Paixão

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Dois dias se passaram desde o beijo que demos após aquela briga por ciúmes.

Khaotung voltou a dormir comigo, mas disse que era apenas porque odiava dormir no sofá. Eu fingi acreditar. Sabia que, mesmo não admitindo, ele gostava de dormir ao meu lado tanto quanto eu gostava de dormir com ele.

As coisas haviam voltado ao normal. Khaotung voltou a ser carinhoso, e nossas brigas, embora ainda ocorressem por causa de sua personalidade difícil, diminuíram consideravelmente.

Ele também voltou a me tratar como marido. Cuidava de mim como se realmente se importasse, e nunca pensei que diria isso, mas eu gostava da sensação de ter alguém que se preocupa comigo, que não me deixa sair para trabalhar com a gravata torta ou que está me esperando quando chego em casa.

Mesmo com tudo isso acontecendo, eu estava enlouquecendo porque nós nunca mais nos beijamos. Aquele beijo foi o último, e eu queria muito, com todas as minhas forças, beijá-lo de novo.

Eu não sabia exatamente o que estava acontecendo comigo. Tinha algum sentimento por ele – talvez desejo, talvez paixão. Não tinha certeza.

Khaotung era diferente. Seu jeito petulante me tirava do sério, mas eu também gostava, de um jeito estranho, ele parecia comigo.

Ainda assim, muitas perguntas me rondavam: será que ele gosta de mim? Será que pretende ir embora quando sua perna melhorar?

Não sabia se deveria pedir para ele ficar ou deixá-lo partir e continuar com minha vida, que era perfeita antes.

Estacionei o carro na garagem e entrei em casa. A primeira coisa que vi foi Khaotung mexendo nas panelas, e um sorriso involuntário escapou. Ele cantava baixinho, adorável como sempre. Era uma das minhas cenas favoritas do dia.

— Cheguei! — disse, colocando as sacolas com as coisas que ele havia pedido em cima da mesa.

— Oi, amor! — exclamou animado, aproximando-se para me dar um beijo no rosto.

— Como foi o trabalho? — perguntou enquanto pegava um tomate e começava a lavá-lo.

Me sentei na bancada, observando-o cozinhar.

— Foi tudo calmo hoje. Que horas é sua consulta?

— Às 17 horas.

— Com qual médico? — tentei disfarçar o ciúme, fingindo curiosidade.

— Dr. Willians — respondeu, sorrindo. — Ele tem 60 anos, amor, relaxa.

— Não estou preocupado — menti, tentando convencer a mim mesmo.

— Sério? Porque parece que você está com ciúmes — disse, provocativo.

— Cala a boca, Khaotung.

— Sempre tão carinhoso... — comentou, me fazendo revirar os olhos.

Ainda era muito difícil para mim demonstrar afeto. Ser carinhoso, então, era quase impossível.

— E você sempre tão irritante — retruquei, e ele riu.

— Não se preocupe. Provavelmente hoje vou tirar o gesso, e você poderá se livrar de mim.

— É... — comentei vagamente.

Não consegui admitir em voz alta que não gostei nada da ideia de ele não morar mais comigo. Apenas saí da cozinha e fui para o nosso quarto.

Tomei um banho e voltei para o almoço, que foi silencioso. Eu estava perdido em pensamentos sobre como impedi-lo de ir embora.

Talvez eu devesse confessar que estava apaixonado, mas e se não fosse isso? Nunca amei ninguém, nunca me apaixonei. O que eu sentia por ele era amor ou apenas apego?

Nunca imaginei que estaria tentando manter meu "marido" ao meu lado, logo eu, que sempre detestei a ideia de casamento.

(...)

Khaotung saiu para a consulta e eu disse que estava atolado de trabalho, por isso não poderia ir. Ele ficou chateado, mas não comentou nada, apenas saiu.

Na verdade, eu não estava tão ocupado. Estava em casa preparando um jantar romântico para ele, torcendo para que gostasse.

Terminei tudo e fiquei esperando. Logo ouvi a porta sendo destrancada. Virei-me e lá estava ele, sem o gesso e com seu sorriso costumeiro.

— Que demora — comentei, puxando-o para a cozinha.

— Sentiu falta do seu marido?

— Não, só não queria que o jantar esfriasse — respondi, tentando disfarçar o nervosismo.

— Achei que tiraria o gesso e encontraria minha mala pronta, mas fui recebido com um jantar romântico. Tem até velas! — brincou.

— Queda de luz — murmurei, com o rosto vermelho.

— Se eu for no interruptor, a luz não vai acender? — desafiou com os olhos.

— Cala a boca e come, Khaotung.

— Sempre tão gentil... — disse, colocando comida nos pratos.

Eu sorri, sem jeito. — Desculpe.

Ele arregalou os olhos, surpreso. — Tudo bem — sorriu.

— Vou pegar o vinho — disse, tentando fugir do momento, e me levantei para buscar a garrafa que havia escolhido com cuidado.

Quando voltei, ele estava mastigando um pedaço de bife, mas sua expressão mudou imediatamente.

— First, o bife está cru — comentou, e eu provei. O gosto horrível me fez quase engasgar.

Sentei-me, desolado. Tudo estava dando errado. Eu era um fracasso como esposo.

— Onde você assou o bife? — perguntou, tentando conter o riso.

— No micro-ondas — respondi, envergonhado, e ele gargalhou.

— Desculpe, First. Mas está tudo bem. Isso só mostra que você também é humano... todo mundo erra — disse suavemente, desviando o olhar. — Acho melhor pedirmos comida.

Khaotung pegou o telefone, e eu o segui até o sofá. Ele se jogou ali, com as pernas para cima, e eu ia comentar sobre seus pés no sofá, mas ao invés disso, tirei suas pernas e as coloquei no meu colo.

Ele ficou estático por um momento, me observando. Eu perguntei:

— O que foi?

Ele voltou ao telefone sem responder. Enquanto ele fazia o pedido, eu o observava, encantado.

Khaotung era perfeito, de um jeito atrevido e fascinante.

Ele desligou o telefone e, antes que eu pudesse disfarçar, comentou:

— Enfim... seu tormento vai acabar. Vou embora amanhã de manhã.

— Sabe, você não precisa ter pressa — falei.

— O que quer dizer com isso?

Respirei fundo. — Não quero que você vá embora, Khaotung.

Ele ficou perplexo.

— First, eu tenho que te contar uma coisa...

Antes que ele terminasse, o beijei. Não queria ouvir o que ele tinha para dizer. Provavelmente seria algo sobre ele ter uma vida além de mim, e eu não fazia parte dela.

Eu o convenci a ficar.


Espero que voces estejem gostando kkkk

ate a proxima...

Recem casados ( FIRSTKHAO)Onde histórias criam vida. Descubra agora