuda das mãos ele abre o resto. Sofia chora desesperadamente. Por mais que eu esteja sentindo dores fortíssimas o choro dela me atrai e me arrasto para poder vê-la. Ela está em uma cesta pequena, Steven tira seu jaleco de médico, ficando apenas com um macacão verde, e a enrola nele. Um bloco de cimento me chama a atenção por cair.
—Vamos meus amores. Vou nos tirar daqui. — Ele diz com Sofia no colo e caminhando até mim.
Com Sofia em um dos braços ele me pega pelo outro e passa meu braço sobre seu ombro novamente para que eu consiga me rastejar um pouco melhor. Ele anda com dificuldade.
—Ela está bem? — Pergunto desesperada.
—Está sim. Vamos a saída é por ali. — Diz ele apontando para uma porta aberta próxima de nós.
Felizmente depois de muita fumaça inalada conseguimos sair do prédio. Steven tenta andar mais rápido pela horta e quando estamos no final dela, prestes a adentrar a floresta o estrondo surge. O prédio vem abaixo, e várias explosões seguem esse acontecimento, isso devido aos gases que tinha lá dentro. A explosão é forte e por mais que estejamos um tanto longe ela nos atinge, nos fazendo cair. Steven não solta Sofia, o estrondo nos derruba, mas Sofia está abraçada por Steven, que caiu de costas. Ela está bem. Eu caio e, com certeza, não conseguirei me levantar. Tudo vai ficando preto aos poucos. Apenas ouço várias pessoas se aproximando de nós. Não consigo enxergar nenhuma delas, vejo apenas sombras. Uma das pessoas, pega Sofia no colo, uma outra ajuda Steven e uma outra se aproxima de mim, me pegando no colo. Eles nos levam mais adentro da floresta. Me sinto segura.
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Sofia
مغامرةA vinda de um bebê pode mudar completamente a vida da adolescente Jennifer, de 16 anos, e a de seu companheiro Steven. Em um lugar onde tudo é diferente do vivenciado, eles terão que conseguir vencer as barreiras que os impedem de voltar para sua vi...