Bundesliga 19/20

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Quando o vi sentado ali, senti um aperto no coração. Benji estava claramente chateado e cansado. A temporada difícil e o rebaixamento tinham sido um grande golpe para ele.

— Amour... — chamei suavemente, aproximando-me e tocando seu ombro

Ele levantou a cabeça e tentou sorrir, mas seus olhos refletiam a tristeza que ele estava sentindo. Levantou-se devagar e me envolveu em um abraço apertado, como se precisasse do meu apoio mais do que nunca.

— Foi um dia difícil — disse ele, a voz abafada contra meu cabelo e claramente segurando as lágrimas

— Eu sei, amor. Sinto muito por não ter podido estar lá com você

— Não é sua culpa. Você tinha seu trabalho — ele suspirou — e você faz seu trabalho bem feito, diferentemente de mim...

— Ei, não fala assim — pego a mão dele — você sabe que você é o menor dos culpados por esse rebaixamento. Você permaneceu no time até o fim, para tentar ajudar, mesmo tendo proposta melhor. E você fez o seu melhor. O rebaixamento não é culpa sua

— É só que... — começou ele, sua voz trêmula. — eu sinto que falhei. Falhei com o time, com os torcedores... com todos.

— Você não falhou, Benji. O futebol é um esporte coletivo. Às vezes, mesmo quando todos dão o seu melhor, as coisas não saem como planejado. Mas isso não tira o valor do seu esforço, do seu talento.

— Eu sei... só preciso de um tempo para processar tudo isso

— Vamos subir? — perguntei, pegando sua mão — podemos conversar e relaxar um pouco...

Ele faz que sim com a cabeça e vamos para o meu apartamento. Percebo que ele ainda está com a roupa do jogo.

— Amour... vai tomar um banho enquanto eu faço o jantar pra gente, certo? Inclusive... você chegou muito rápido. Ainda não tem 2h que o jogo acabou. Você veio dirigindo?

— Sim, eu precisava sair de lá o mais rápido possível. Não queria falar com ninguém, nem com a imprensa. Peguei o carro e vim direto para cá. Precisava te ver, estar com você.

— Você deve estar exausto, Benji. Vai tomar um banho quente, e eu vou preparar algo para a gente comer, tá bom?

Faço o jantar para gente e sirvo um pouco de vinho. Francês, claro. 

— Obrigado por cuidar tão bem de mim — ele diz, enquanto comemos

— Você merece, amour

— Você sabia que é a pessoa mais incrível que eu já conheci? Eu não sei o que faria sem você.

— Eu sou só uma pessoa que te ama muito — sorrio — e vou estar sempre aqui para você, nos bons e maus momentos.

Depois do jantar, nos acomodamos no sofá, enrolados em um cobertor. Eu coloquei um filme para distrair nossas mentes. Ele descansou a cabeça no meu ombro, e eu acariciei seus cabelos, tentando proporcionar-lhe algum conforto.

— Vamos nos concentrar nas coisas boas que virão — digo — mudança para Munique, o novo começo no Bayern... temos muito a esperar.

— Eu sei, e com você ao meu lado, sei que podemos enfrentar qualquer coisa — ele me abraçou mais apertado

Com a temporada alemã encerrada, peço apenas 10 dias de férias para viajar com meu namorado. Dessa vez, vamos para o México. 

Passamos os primeiros dias explorando a vibrante cultura local. Visitamos o Zócalo, a principal praça da cidade, e nos maravilhamos com a grandiosidade do Palácio Nacional e da Catedral Metropolitana. Também passamos uma tarde inteira no Museu Frida Kahlo, mergulhando na vida e arte dessa icônica pintora mexicana.

Depois de alguns dias na cidade, decidimos ir para as praias de Tulum. O mar azul-turquesa e as ruínas maias foram o cenário perfeito para relaxar e aproveitar o tempo juntos. Passamos os dias tomando sol, nadando e mergulhando nas águas cristalinas, e as noites jantando em restaurantes à beira-mar, saboreando a deliciosa culinária mexicana.

Na viagem, também comemoramos nosso um ano juntos. Um ano com muitas viagens entre Stuttgart e Munique, que finalmente iriam acabar.

Na manhã do nosso aniversário, acordei com o som suave de música mexicana e o aroma de um delicioso café da manhã sendo preparado.

— Feliz aniversário, meine Liebe — Benji sussurrou, entregando-me um buquê de flores coloridas.

— Feliz aniversário, amour! — respondi, beijando-o.

Ele preparou um café da manhã na varanda do nosso quarto, com vista para o mar. Havia frutas frescas, sucos, pães e, claro, uma seleção de pratos mexicanos.

À tarde, Benji me levou para uma aula de dança tradicional mexicana. Rimos muito enquanto tentávamos acompanhar os passos dos instrutores, mas no final conseguimos dançar juntos, sentindo a alegria e a energia da música.

À noite, ele me surpreendeu novamente com um jantar especial em um restaurante à beira-mar, reservado apenas para nós dois. A mesa estava decorada com velas e pétalas de rosas, e o som das ondas ao fundo criou uma atmosfera mágica.

De volta para Munique, ajudei meu namorado a organizar tudo para a mudança dele. No dia 13 de julho, chega o dia em que eu mais esperei ao longo desses meses: o Bayern anuncia Benjamin Pavard.

Participo da coletiva de imprensa sentindo uma alegria imensa por tudo que aquilo representa: meu namorado jogando em um grande clube e pertinho de mim.

Quando chega a hora das perguntas, levanto a mão, e o assessor de imprensa do Bayern me dá a palavra.

— Benjamin, você está ansioso para começar essa nova fase no Bayern? — pergunto com um sorriso, tentando esconder a emoção na minha voz

— Estou muito ansioso, meine Liebe — ele sorri de volta, reconhecendo minha voz imediatamente — jogar no Bayern é um sonho que se realiza, e saber que você estará aqui, me apoiando, torna tudo ainda mais especial.

A sala se enche de murmúrios e olhares curiosos. Nossa relação nunca foi um segredo, mas vê-lo responder minha pergunta tão pessoalmente, em frente a todos, é um momento único.

A primeira parte da temporada é impecável. O Bayern defende seu título com unhas e dentes. Pavard, meu Benji, até marca um gol contra o Mainz em seu primeiro mês de time. 

O Bayern se mantém líder durante 16 rodadas e conquista um inédito octacampeonato.

Contudo, a temporada que parecia um sonho, foi um pesadelo mundial. Com o surto de COVID, a Bundesliga ficou suspensa por praticamente dois meses. 

Quando o futebol voltou, foi a portas fechadas. Ou seja, eu não vi a vitória do Bayern no estádio, apenas na televisão.

Dentro de casa, também não foi um período fácil

Sprechen Sie Deutsch? - Benjamin PavardOnde histórias criam vida. Descubra agora