3. Blogueirinha de Merda

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Eu tive que sair escondida de casa poucos minutos antes da meia-noite, sem que meus pais percebessem

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Eu tive que sair escondida de casa poucos minutos antes da meia-noite, sem que meus pais percebessem. Esperei que dormissem e peguei a chave, me retirei com o rosto ainda marcado de lágrimas e uma angústia enorme no peito por meu pai ter feito a merda de deletar meu canal. Pelo menos, ainda tinha a conta do Tik Tok, mas os vídeos que postava lá eram curtos e superficiais perto dos vídeos longos e completos que eu fazia pro canal do Youtube.

Que seja... eu saí com a pretensão de nunca voltar. Não fazia ideia do que aconteceria comigo nas próximas horas, estava jogada às mãos do destino e queria que tudo se fodesse.

O terreno na Rua Morgue era bem perto. Se o Bone Picker marcou de encontrar lá, era porque sabia onde eu morava. A cada minuto que passava, percebia que fiz merda, que muito provavelmente não era ele e sim algum desgraçado querendo me enganar.

O osso do metacarpo de alguém estava no bolso da minha calça, e vez ou outra eu o segurava. Ao chegar na rua Morgue, me deparei com a escuridão e o silêncio em sua forma mais intimidadora.

Meu queixo tremia, eu não sabia se era de frio ou medo. Estava encolhida dentro do meu agasalho de moletom e puxei o capuz pra cima da cabeça. A rua Morgue era inteira industrial, então os longos muros à calçada se estendiam por quilômetros à minha frente. Não havia absolutamente ninguém por ali, nenhum carro passava e eu era a única alma viva caminhando. O eco dos meus passos reverberavam pra cima.

Alcancei o terreno, um local insólito e grande à esquina, repleto de entulhos de um comércio demolido. Respirei fundo e meu hálito se tornou névoa. Arranquei o celular do bolso e verifiquei, eram 00:05.

Cogitava a possibilidade de ir embora, estava bem óbvio que - apesar das desgraças suscetíveis que ocorriam na minha vida e comigo - não era uma boa ideia ficar ali, esperando por um serial killer ou seja lá o que for.

Era lamentável, porque, no fundo, eu não queria voltar. Só de lembrar no puto do meu pai, meu estômago revirava e eu pensava que ser vítima do Bone Picker era melhor que isso.

Ouvi um barulho.

Tarde demais... Um carro surgiu, estacionando à beira da calçada, bem na minha frente. Permaneci paralisada esperando pra ver o que aconteceria. O motor foi desligado e do automóvel saiu um homem... Não, um garoto.

Era o Jonathan, com seu sorriso delinquente. Filho da puta! Eu sabia... Meu deus, como eu fui burra! Logo atrás dele saíram Lorena e um outro cara que eu demorei pra reconhecer. Era o Oliver, amigo do Jonathan.

Agitei a cabeça em negativo dando alguns passos pra trás, me sentido um verdadeiro lixo. Tive muita vontade de correr mas estagnei no lugar, e nem era por medo, acho que era por desistência mesmo, meio que como auto-punição por ser tapada.

- Olha aí, a blogueirinha de merda realmente veio. - afirmou Jonathan rindo alto.

- Te falei. - confirmou a vadia da Lorena, rindo também. - Aqui não tem a "senhora McCaw" pra te defender.

SERÁ RETIRADO 10/12Onde histórias criam vida. Descubra agora