savior ♡ muke [crossdresser!luke]

you're cute

Antes que eu saísse de minha casa para ir à escola minha mãe aparece na minha frente com um biscoito na mão.

"Come isso agora Luke." Diz autoritária.

"Por que? Eu tô sem fome."

Ela reage como se aquilo fosse um absurdo. "Como não está com fome? Luke Robert Hemmings você não como nada desde ontem! Come isso por favor, é só um."

"Não mãe, eu não tô com fome, já disse." Reviro os olhos e tento ir até a porta, mas ela me impede. "Mãe, por favor..."

"Por favor digo eu Luke, se você não comer pelo menos esse único biscoito você não vai à escola hoje."

Dou de ombros. "Ótimo, eu não queria ir mesmo."

"Esquece isso que eu disse, eu só quero que você coma."

"Tá." Ela sorri e me dá o biscoito, eu tento ir para a porta mas novamente ela me para.

"Come pelo menos um pedaço na minha frente pra eu saber que você não vai jogar ele fora." Bufo e faço o que ela pede, finalmente podendo sair de casa.

Há uma lixeira na porta da minha casa e eu jogo o biscoito quase inteira nele. Não quero comer isso e engordar.

Eu nunca me achei lá essas coisas e ainda mais agora que eu estou crescendo não posso ficar comendo essas bobagens pra engordar e criar espinhas.

Além de que eu preciso estar magro pra caber nas roupas que eu uso.

-

É intervalo e eu estou sozinho — como sempre — sentado num dos bancos do pátio. Como fui idiota em esquecer de pegar meu celular, fico sem nada para fazer então apenas brinco com a barra do meu short jeans.

Alguém se senta ao meu lado e pergunta: "Por que você não veio de saia hoje?" Reconheço a voz e olho para o lado, confirmando meu pensamento. Michael. "Não que eu esteja reclamando, o short ficou legal também. Suas pernas ficaram bonitas." Arregalo os olhos e só então ele parece se dar conta do que disse. "Ahm, é... eu pareço um idiota, foi mal."

Rio levemente. "Tudo bem, obrigado. Eu comprei esse short novo e quis usar, só isso." Dou de ombros. Na verdade aquele short é mais velho que a minha avó e eu vim para não ter perigo de Calum fazer aquilo de novo. Ainda me arrepio só de pensar em seus dedos naquele lugar.

"Ele é bonito."

"Obrigado." Sorrio e afasto a franja do meu olho, acho que preciso cortar meu cabelo.

"Você é fofo." Michael fala baixo e eu arregalo os olhos, de novo.

"O que?" Eu entendi muito bem, só quero ouvir de novo.

"Nada." Desvia o olhar.

Ficamos calados por um tempo, olho para suas mãos entre sua coxa e elas não param quietas, ele parece nervoso.

"Quantos anos você tem?" Ouço Michael perguntar.

"Quinze, e você?"

"Fiz dezessete há pouco tempo."

Arqueio uma das sobrancelhas. "Como você está na mesma sala que eu?"

"Tomei bomba."

Dessa vez arqueio as duas. "Ah." Volto a brincar com a barra do meu short. "Porque tirava notas ruins ou por faltas?"

"Notas ruins." Diz simplesmente e eu entendo como assunto encerrado, ele não deve gostar de falar sobre isso. "Você está com fome?"

"O que? Por quê?"

"Eu ouvi um ronco e acho que foi sua barriga."

Coro sem nenhum motivo aparente. "Não foi não, deve ter sido a sua."

"Eu tenho certeza de que não foi. Você não quer comer nada lá no refeitório?"

"Não, obrigado."

Minha cabeça começa a doer e eu me sinto mais... Fraco? Acho que vou tomar uma água, talvez ajude.

"Eu vou beber uma água." Me levanto e fico meio tonto, minha visão fica embasada e eu quase caio no banco.

"Você tá bem?"

"Estou, é que eu levantei muito rápido." Tento sorrir e começo a andar, não entendo porque minha visão continua turva mas tento seguir para bebedouro.

Minha cabeça dói mais ainda e eu paro no meio do caminho, depois disso simplesmente caio e não vejo mais nada.

-

Abro os olhos e dou de cara com dois olhos verdes acinzentados.

"Ainda bem que você acordou." Michael diz e se afasta um pouco de mim, consigo ver sua expressão preocupada e fico ainda mais confuso, o que aconteceu? "Você desmaiou no meio do pátio e eu te trouxe pra enfermaria da escola."

"Ah, obrigado."

"Imagina. O que aconteceu pra você desmaiar? Por acaso você comeu alguma coisa hoje?"

"Um biscoito" desvio o olhar "na verdade parte dele..."

"Por quê? Você sabe que se não comer vai ficar fraco, você nem deveria vir à escola." Eu não acredito que Michael Clifford está preocupado comigo. Ninguém fica, por que logo ele ficaria? "A enfermeira saiu por um tempo, mas ela disse que se você acordasse era pra esperar ela."

"Pra que? Pra ela também dizer que eu preciso comer?"

"Se você quer sair daqui vai ser direto pro refeitório."

"Não Michael, eu agradeço por você ter me ajudado de novo mas não precisa disso."

"Claro que precisa. Você tá tão pálido quanto o Edward Cullen e parece que foi atropelado por um caminhão."

Arqueei as sobrancelhas. "Nossa, obrigado mesmo."

"Foi mal, eu não quis dizer isso. É só que você parece meio mal... Acho que você entendeu."

"Tá, mas mesmo assim não precisa?"

"Você decide, ou espera a enfermeira chegar pra te dizer a mesma coisa que eu ou vai pro refeitório comer alguma coisa."

Me sento na cama sentindo uma leve tontura mas ignoro, cruzando os braços.

"Então você vai ficar aí mesmo Luke?" Assinto e ele dá de ombros, envolvendo um dos braços em minha cintura.

"O que você tá fazendo?"

"Eu vou te levar pro refeitório." Ele passa o outro braço por baixo das minhas coxas e eu coro, simplesmente por causa do contato direto. Sou mesmo um idiota.

"Mas o intervalo já deve ter acabado." Tento convencê-lo de desistir, mas ele me levanta com facilidade da maca, começando a andar comigo.

"E acabou, só que você vai comer do mesmo jeito." Ele empurrou a porta com o pé e saiu da enfermaria comigo ainda em seu colo.

"Você não precisa fazer isso por mim Michael, sério." Coloco as mãos em seus ombros.

"Dá pra parar de reclamar? Meu Deus Luke."

Eu acabei comendo um prato de comida do refeitório — que é meio ruim pra ser sincero — depois de muita insistência de Michael, ele até ameaçou me dar comida na boca se eu continuasse negando, apesar de ser uma proposta tentadora eu recusei.

Quando acabei de comer ele me convenceu a passear pela escola com ele, pois se chegássemos na última aula do dia podíamos dar a desculpa de que estávamos na enfermaria. Fugimos de alguns professores mas até que foi divertido matar aula com Michael, ele se preocupou bastante comigo hoje.