V. Como o sol da Austrália.

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Na manhã seguinte, Felix acordou por conta da luz do sol, quando saiu debaixo do cobertor fofinho, viu Christopher sentando próximo à beira do prédio, um cigarro entre seus dedos e o olhar perdido no céu azul em cima deles.

O Bang gostava daquela sensação, ao mesmo tempo que achava-a aterradora demais para acreditar.

Era como se estivessem presos em um paraíso próprio, onde não existia nada que os impedisse de serem quem eram, ou fazer o que tivessem vontade.

Mas, ainda assim... Era bizarro pensar que não haviam outras pessoas ali, ou pelo menos, ainda não tinham encontrado.

Achar Felix no meio do nada, foi seu pequeno milagre.

Achava que iria enlouquecer se continuasse vagando por aquela cidade vazia, dormindo e acordando em um mundo que parecia uma ficção pós apocaliptica de Stephen King.

Não se conheciam bem o suficiente, talvez sequer conseguissem ter algum tipo de intimidade ou proximidade, mas, ter achado outra pessoa já era bom o bastante para ambos.

Uma forma de não sucumbirem à loucura.

-Você dormiu?- Felix questionou, saindo de dentro da barraca.

-Uhum.- Chris apontou para o colchonete que estava pouca coisa atrás da barraca.

-Tinha espaço pra nós dois ali.- Lix comentou, não acreditando que o outro tinha ficado a noite inteira ali.

-Tudo bem...- O Bang sorriu. -Não queria que você ficasse desconfortavel ou algo do genero.

Felix assentiu, achando fofa toda a preocupação do mais velho. Sentou-se ao lado dele, sentindo aquela sensação gostosa do calor em sua pele, quase como um abraço.

Christopher não parecia ser uma má pessoa, na verdade, entre todas as pessoas que havia conhecido que tinham quase a mesma idade que ele, era um dos mais legais até agora.

-Quer sair pra catar café?- Felix sorriu animado, ia se esforçar tanto quanto o outro pra serem amigos.

-Pode ser.- Chris sorriu. -A gente pode deixar as coisas escondidas aqui, pra quando quisermos fazer isso de novo.

Felix concordou, ajudando o mais velho à esconder a barraca em um dos cantinhos onde se chovesse, não iria acabar estragando ou alguma coisa assim.

Desceram toda aquela porra de prédio enorme, vendo que o sol ainda batia nas ruas, mesmo que os prédios altos cobrissem parcialmente aquela iluminação. Felix já não se sentia mais tão desconfortavel quando estavam em silêncio, na verdade, era até bem agradavel.

-O que você quer comer?- Chris questionou, embora não achasse que haviam muitas opções saudaveis que viessem de pacotes.

-Gosta de panquecas?- O Lee sorriu.

-Uhum.

-Ainda tem gás lá em casa... Vou fazer panquecas então.- Disse animado, vendo o mais velho concordar com um pequeno sorriso.

Felix o arrastou até um mercadinho, verificando farinha por farinha para ver qual ainda estava na validade, um saco de açucar e, leite em pó.

Christopher achava aquela combinação toda meio estranha, mas não queria estragar o bom humor do mais novo... Então apenas pegou dois pacotes de yakisoba instantaneo caso desse merda.

Felix parecia bem mais à vontade com sua presença, e Chris estava contente com isso, pelo menos o Lee não o via como algum tarado ou psicopata querendo ganhar sua confiança.

Se bem que, não haviam leis ali, se quisesse fazer mal ao Lee, já teria feito, e vice-versa.

Mas, algo no sorriso daquele baixinho lhe fazia lembrar de sua terra natal.

O sorriso de Felix era quente como o sol da Australia.

[ . . . ]

-Okay...- Felix suspirou. -Deu merda.

Christopher não conseguiu conter o riso ao ver o ruivo todo melecado de massa, Felix tinha conseguido a proeza de derrubar toda a massa de panqueca pela mesa, e ainda por cima, se sujar.

-Vem cá.- Chris pegou um dos panos de prato, tocando o ombro do mais novo.

Felix sentiu o rosto queimar quando o maior tocou seu rosto, limpando aquela sujeira toda com delicadeza, sem prestar muita atenção no rostinho envergonhado do menor.

O Lee sentia o coração bater forte por conta daquela proximidade repentina, mas, Christopher realmente fazia aquilo como se não fosse nada demais, como se fosse algo rotineiro. Não sabia se era por conta de não ter alguém por perto há meses ou se realmente era por Chris ser absurdamente bonito, só sabia que estava muito envergonhado.

-Pronto.- O Bang sorriu, observando as sardas que pareciam constelações no rosto do pequeno. -Troca de roupa, Felix... Deixa que eu limpo isso aqui.

-Eu estraguei nosso café da manhã.- O ruivo murmurou descrente.

-Foi por isso que eu peguei aquilo. Precaução.- O loiro riu, apontando para as miojos ali.

Felix fez uma careta e concordou, indo para seu quarto pegar roupas limpas. Ele realmente queria comer panquecas.

Quando entrou em seu quarto, não pode evitar de lembrar a sensação das mãos do Bang em seu rosto, eram frias, mas, ao mesmo tempo, acolhedoras, como se o maior tivesse certeza de que poderia cuidar dele. Era uma sensação de conforto que não sentia há muito.

Bem antes de tudo aquilo começar, Felix não sentia conforto, mesmo que amasse sua familia, haviam coisas que eles não podiam fazer ou lhe confortar.

Mas, desde a primeira vez que o loiro o abraçou, teve certeza de que se sentia seguro com ele.

Se o destino estava jogando com suas insignificantes vidas, faria todo o sentido, pelo menos, colocar Christopher em seu caminho, impedi-lo de apagar o preço de sua vida para poder se divertir mais um pouco.

Felix só tinha medo de até onde o destino iria leva-lo.

Surgit •ChanlixOnde histórias criam vida. Descubra agora