Capítulo: Qual seu maior medo?

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Estou em um quarto branco totalmente vazio sem ser pela cama fina de metal onde estou deitada

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Estou em um quarto branco totalmente vazio sem ser pela cama fina de metal onde estou deitada.

Nem de perto parece o quarto que eu estava. Alguém me colocou aqui, alguém preparou esse lugar para ser desconfortável, desde a lâmpada extremamente branca até a temperatura gelada do ambiente.
Me levanto e tento abrir a porta me sentindo grogue, logico que ela está fechada, estou oficialmente trancada.
Serro meus punhos e bato uma duas três vezes, talvez alguém escute, mas nas acontece.

Sento-me e não consigo pensar, talvez isso seja uma prova. Quando estava nas entrevistas me perguntaram meu maior medo, eu disse que era morrer queimada ou em um ambiente extremamente pequeno, talvez eles queiram saber se conseguem fazer que fiquemos loucos, não seria a primeira vez.
Talvez seja a última prova, para decidir o grupo, ou tirar alguém.
Fico pensando em uma explicação lógica por horas , mas desisto.
Talvez não tenha uma, talvez eu deva dormir e esperar o que vai acontecer, torcer para não ter sonhos com elas hoje, mesmo que meu coração fale que eu quero sonhar com elas, não quero ficar sozinha, não desejo ficar sozinha sem nada para fazer, quando fico sem nada para fazer meu cérebro começa a me sabotar.
Talvez eu realmente devesse sonhar, porque quando minha mente perde para o sono o silêncio dela me assusta mais que minha irmã morta.
.....

Acordo e tudo está igual no meu quarto fechado, mesma cama, parede e luz. Só que com um hambúrguer e um sorvete no chão,

- Virei um animal de estimação.

Começo a rir com a ironia da situação, eu mesma me entregando.

É bom rir, sabe? As vezes esqueço que tenho essa capacidade.
Pego o hambúrguer e ele já está frio.

- Podiam ter me acordado pelo menos, né?

Viro para a câmera e aponto o hambúrguer.

- Está gelado!

A luz se apaga.

- Tendi. - Levanto os ombros- Sem comunicação!

Acho que é para mim não me comunicar com quem esteja lá, se tiver alguém. Eles querem que eu fique sozinha e me sinta assim também. Abandonada

Provavelmente é só para ver se eu começo a pirar, já vi isso.

Minha ex-colega durou três dias.

Eu lembro que era desumano deixar alguém sozinho, no primeiro dia passaram a gravação dela chorando na academia toda, no segundo ela estava cheia de comida perto dela.

Eu lembro que ela se recusou a comer até dizerem que se não comece ela morreria, ela tinha 12 anos.

No terceiro dia ela ficou batendo a cabeça na parede até desmaiar, eles chegaram tirar ela e lavaram o sangue escorrendo na parede.

Nunca vi ela de novo.

Eu vou durar duas semanas máximo, na verdade, acho que uma semana e meia.

Às quartas eu fico meio loca.

- Pelo menos o sorvete está quente.

A luz se apaga de novo.

- É uma piada cara! - Faço cara de birra para a câmera- Já viu esse ar? Há é capaz de nem descongelar.

A luz se apaga de novo.

Eu me apoio na parede.

O hambúrguer pelo menos é bom.

- Sabe? Pelos anos que lutei para estar aqui eu acho que merecia mais respeito- Suspiro- Dignidade- Dou uma pausa para parecer triste.

Sim, tentarei apelar para o emocional.

- Seus merdas! Eu não treinei uma vida toda para chegar aqui e me derem um hambúrguer gelado. - Começo a comer o sorvete.

De morango, mas não é tipo de morango normal é aqueles de morango artificial e doce demais.

- Deviam saber que esse sorvete está horrível!

Eles devem estar rindo de mim.

- Real, se eu fosse vocês eu trocava a receita hoje e matava o cara que fez.

Do nada começa a sair água por baixo da cama.

- Merda, eu amei o sorvete.

Subo em cima da cama.

A água começa a preencher o quarto.

- E o hambúrguer, por favor.

Eles devem saber que as duas coisas que mais me assustam são lugares apertados e estar em um lugar apertado sem saída e com água subindo.

Ela já está quase na cama.

Vou para porta e começo a bater.

Nada a água continua subindo.

E mais rápido.

Começo a tremer de frio.

Essa água é muito gelada.

- Por favor? Me tira daqui.

A água não para de subir.

Começo a puxar os cantos tentando abrir passagem para a água e não acho.

Realmente vou morrer.

Ela está na minha cintura e subo de novo na cama abaixando a cabeça para não bater no teto.

Eles vão me matar.

- Eu não quero morrer assim! Por favo!

Ela começa a chegar no meu ombro e me desespero ainda mais.

- Quer saber seus merdas? Isso não é nem digno de se fazer, vem me matar.

A água está no meu pescoço.

Estou tocando na lâmpada no teto e quase me afogando.

Ela provavelmente vai desligar

Porque tem fios nela.

Tem fios nela!

Se tem fio tem passagem de ar, e um buraco.

Ambar, tem fios nela!

O teto tem um círculo que parece mais frágil onde está a lâmpada.

Só estou com o nariz de fora. Puxo o ar e começo a puxar a lâmpada. Ela de primeira não solta mais ela começa a se soltar, estou já embaixo da água.

Me dou 30 segundos.

Preciso ser rápida.

Puxo de novo e dessa vez ela cede.

E coloco o rosto nesse espaço puxando o ar.

O teto é bem fino, começo a quebrar ele com os punhos de baixo da água até abrir um espaço que consigo subir.

Subo e agora estou em um quarto preto com uma cama preta e um relógio. Marcando 7; 50 das manhã.

Ou seja: segundo dia aqui.

Fora isso aqui não está gelado como o outro pelo contrário quente.

Olho para baixo e vejo o que virou uma piscina.

Eles realmente iriam me deixar morrer?

Sempre em guerraWhere stories live. Discover now